Opinião
- 26 de agosto de 2016
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Mantenha o foco
“Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus” (Hb 12.1,2).
Manter o foco é uma expressão corriqueira tanto entre fotógrafos quanto cinegrafistas, cineastas. Ultimamente até jogadores de futebol falam em manter o foco para a próxima partida, decisão e temporada. Todavia, o apóstolo Paulo também falou algo muito parecido em sua segunda epístola ao jovem pastor Timóteo.
Paulo já sabia do resultado do seu julgamento em Roma, teria alguns poucos dias de vida e já não cabia nenhum outro recurso ou instância para apelação. Seguramente ele se recordava dos inícios de sua carreira cristã e da revelação feita ao irmão Ananias sobre o quanto deveria sofrer por causa do Nome de Cristo. Todavia, o que angustiava o espírito do veterano apóstolo, mais que a sua condição de encarcerado e condenado em Roma, era a situação pela qual passava a Igreja de Éfeso. Perseguições externas, inimigos do Evangelho e toda sorte de detratores conspiravam contra a segurança e o progresso da comunidade. Internamente a igreja estava convulsionada e a ausência de Paulo e a liderança de Timóteo parece ter mexido com a ambição de alguns.
Timóteo, jovem pastor, que possuía excelentes qualidades espirituais, passava por um momento de depressão, inconstância, temor, covardia e estava perdendo o foco da sua vocação e ministério. Em meio a todas as adversidades que lhe sobrevinham, Timóteo parecia não só desesperançado, mas muito perdido e sem saber para onde correr. Ele perdeu o foco das prioridades e das coisas mais essenciais da vida cristã.
Paulo dá um choque de realidade em Timóteo, lembrando-o do próprio enredo de sua vida apostólica: esquecido, abandonado, traído, aprisionado e, por fim, condenado à morte. Todavia, Paulo parece gritar aos ouvidos de Timóteo: “mas eu não perdi o foco, corri a minha carreira, combati o bom combate, guardei a fé, perseverei, mantive a tocha acesa e estou prestes a cruzar a linha de chegada!”.
O que nos faz manter o foco em nossa carreira cristã, além da fé e do amor que devemos ao nosso amantíssimo Senhor Jesus Cristo, é também a consciência de qual nobre é a causa com a qual estamos envolvidos e sob que bandeira militamos, a saber, o Evangelho da Salvação e da Graça. É a paixão por guardar intacta a fé, por guardar e transmitir o bom depósito da Palavra de Deus às gerações futuras que deve mover-nos em nossa caminhada cristã. Isso significa que não estamos apenas preocupados com as coisas que fazemos hoje ou que fizemos no passado em nome da fé. Exige antes que devemos nos preocupar com a nossa condição, situação espiritual, quando a nossa hora de prestar contas chegar.
Paulo lembra a Timóteo que sabendo estar às portas da morte tem a sua consciência tranquila e o seu coração pacificado, pode oferecer-se sobre o altar como sacrifício e libação porque fez exatamente o que lhe foi pedido. Paulo recorda a Timóteo de que lhe foi proposta uma corrida, uma competição de superação de desafios interiores e exteriores, e não uma vida de lazer e devaneios. Não à toa em outros contextos o apóstolo fala em termos olímpicos e militares. Ora, tanto atletas que desejam alto rendimento, como militares que lutam por sua pátria, por seu rei e por suas vidas, não são pessoas que andam tomando ou deixando de tomar decisões ao sabor dos acontecimentos. São pessoas focadas naquilo que perseguem. Se preparam para vencer obstáculos, esperam pelo perigo e sabem como se defender e quando atacar o inimigo.
A igreja contemporânea parece estar perdendo o foco, anda distraída com a “marcha para Jesus”, show gospel, a produção de uma subcultura ou pseudocultura cristã, a expansão de impérios denominacionais ou a preservação de privilégios concedidos pelo poder público ou a obtenção deles, como no ridículo caso dos passaportes diplomáticos que vimos nesses dias. Nosso foco deve ser o de batalhar pela fé evangélica que uma vez por todas foi entregue aos santos (Jd 3).
Não sabemos e nem temos como nos responsabilizar pela geração futura, pelo que hão de fazer os que nos sucederão. Mas, é nossa responsabilidade fazer de tudo ao nosso alcance para entregar-lhes uma igreja santa, fiel, rica e zelosa em boas obras, comprometida com a justiça do Reino. É nosso dever oferecer-nos todos os dias no altar do sacrifício para que o Evangelho de Deus chegue intacto aos corações e às vidas para quem somos enviados como igreja.
Não sei ao certo como Timóteo terminou a sua carreira ministerial, contudo, as preocupações de Paulo com a perda do foco eram muito razoáveis. Nos dias em que o Apocalipse foi escrito, justamente a Igreja de Éfeso sofreu uma dura repreensão de Jesus (Ap 2.1-5) e uma clamorosa exortação para retomar o foco perdido. Que Deus nos ajude, e que nós mesmos desejemos nunca desviar os olhos dos essenciais de nossa fé e missão.
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Paulo já sabia do resultado do seu julgamento em Roma, teria alguns poucos dias de vida e já não cabia nenhum outro recurso ou instância para apelação. Seguramente ele se recordava dos inícios de sua carreira cristã e da revelação feita ao irmão Ananias sobre o quanto deveria sofrer por causa do Nome de Cristo. Todavia, o que angustiava o espírito do veterano apóstolo, mais que a sua condição de encarcerado e condenado em Roma, era a situação pela qual passava a Igreja de Éfeso. Perseguições externas, inimigos do Evangelho e toda sorte de detratores conspiravam contra a segurança e o progresso da comunidade. Internamente a igreja estava convulsionada e a ausência de Paulo e a liderança de Timóteo parece ter mexido com a ambição de alguns.
Timóteo, jovem pastor, que possuía excelentes qualidades espirituais, passava por um momento de depressão, inconstância, temor, covardia e estava perdendo o foco da sua vocação e ministério. Em meio a todas as adversidades que lhe sobrevinham, Timóteo parecia não só desesperançado, mas muito perdido e sem saber para onde correr. Ele perdeu o foco das prioridades e das coisas mais essenciais da vida cristã.
Paulo dá um choque de realidade em Timóteo, lembrando-o do próprio enredo de sua vida apostólica: esquecido, abandonado, traído, aprisionado e, por fim, condenado à morte. Todavia, Paulo parece gritar aos ouvidos de Timóteo: “mas eu não perdi o foco, corri a minha carreira, combati o bom combate, guardei a fé, perseverei, mantive a tocha acesa e estou prestes a cruzar a linha de chegada!”.
O que nos faz manter o foco em nossa carreira cristã, além da fé e do amor que devemos ao nosso amantíssimo Senhor Jesus Cristo, é também a consciência de qual nobre é a causa com a qual estamos envolvidos e sob que bandeira militamos, a saber, o Evangelho da Salvação e da Graça. É a paixão por guardar intacta a fé, por guardar e transmitir o bom depósito da Palavra de Deus às gerações futuras que deve mover-nos em nossa caminhada cristã. Isso significa que não estamos apenas preocupados com as coisas que fazemos hoje ou que fizemos no passado em nome da fé. Exige antes que devemos nos preocupar com a nossa condição, situação espiritual, quando a nossa hora de prestar contas chegar.
Paulo lembra a Timóteo que sabendo estar às portas da morte tem a sua consciência tranquila e o seu coração pacificado, pode oferecer-se sobre o altar como sacrifício e libação porque fez exatamente o que lhe foi pedido. Paulo recorda a Timóteo de que lhe foi proposta uma corrida, uma competição de superação de desafios interiores e exteriores, e não uma vida de lazer e devaneios. Não à toa em outros contextos o apóstolo fala em termos olímpicos e militares. Ora, tanto atletas que desejam alto rendimento, como militares que lutam por sua pátria, por seu rei e por suas vidas, não são pessoas que andam tomando ou deixando de tomar decisões ao sabor dos acontecimentos. São pessoas focadas naquilo que perseguem. Se preparam para vencer obstáculos, esperam pelo perigo e sabem como se defender e quando atacar o inimigo.
A igreja contemporânea parece estar perdendo o foco, anda distraída com a “marcha para Jesus”, show gospel, a produção de uma subcultura ou pseudocultura cristã, a expansão de impérios denominacionais ou a preservação de privilégios concedidos pelo poder público ou a obtenção deles, como no ridículo caso dos passaportes diplomáticos que vimos nesses dias. Nosso foco deve ser o de batalhar pela fé evangélica que uma vez por todas foi entregue aos santos (Jd 3).
Não sabemos e nem temos como nos responsabilizar pela geração futura, pelo que hão de fazer os que nos sucederão. Mas, é nossa responsabilidade fazer de tudo ao nosso alcance para entregar-lhes uma igreja santa, fiel, rica e zelosa em boas obras, comprometida com a justiça do Reino. É nosso dever oferecer-nos todos os dias no altar do sacrifício para que o Evangelho de Deus chegue intacto aos corações e às vidas para quem somos enviados como igreja.
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Luiz Fernando dos Santos (1970-2022), foi ministro presbiteriano e era casado com Regina, pai da Talita e professor de teologia no Seminário Presbiteriano do Sul e no Seminário Teológico Servo de Cristo.
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