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Maestro Samuel Moraes Kerr – o amigo dos corais

Por Alderi Souza de Matos
 
Na madrugada do dia 17.05.2023, faleceu esse conhecido professor, organista e regente que deu grandes contribuições à música sacra e secular brasileira. Samuel pertenceu a uma das famílias evangélicas mais destacadas do país. Seu avô, Warwick Stephen Kerr, chegou ao Brasil ainda adolescente, em 1867, na companhia da mãe e do irmão. Vieram no célebre navio Marmion com um grupo de 260 imigrantes que deixaram os Estados Unidos após a derrota dos confederados na guerra civil. Com a primeira esposa, Emma Ottilie Lina Lorenz, teve seis filhos: John, Charles, Emílio, Ottilie, Elisa e William. Com a segunda, Amélia Caldas Kerr, outros doze: Américo, José, Amélia, Samuel, Plínio, Roberto, Carmen, Fernando, Lucy, Warwick, Célia e Isabel. Emílio e William (Guilherme) foram pastores, um batista e o outro presbiteriano. Amélia casou-se com o Rev. José Carlos Nogueira.
 
O último filho homem, Warwick (Vick), nascido em 1907, residiu durante toda a vida adulta em São Paulo. Tornou-se membro da Igreja Presbiteriana Unida da Rua Helvetia em 1925 e três anos depois foi eleito diácono. Em 1932, conheceu no coral da igreja a jovem Ondina Vieira de Moraes. Ela fazia o curso normal no Mackenzie College, era professora estagiária na Escola Americana e tocava piano na escola dominical da Unida. Casaram-se em 21.06.1934, sendo oficiante o irmão Rev. Guilherme Kerr. O primogênito Samuel nasceu em 05.05.1935. Vick foi eleito presbítero em 1937 e no ano seguinte foi nomeado diretor do recém-criado Departamento Musical da igreja. Em 1940 nasceu a filha Beatriz e em 1944 o caçula Warwick Júnior.
 
Envolvido pelo ambiente musical da família e da igreja, Samuel iniciou seus estudos musicais aos 13 anos, tendo especial interesse pelo canto coral. Tornou-se organista da igreja (1955-1960) e da Fábrica de Órgãos Whinner (1960-1964). Fez amizade com Paulo Herculano e David Machado (filho do Rev. Joaquim Machado), com os quais estudou na Proarte. Criaram o coro “Cantoria Ars Sacra”, que deu grande ênfase à música da Reforma do século 16. Samuel regeu o coro da 3ª Igreja Independente, na Rua Joli, no Brás, substituindo David Machado, que foi estudar na Europa. Interessou-se pelo uso de salmos metrificados dos saltérios calvinistas, com letras traduzidas do francês por Joaquim Machado, Jorge César Mota e Isaac Nicolau Salum.
 
Bacharelou-se em Composição e Regência pela Faculdade de Música e Educação Artística do Instituto Musical de São Paulo e fez mestrado em Artes na Universidade Estadual Paulista (Unesp). Era admirador do regente Robert Shaw, com quem estudou nos Estados Unidos. Sempre voltado para os trabalhos corais, foi diretor da Escola Municipal de Música (1971-1975) e professor de regência coral no Departamento de Música da Escola de Comunicação e Artes da USP (1974-1975). Lecionou a mesma disciplina no Instituto de Artes da Unesp (1977-2005). Foi pioneiro na montagem do Departamento de Música da Unesp e contribuiu para a criação do coral dessa universidade. Atuou como diretor do Movimento Coral do Estado de São Paulo (1983-1984), bem como coordenador e diretor artístico da área de música do Sesc Vila Nova (1984-1987).


 
Foi curador de música das Casas de Cultura e Cidadania da AES/Eletropaulo (2008-2010), professor dos Painéis Funarte de Regência Coral (2007-2013) e curador da Sala das Artes Paulistanas no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (a partir de 2013). Além dos já mencionados, foi regente do Madrigal Psychophármacon e do Coral Paulistano. Foi apresentador de programas de música na Rádio Cultura. Trabalhou ainda como maestro no Teatro Municipal, pelo qual se aposentou. Regeu como convidado a Camerata Antiqua de Curitiba, o Coral da Osesp, o Coral Pró Música de Goiânia e a Orquestra Sinfônica Jovem Municipal de São Paulo. Foi membro da Associação Brasileira de Organistas, vice-presidente da Associação Brasileira de Regentes Corais (1999-2001) e do Conselho de Administração do Departamento de Cultura da Associação Santa Marcelina, bem como conselheiro da Associação Evangélica Beneficente (AEB) e da Sociedade Evangélica de Música Sacra (Soemus).
 
Em 1982, seus pais comemoram 50 anos de participação no coral da Igreja Unida. O presbítero Warwick faleceu em 1984, aos 77 anos, e D. Ondina em 1996, aos 86 anos. Aposentado, Samuel continuou a colaborar com a Soemus e com o site “Hinologia Cristã”, de Robson José dos Santos Júnior, para o qual gravou no início deste ano diversos vídeos sobre suas experiências de vida. Publicou dois valiosos livros: A história da atividade musical na Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo (2000) e Vick: lembranças dos Kerr (2007). O primeiro foi sua dissertação de mestrado na Unesp. Em 2022, a LM Edições Musicais e o Projeto Hinologia Cristã lançaram uma coleção de arranjos seus: “Coletânea Arranjos Corais Evangélicos”.
 
Samuel residia com o irmão Warwick Kerr Júnior no bairro do Butantã e havia sido internado por problemas cardíacos, quando veio a falecer. O sepultamento se deu no dia 18 de maio, às 17 horas, no Cemitério Chora Menino, no Imirim, zona norte de São Paulo, sendo oficiante o Rev. Reginaldo Von Zuben, pastor titular da 1ª Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo. Deixa os irmãos Beatriz, Warwick e muitos outros familiares. Para os que o conheceram, fica a imagem de um homem talentoso, humilde e extremamente simpático, afável e cortês. Nos últimos anos, lamentava o desaparecimento dos órgãos e dos corais nas igrejas evangélicas, desejando que fossem novamente valorizados.

REVISTA ULTIMATO | SOMOS TODOS FRACOS 
 
Não é fácil assumir-se fraco. Não é nem um pouco confortável vivenciar a fraqueza. Ela causa dor, limita, envergonha, humilha, incomoda, nos encurrala. É, muitas vezes, o lugar do desânimo, da ansiedade, do desespero, da tristeza, da desorientação, do cansaço, da indiferença. Mas é também o lugar onde clamamos com toda a sinceridade pela força que vem de Deus. E ele nos atende!

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Autor de A Caminhada Cristã na História, Alderi Souza de Matos é pastor presbiteriano e professor no Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper, em São Paulo. É bacharel em teologia, filosofia e direito, mestre em Novo Testamento (S.T.M.) e doutor em História da Igreja (Th.D.). É também o historiador da Igreja Presbiteriana do Brasil e escreve a coluna “História” da revista Ultimato.
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