Por Escrito
- 27 de julho de 2021
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Jamais poderia imaginar que Deus não desistiria de mim
Por Felipe Stelli
Minha experiência de conversão, embora possa ser datada com alguma precisão, está entrelaçada com vivências que me ocorreram desde a infância. Cresci em Manaus, capital do Amazonas e as implicações disso foram muito fortes. Viver sob o clima e a beleza da cidade me fez a desenvolver alguma sensibilidade para a majestade divina refletida na criação.
Lembro que, com seis ou sete anos, gostava de ver, por exemplo, antigas castanheiras e seringueiras balançando com a força do vento que precede as repentinas chuvas amazônicas. Depois me mudei para um apartamento próximo à margem do rio Amazonas e costumávamos, minha família e eu, subir no terraço nos finais de tarde e olhar o sol se pondo no horizonte que se confundia com as águas. Experiências como essas provocavam um sentimento de saudade, que só vim a formular melhor com a ajuda de C. S. Lewis, quando li que “tudo isso – a beleza, a memória do nosso passado – são belas imagens do que realmente desejamos (...) são apenas o aroma de uma flor que não encontramos, o eco de uma melodia que não ouvimos, notícias de um país que nunca visitamos”.
Também cresci cercado por livros. Havia em casa algumas enciclopédias antigas que eram como brinquedos para mim. A leitura acabou se tornando meu passatempo favorito, ainda mais quando me mudei para uma rua onde quase não havia crianças para brincar.
Aos 12 anos essas experiências se misturaram a uma ânsia pelo transcendente. Comecei a me perguntar por sentido e instintivamente busquei a resposta nos livros. Fiz uma peregrinação por obras de várias religiões. Foi uma busca incomum para um adolescente, mas real e apaixonada. No meio dessa procura, um grande amigo assistiu a uma encenação na qual um ator declamava trechos de Eclesiastes. Ele gostou e acabou gravando o áudio em uma fita K7 para que eu ouvisse. Nos empolgamos e acabamos estudando juntos, por conta própria, o livro bíblico.
Mesmo assim, nos primeiros meses de 1999, já com 15 anos, acabei desanimando em minha busca. Parecia que o caminho até Deus estava bloqueado por tantas ideias humanas divergentes. Com muita tristeza entreguei os pontos e desisti de encontrar o Eterno. Eu jamais poderia imaginar que Ele amorosamente não desistiria de mim.
Nessa época minha família tinha uma lanchonete em frente à Igreja Presbiteriana de Manaus. Em julho daquele ano houve um acampamento de adolescentes no qual foi estudado o Evangelho segundo João e alguns irmãos patrocinaram a minha ida juntamente com minha irmã do meio. Ali, aos poucos, fui percebendo que havia um caminho até Deus. Certa manhã, enquanto ouvia uma mensagem baseada no capítulo 10 de João, as palavras “as minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem; eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” penetraram fundo em minha alma e se tornaram uma verdade inabalável para mim. Naquela noite, antes de dormir, orei algo como “Deus, acho que nunca estive tão perto de te encontrar. Entra na minha vida e muda o que precisa ser mudado”.
Desde então tenho experimentado a companhia amorosa do Senhor. Enfim encontrei aquele cuja voz fazia as árvores da minha infância estremecerem (Sl 29.4-5). A vida continua com seus percalços e eu ainda tropeço em minha caminhada, mas agora há sentido no que vivo e sei que não estou sozinho. Embora a descoberta tenha acontecido há 22 anos, a experiência é de “andar em novidade de vida” (Rm 6.4) e ser “renovado em meu interior dia a dia” (2 Co 4.16).
• Felipe Stelli é casado com Milena, pai de Bia e Manu e presbítero na Igreja Presbiteriana de Viçosa, em Minas Gerais.
Leia mais:
» Testemunhos de encontro com Jesus
Minha experiência de conversão, embora possa ser datada com alguma precisão, está entrelaçada com vivências que me ocorreram desde a infância. Cresci em Manaus, capital do Amazonas e as implicações disso foram muito fortes. Viver sob o clima e a beleza da cidade me fez a desenvolver alguma sensibilidade para a majestade divina refletida na criação.
Lembro que, com seis ou sete anos, gostava de ver, por exemplo, antigas castanheiras e seringueiras balançando com a força do vento que precede as repentinas chuvas amazônicas. Depois me mudei para um apartamento próximo à margem do rio Amazonas e costumávamos, minha família e eu, subir no terraço nos finais de tarde e olhar o sol se pondo no horizonte que se confundia com as águas. Experiências como essas provocavam um sentimento de saudade, que só vim a formular melhor com a ajuda de C. S. Lewis, quando li que “tudo isso – a beleza, a memória do nosso passado – são belas imagens do que realmente desejamos (...) são apenas o aroma de uma flor que não encontramos, o eco de uma melodia que não ouvimos, notícias de um país que nunca visitamos”.
Também cresci cercado por livros. Havia em casa algumas enciclopédias antigas que eram como brinquedos para mim. A leitura acabou se tornando meu passatempo favorito, ainda mais quando me mudei para uma rua onde quase não havia crianças para brincar.
Aos 12 anos essas experiências se misturaram a uma ânsia pelo transcendente. Comecei a me perguntar por sentido e instintivamente busquei a resposta nos livros. Fiz uma peregrinação por obras de várias religiões. Foi uma busca incomum para um adolescente, mas real e apaixonada. No meio dessa procura, um grande amigo assistiu a uma encenação na qual um ator declamava trechos de Eclesiastes. Ele gostou e acabou gravando o áudio em uma fita K7 para que eu ouvisse. Nos empolgamos e acabamos estudando juntos, por conta própria, o livro bíblico.
Mesmo assim, nos primeiros meses de 1999, já com 15 anos, acabei desanimando em minha busca. Parecia que o caminho até Deus estava bloqueado por tantas ideias humanas divergentes. Com muita tristeza entreguei os pontos e desisti de encontrar o Eterno. Eu jamais poderia imaginar que Ele amorosamente não desistiria de mim.
Nessa época minha família tinha uma lanchonete em frente à Igreja Presbiteriana de Manaus. Em julho daquele ano houve um acampamento de adolescentes no qual foi estudado o Evangelho segundo João e alguns irmãos patrocinaram a minha ida juntamente com minha irmã do meio. Ali, aos poucos, fui percebendo que havia um caminho até Deus. Certa manhã, enquanto ouvia uma mensagem baseada no capítulo 10 de João, as palavras “as minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem; eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” penetraram fundo em minha alma e se tornaram uma verdade inabalável para mim. Naquela noite, antes de dormir, orei algo como “Deus, acho que nunca estive tão perto de te encontrar. Entra na minha vida e muda o que precisa ser mudado”.
Desde então tenho experimentado a companhia amorosa do Senhor. Enfim encontrei aquele cuja voz fazia as árvores da minha infância estremecerem (Sl 29.4-5). A vida continua com seus percalços e eu ainda tropeço em minha caminhada, mas agora há sentido no que vivo e sei que não estou sozinho. Embora a descoberta tenha acontecido há 22 anos, a experiência é de “andar em novidade de vida” (Rm 6.4) e ser “renovado em meu interior dia a dia” (2 Co 4.16).
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