Opinião
- 19 de março de 2009
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Irmão sol, irmã lua
Jorge Camargo
Meu pai sempre conta sobre sua avó Benedita (Bendita!), falecida na década de 40 com mais de cem anos. Segundo ele, ela era uma indiazinha de cabelos longos com pouco mais de um metro e meio de altura, saudável como um touro e lúcida até seu último dia de vida.
Impossível não se lembrar de seus antepassados, os que primeiro habitaram esta imensa nação, vivendo em aldeias, da caça e da pesca, recusando-se à custa da própria morte a viver na escravidão e cuja fé, fruto da observação e da contemplação, nascia do profundo respeito pelas forças da natureza (sinônimo de imensidão e de mistério).
Quando olho pra dentro de mim e me pergunto sobre a sede que tenho por aquilo que está além de mim, sobre o interesse pelas grandes questões da existência, e que o cotidiano alienante insiste em esconder, lembro dessa gente de onde eu venho, de sua simplicidade na vida e ao mesmo tempo da profundidade de sua busca e da grandeza da entrega ao que encontram e tocam. E entendo um pouco mais a minha vocação de adorador.
E no encontro de mim mesmo com a mensagem cristã, me vejo de mãos dadas com São Francisco, que enxerga nos objetos de culto de meus antepassados irmãos e irmãs, à medida que o espaço de adoração se amplia, saindo da terra mãe que nos abriga, rumo ao espaço de estrelas e galáxias incontáveis, revelando-nos que o alvo de nossa devoção é maior do que poderíamos supor.
A simplicidade, a profundidade e a entrega daqueles que me precedem, no entanto, permanecem como inspiração na busca, na devoção e na vida.
Não sei se chego aos cem anos. Se chegar, quero a mesma vitalidade e lucidez de minha bisavó.
E, para sempre, quero o amor à liberdade e os olhos de quem sabe ver daqueles que me precederam.
Meu pai sempre conta sobre sua avó Benedita (Bendita!), falecida na década de 40 com mais de cem anos. Segundo ele, ela era uma indiazinha de cabelos longos com pouco mais de um metro e meio de altura, saudável como um touro e lúcida até seu último dia de vida.
Impossível não se lembrar de seus antepassados, os que primeiro habitaram esta imensa nação, vivendo em aldeias, da caça e da pesca, recusando-se à custa da própria morte a viver na escravidão e cuja fé, fruto da observação e da contemplação, nascia do profundo respeito pelas forças da natureza (sinônimo de imensidão e de mistério).
Quando olho pra dentro de mim e me pergunto sobre a sede que tenho por aquilo que está além de mim, sobre o interesse pelas grandes questões da existência, e que o cotidiano alienante insiste em esconder, lembro dessa gente de onde eu venho, de sua simplicidade na vida e ao mesmo tempo da profundidade de sua busca e da grandeza da entrega ao que encontram e tocam. E entendo um pouco mais a minha vocação de adorador.
E no encontro de mim mesmo com a mensagem cristã, me vejo de mãos dadas com São Francisco, que enxerga nos objetos de culto de meus antepassados irmãos e irmãs, à medida que o espaço de adoração se amplia, saindo da terra mãe que nos abriga, rumo ao espaço de estrelas e galáxias incontáveis, revelando-nos que o alvo de nossa devoção é maior do que poderíamos supor.
A simplicidade, a profundidade e a entrega daqueles que me precedem, no entanto, permanecem como inspiração na busca, na devoção e na vida.
Não sei se chego aos cem anos. Se chegar, quero a mesma vitalidade e lucidez de minha bisavó.
E, para sempre, quero o amor à liberdade e os olhos de quem sabe ver daqueles que me precederam.
Mestre em ciências da religião, é intérprete, compositor, músico, poeta e tradutor.
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