Inteligência Artificial no contexto cristão

Por Elis Amâncio

Apesar da Inteligência Artificial (IA) parecer algo distante ou assustador no contexto cristão, é essencial explicar do que se trata. As ferramentas de Inteligência Artificial funcionam como um software (programa) de computador. Elas processam informações e buscam trazer respostas (soluções) para tarefas que podem ser complexas ao cérebro humano.

Na prática, uma ferramenta de IA pode auxiliar na resolução de atividades repetitivas, burocráticas, como auxiliar na gestão de membros em um banco de dados. Ou mesmo, desenvolver um chatbot a partir de perguntas e respostas e que podem responder quando não houver uma pessoa on-line no site de uma igreja ou ministério. Nas redes sociais é possível encontrar relatos de líderes que testaram IAs para criação de esboços e estudos bíblicos. No entanto, é de comum acordo que é preciso a intervenção humana (e espiritual!) para o desenvolvimento deles.

O tema Inteligência Artificial está em alta desde que a OpenAI, criadora do Chat GPT, colocou a ferramenta disponível para testes gratuitamente na internet para o mundo todo, no final de 2022. E como funciona? No site, há um espaço para digitar perguntas. Em poucos segundos uma resposta se forma na tela, simulando a interação entre duas pessoas em conversa textual. Muito semelhante a uma conversa com alguém no WhastApp. Quanto mais elaborada a pergunta feita, mais assertivas as respostas devolvidas pela plataforma.

Tudo que o Chat GPT responde está correto? Não. É importante dizer que por ser uma IA ela desenvolve respostas próprias, que muitas vezes fogem da realidade. Por exemplo, já pesquisei sobre livros e autores cristãos e a ferramenta me deu nomes de livros que eles não escreveram, sequer existem. Não se engane, o Chat GPT não é um oráculo de perguntas e respostas. O Google é muito eficiente em nos oferecer respostas às nossas perguntas e dúvidas. E para sermos bem-sucedidos, é preciso fazer uma curadoria do que recebemos, analisar a fonte da informação. Não é diferente com o Chat GPT. Lembrando que ele é uma ferramenta que não está vinculada a um banco de dados como a Internet. É por isso que algumas vezes obtemos respostas desatualizadas - a última atualização do banco de dados foi em setembro de 2021 e em breve deve sair uma nova versão.

E como isso se desenrola na prática? As ferramentas de Inteligência Artificial podem servir como um suporte criativo de igrejas, ministérios, marcas ou mesmo para um trabalho de comunicação individual. Inclusive, trazer tópicos para comunicação, organização e planejamento de eventos. É possível usá-la para obter tópicos para o roteiro de um vídeo, entrevistas, planejamento de postagens para redes sociais a partir de um tema. Mas, se há uma boa prática no uso deste tipo de ferramenta é saber fazer as perguntas certas e da maneira mais completa possível.



Vale retomar aqui que as informações que recebemos via Chat GPT podem não estar corretas e precisam do nosso olhar, da nossa contribuição e da nossa expertise. Seja espiritualmente, intelectualmente, profissionalmente ou ministerialmente. Já existe IA, inclusive, que verifica se as informações oferecidas pelo Chat GPT estão corretas, como a Perplexity AI.

Existem outras IAs projetadas para trazer soluções que auxiliam o dia a dia. Como a Clarice AI, que é uma Inteligência Artificial brasileira que atua de forma eficaz na revisão de textos. No site de criação de artes, Canva, há uma IA chamada Text to Image onde é possível descrever uma cena e ele transforma em imagem. O que facilita a vida de quem produz conteúdo digital e esbarra em direitos autorais, não tem fotógrafos ou não encontra imagens gratuitas em banco de imagens. Recentemente a Microsoft anunciou que o site de buscas deles, o Bing, também já está com a Inteligência Artificial em funcionamento, oferecendo a fonte da informação oferecida. Um diferencial em relação ao Chat GPT.

Como cristã, profissional de comunicação, especialista no ambiente digital, acredito que mais do que temer esse tipo de ferramenta, é preciso compreender. Busquemos em Deus sabedoria, principalmente, sobre a aplicação delas em nosso dia a dia e suas implicações.

• Elis Amâncio é jornalista cristã, especialista em comunicação digital e mídias sociais, em marketing digital (PUC Minas), mestranda em Estudos de Linguagens (CEFET-MG). É autora dos livros Mídias Sociais na Igreja, Comunicando o Reino e Redes Sociales para la Iglesia, e coautora de outros livros. É membro da Igreja Batista da Lagoinha há vinte anos, casada com Renato Lied, pais da Sarah.

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