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- 31 de janeiro de 2022
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Fernando Merlino (1960-2021) - um parceiro generoso dos músicos cristãos
Por Carlinhos Veiga
Era a semana de Natal de 2021. Fernando Merlino se preparava para uma celebração festiva com a família quando não se sentiu bem. Ele enfrentava problemas cardíacos há anos e naquele início de noite a crise veio muito forte. Não foi possível reverter o quadro. No dia que celebraria com os familiares o nascimento de Jesus, ele foi recebido nos braços do Pai, na glória celestial.
Merlino iniciou seus estudos no piano aos seis anos de idade, no Conservatório Brasileiro de Música do Rio de Janeiro. Aperfeiçoou seus conhecimentos com Luiz Eça, Maria Teresa Madeira, entre outros. Aos 17 anos ingressou na Orquestra do Maestro Cipó e, logo depois, no grupo do Chiquinho do Acordeom. Em 1980 foi contratado como instrumentista pela TV Globo, gravando trilhas e vinhetas para novelas e programas da emissora.
Em 1982 foi convidado a integrar a banda de Emílio Santiago. Viajou pelo país e exterior. Depois, formou com os músicos Zé Carlos Santos e Heber Calura (Jacaré) o grupo Kabbalah, a partir de 1992. O primeiro CD produzido pelo trio recebeu indicações para o Prêmio Sharp de Melhor Disco de Música Instrumental. Participaram ainda de inúmeras gravações, inclusive para o mercado japonês.
Fernando Merlino acompanhou em sua trajetória praticamente todos os grandes nomes da MPB. No seu currículo constam Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, Maria Bethânia, Dori Caymmi, Gal Costa, Djavan, Simone, Fátima Guedes, Rosa Passos, Elba Ramalho, Fernanda Takai, Joyce, Leny Andrade, Luiz Melodia, Nélson Gonçalves, Carlos Lyra, Leila Pinheiro, Ivan Lins, Martinho da Vila, Alcione, Maria Rita, Jane Duboc, Beth Carvalho, Wanda Sá, Zélia Duncan, Danilo Caymmi, Ivete Sangalo, Zeca Pagodinho, Jamelão, Jair Rodrigues, Baby do Brasil, Diogo Nogueira, Jorge Aragão, entre vários outros.
Em 2011 venceu o 22º Prêmio da Música Brasileira como Produtor e Arranjador, na categoria “Melhor Disco em Língua Estrangeira”, com o CD Alma Mia, da cantora Leny Andrade. Foi ainda indicado ao 24º Prêmio da Música Brasileira como Produtor e Arranjador com o disco A Poesia Caminha de Gladir Cabral e Jorge Camargo.
Dois discos de piano solo marcam a carreira de Merlino: A Chuva, a tarde e você, indicado ao 24º Prêmio da Música Brasileira como melhor álbum instrumental de 2012, e o CD Serestas Brasileiras, uma releitura de sucessos da seresta, acompanhado de quarteto de cordas. Constam ainda cinco CDs lançados no Japão com o grupo “Fernando Merlino Trio”, sendo o mais recente o projeto “Órgão Bossa Trio” produzido por Kazuo Yoshida.
Aos 36 anos de idade, depois de uma profunda crise de depressão, Merlino teve um encontro marcante com Jesus. Numa entrevista que realizei com ele em 2013, revelou que desde então não tinha sido fácil conciliar a fé com a profissão. “As reações foram complicadas após a minha conversão. Perdi muitos amigos. Perdi muito trabalho por causa da fé”, afirmou. Depois de oito meses de convertido, perdeu praticamente tudo o que havia acumulado profissionalmente. “Mas, paradoxalmente, fui tomado por uma alegria incomparável e indescritível”, completou.
Para Merlino, a alternativa que encontrou para conciliar sua agenda profissional com a frequência à igreja foi se dedicando assiduamente às atividades da comunidade de fé durante a semana. Aos domingos sempre trabalhava. “Na segunda-feira, participo assiduamente de uma reunião de oração e discipulado, e na terça dirijo o Terça de Graça, onde convido um artista da MPB para um pequeno show e intercalo com a pregação da Palavra de Deus”. O Terça de Graça aconteceu por vários anos, no Espaço Libertas da Igreja Presbiteriana em Copacabana.
Desde a conversão, foi um grande incentivador dos músicos cristãos. Acompanhou e produziu vários artistas, sempre de maneira generosa e parceira. Por seu trânsito fácil no meio popular, arregimentava instrumentistas da mais alta qualidade para participar nessas produções.
Nos últimos anos era presença certa nos principais eventos de música popular cristã do país. Sem dúvida alguma, foi um dos maiores pianistas de música popular que esse país viu tocar. No entanto, nesses eventos cristãos, contribuía com sua arte inigualável acompanhando todos que solicitassem “o auxílio luxuoso” de seu piano.
Como disse certa vez, no Natal de 1996 sua vida “virou do avesso”. Teve um encontro pessoal com Jesus, que o transformou. Desde então, passou a servi-lo. Exatos 25 anos depois, no Natal de 2021, Fernando Merlino foi arregimentado para tocar na orquestra celestial. Jesus o convocou. Agora, desfruta do descanso eterno. Como nos diz Apocalipse 14.13, “Sim, eles descansarão das suas fadigas, pois as suas obras os seguirão”. Sentiremos falta da sua pessoa, da sua amizade e do seu som. Mas, em breve nos reencontraremos. É promessa das Escrituras Sagradas.
Merlino morava nos últimos anos em Belo Horizonte. Deixa os filhos Julio, Mariana e Murilo, este último de seu casamento com Carol Gualberto.
• Carlinhos Veiga é pastor, músico e jornalista.
Era a semana de Natal de 2021. Fernando Merlino se preparava para uma celebração festiva com a família quando não se sentiu bem. Ele enfrentava problemas cardíacos há anos e naquele início de noite a crise veio muito forte. Não foi possível reverter o quadro. No dia que celebraria com os familiares o nascimento de Jesus, ele foi recebido nos braços do Pai, na glória celestial.
Merlino iniciou seus estudos no piano aos seis anos de idade, no Conservatório Brasileiro de Música do Rio de Janeiro. Aperfeiçoou seus conhecimentos com Luiz Eça, Maria Teresa Madeira, entre outros. Aos 17 anos ingressou na Orquestra do Maestro Cipó e, logo depois, no grupo do Chiquinho do Acordeom. Em 1980 foi contratado como instrumentista pela TV Globo, gravando trilhas e vinhetas para novelas e programas da emissora.
Em 1982 foi convidado a integrar a banda de Emílio Santiago. Viajou pelo país e exterior. Depois, formou com os músicos Zé Carlos Santos e Heber Calura (Jacaré) o grupo Kabbalah, a partir de 1992. O primeiro CD produzido pelo trio recebeu indicações para o Prêmio Sharp de Melhor Disco de Música Instrumental. Participaram ainda de inúmeras gravações, inclusive para o mercado japonês.
Fernando Merlino acompanhou em sua trajetória praticamente todos os grandes nomes da MPB. No seu currículo constam Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, Maria Bethânia, Dori Caymmi, Gal Costa, Djavan, Simone, Fátima Guedes, Rosa Passos, Elba Ramalho, Fernanda Takai, Joyce, Leny Andrade, Luiz Melodia, Nélson Gonçalves, Carlos Lyra, Leila Pinheiro, Ivan Lins, Martinho da Vila, Alcione, Maria Rita, Jane Duboc, Beth Carvalho, Wanda Sá, Zélia Duncan, Danilo Caymmi, Ivete Sangalo, Zeca Pagodinho, Jamelão, Jair Rodrigues, Baby do Brasil, Diogo Nogueira, Jorge Aragão, entre vários outros.
Em 2011 venceu o 22º Prêmio da Música Brasileira como Produtor e Arranjador, na categoria “Melhor Disco em Língua Estrangeira”, com o CD Alma Mia, da cantora Leny Andrade. Foi ainda indicado ao 24º Prêmio da Música Brasileira como Produtor e Arranjador com o disco A Poesia Caminha de Gladir Cabral e Jorge Camargo.
Dois discos de piano solo marcam a carreira de Merlino: A Chuva, a tarde e você, indicado ao 24º Prêmio da Música Brasileira como melhor álbum instrumental de 2012, e o CD Serestas Brasileiras, uma releitura de sucessos da seresta, acompanhado de quarteto de cordas. Constam ainda cinco CDs lançados no Japão com o grupo “Fernando Merlino Trio”, sendo o mais recente o projeto “Órgão Bossa Trio” produzido por Kazuo Yoshida.
Aos 36 anos de idade, depois de uma profunda crise de depressão, Merlino teve um encontro marcante com Jesus. Numa entrevista que realizei com ele em 2013, revelou que desde então não tinha sido fácil conciliar a fé com a profissão. “As reações foram complicadas após a minha conversão. Perdi muitos amigos. Perdi muito trabalho por causa da fé”, afirmou. Depois de oito meses de convertido, perdeu praticamente tudo o que havia acumulado profissionalmente. “Mas, paradoxalmente, fui tomado por uma alegria incomparável e indescritível”, completou.
Para Merlino, a alternativa que encontrou para conciliar sua agenda profissional com a frequência à igreja foi se dedicando assiduamente às atividades da comunidade de fé durante a semana. Aos domingos sempre trabalhava. “Na segunda-feira, participo assiduamente de uma reunião de oração e discipulado, e na terça dirijo o Terça de Graça, onde convido um artista da MPB para um pequeno show e intercalo com a pregação da Palavra de Deus”. O Terça de Graça aconteceu por vários anos, no Espaço Libertas da Igreja Presbiteriana em Copacabana.
Desde a conversão, foi um grande incentivador dos músicos cristãos. Acompanhou e produziu vários artistas, sempre de maneira generosa e parceira. Por seu trânsito fácil no meio popular, arregimentava instrumentistas da mais alta qualidade para participar nessas produções.
Nos últimos anos era presença certa nos principais eventos de música popular cristã do país. Sem dúvida alguma, foi um dos maiores pianistas de música popular que esse país viu tocar. No entanto, nesses eventos cristãos, contribuía com sua arte inigualável acompanhando todos que solicitassem “o auxílio luxuoso” de seu piano.
Como disse certa vez, no Natal de 1996 sua vida “virou do avesso”. Teve um encontro pessoal com Jesus, que o transformou. Desde então, passou a servi-lo. Exatos 25 anos depois, no Natal de 2021, Fernando Merlino foi arregimentado para tocar na orquestra celestial. Jesus o convocou. Agora, desfruta do descanso eterno. Como nos diz Apocalipse 14.13, “Sim, eles descansarão das suas fadigas, pois as suas obras os seguirão”. Sentiremos falta da sua pessoa, da sua amizade e do seu som. Mas, em breve nos reencontraremos. É promessa das Escrituras Sagradas.
Merlino morava nos últimos anos em Belo Horizonte. Deixa os filhos Julio, Mariana e Murilo, este último de seu casamento com Carol Gualberto.
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