Opinião
- 04 de junho de 2009
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Fé ligada em 220
André Filipe
“Um grande poder exige uma grande responsabilidade.” Esta frase não foi dita por nenhum sábio grego nem por Salomão. É o conselho do Tio Ben a Peter Parker, levado às últimas consequências no filme “Homem-Aranha 2”, quando o jovem entra num esgotamento físico e mental. No filme, ele está dividido entre o trabalho, o namoro, os estudos e sua vocação heróica. Seu dilema é: se salva vidas, a pizzas não são entregues, os trabalhos da faculdade não são feitos, a poltrona reservada na estreia de sua namorada permanece vazia. Se, então, abre mão de sua vocação, a criminalidade aumenta e vidas deixam de ser salvas.
De igual modo, o cristão, ao despertar para sua responsabilidade com o mundo e com Deus, geralmente trabalhará muito! A vocação exigirá muito uma vez que a visão de mundo dada por ela gera um mal-estar de que há muito por fazer. Quando o mundo pesa é porque estou mais próximo da realidade e mais consciente da responsabilidade humana; o mundo é um fardo pesado para quem decide amá-lo.
O mundo não é confortável, pois vivemos no deserto e não na terra prometida. O trabalho ministerial é árduo porque o mundo não está formatado para uma vida cristã digna. É necessário trabalhar arduamente porque “Deus quer, o homem sonha, a obra [deve] nasce[r]”; porque você não está de férias; porque a semana não é sábado!
O pecado traz fome, ódio e morte, e as pessoas precisam da justiça, do cuidado e da salvação de Deus. Quantos jovens desta geração dividem seu tempo (de namoro, estudos, emprego) com a mediação entre o desejo e o poder de Deus e a necessidade do mundo! Esses são os peões de Deus, que tantas vezes são “despastoreados” sendo acusados de colocar o ser sobre o fazer, a obra sobre a fé. Os “despastores” não percebem que esta geração tem sido instrumento justamente pela fé ligada em 220 volts. Tal “despastoreamento” acaba por gerar uma segunda juventude, uma geração cristã de emos espirituais que, em vez de colocar as mãos no arado, cultiva o limbo na mente e no coração com uma vida devocional baseada em clipes gospel e chorando os próprios dramas existenciais. Pastoreie-se, portanto, a juventude 220 volts sem tirá-la da tomada.
Quando vemos o conselho de Jetro a Moisés para organizar-se (Êx 18.14), não encontramos ali um conselho para que Moisés tivesse mais tempo para seguir a própria vida; o conselho originou-se da compaixão de Jetro para com o povo! Se deve haver um consolo para o problema do trabalho árduo, que seja orarmos por disposição, organização e para um despertamento em massa da juventude evangélica brasileira para o trabalho ministerial. Digamos “meu Deus!” e imediatamente sentiremos o sorriso que criou e revigora o homem, podendo captar aquela sensação do poema de Drummond: “Teus ombros suportam o mundo/e ele não pesa mais que a mão de uma criança”.
• André Filipe é estudante de Letras na Universidade Presbiteriana Mackenzie e de Teologia no Seminário Rev. José Manuel da Conceição. É fruto da Aliança Universitária para Missões (ALUMI) e escreve, junto de mais três amigos, para o blog OBS.TETRAS.
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• Não ligue em 220
“Um grande poder exige uma grande responsabilidade.” Esta frase não foi dita por nenhum sábio grego nem por Salomão. É o conselho do Tio Ben a Peter Parker, levado às últimas consequências no filme “Homem-Aranha 2”, quando o jovem entra num esgotamento físico e mental. No filme, ele está dividido entre o trabalho, o namoro, os estudos e sua vocação heróica. Seu dilema é: se salva vidas, a pizzas não são entregues, os trabalhos da faculdade não são feitos, a poltrona reservada na estreia de sua namorada permanece vazia. Se, então, abre mão de sua vocação, a criminalidade aumenta e vidas deixam de ser salvas.
De igual modo, o cristão, ao despertar para sua responsabilidade com o mundo e com Deus, geralmente trabalhará muito! A vocação exigirá muito uma vez que a visão de mundo dada por ela gera um mal-estar de que há muito por fazer. Quando o mundo pesa é porque estou mais próximo da realidade e mais consciente da responsabilidade humana; o mundo é um fardo pesado para quem decide amá-lo.
O mundo não é confortável, pois vivemos no deserto e não na terra prometida. O trabalho ministerial é árduo porque o mundo não está formatado para uma vida cristã digna. É necessário trabalhar arduamente porque “Deus quer, o homem sonha, a obra [deve] nasce[r]”; porque você não está de férias; porque a semana não é sábado!
O pecado traz fome, ódio e morte, e as pessoas precisam da justiça, do cuidado e da salvação de Deus. Quantos jovens desta geração dividem seu tempo (de namoro, estudos, emprego) com a mediação entre o desejo e o poder de Deus e a necessidade do mundo! Esses são os peões de Deus, que tantas vezes são “despastoreados” sendo acusados de colocar o ser sobre o fazer, a obra sobre a fé. Os “despastores” não percebem que esta geração tem sido instrumento justamente pela fé ligada em 220 volts. Tal “despastoreamento” acaba por gerar uma segunda juventude, uma geração cristã de emos espirituais que, em vez de colocar as mãos no arado, cultiva o limbo na mente e no coração com uma vida devocional baseada em clipes gospel e chorando os próprios dramas existenciais. Pastoreie-se, portanto, a juventude 220 volts sem tirá-la da tomada.
Quando vemos o conselho de Jetro a Moisés para organizar-se (Êx 18.14), não encontramos ali um conselho para que Moisés tivesse mais tempo para seguir a própria vida; o conselho originou-se da compaixão de Jetro para com o povo! Se deve haver um consolo para o problema do trabalho árduo, que seja orarmos por disposição, organização e para um despertamento em massa da juventude evangélica brasileira para o trabalho ministerial. Digamos “meu Deus!” e imediatamente sentiremos o sorriso que criou e revigora o homem, podendo captar aquela sensação do poema de Drummond: “Teus ombros suportam o mundo/e ele não pesa mais que a mão de uma criança”.
• André Filipe é estudante de Letras na Universidade Presbiteriana Mackenzie e de Teologia no Seminário Rev. José Manuel da Conceição. É fruto da Aliança Universitária para Missões (ALUMI) e escreve, junto de mais três amigos, para o blog OBS.TETRAS.
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