Opinião
- 04 de agosto de 2009
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É preciso aprender a amar
Jorge Camargo
Nietzsche foi um filósofo muito controvertido, ácido em sua crítica a pessoas e correntes filosóficas: Kant, Wagner, Sócrates, Platão, Aristóteles, Xenofonte, Martinho Lutero, à metafísica, ao utilitarismo, anti-semitismo, socialismo, anarquismo, fatalismo, teologia, cristianismo, budismo, à concepção de Deus, ao pessimismo, estoicismo, ao iluminismo e à democracia.
É mole?
No entanto, em sua obra muitas vezes tem uns vislumbres de doçura e de leveza que chegam a surpreender. Como nesse comentário abaixo sobre a necessidade de se aprender a amar.
Tocou-me profundamente, a ponto de querer repartir com vocês: “Eis o que sucede conosco na música: primeiro temos que aprender a ouvir uma figura, uma melodia, a detectá-la, distingui-la, isolando-a e demarcando-a como uma vida em si; então é necessário empenho e boa vontade para suportá-la, não obstante a sua estranheza, usar de paciência com seu olhar e sua expressão, de brandura com o que nela é singular: enfim chega o momento em que estamos habituados a ela, em que a esperamos, em que sentimos que ela nos faria falta, se faltasse: e ela continua a exercer sua coação e magia, incessantemente, até que nos tornamos seus humildes e extasiados amantes, que nada mais querem do mundo senão ela e novamente ela. - Mas eis que isso não nos sucede apenas na música: foi exatamente assim que aprendemos a amar todas as coisas que agora amamos. Afinal, sempre somos recompensados pela nossa boa vontade, nossa paciência equidade, ternura para com que é estranho, na medida em que a estranheza tira lentamente o véu e se apresenta como uma nova e indizível beleza: - é a sua gratidão por nossa hospitalidade. Também quem ama a si mesmo aprendeu-o por esse caminho: não há outro caminho. Também o amor há que ser aprendido.”
(A Gaia Ciência, págs. 221-222)
Nietzsche foi um filósofo muito controvertido, ácido em sua crítica a pessoas e correntes filosóficas: Kant, Wagner, Sócrates, Platão, Aristóteles, Xenofonte, Martinho Lutero, à metafísica, ao utilitarismo, anti-semitismo, socialismo, anarquismo, fatalismo, teologia, cristianismo, budismo, à concepção de Deus, ao pessimismo, estoicismo, ao iluminismo e à democracia.
É mole?
No entanto, em sua obra muitas vezes tem uns vislumbres de doçura e de leveza que chegam a surpreender. Como nesse comentário abaixo sobre a necessidade de se aprender a amar.
Tocou-me profundamente, a ponto de querer repartir com vocês: “Eis o que sucede conosco na música: primeiro temos que aprender a ouvir uma figura, uma melodia, a detectá-la, distingui-la, isolando-a e demarcando-a como uma vida em si; então é necessário empenho e boa vontade para suportá-la, não obstante a sua estranheza, usar de paciência com seu olhar e sua expressão, de brandura com o que nela é singular: enfim chega o momento em que estamos habituados a ela, em que a esperamos, em que sentimos que ela nos faria falta, se faltasse: e ela continua a exercer sua coação e magia, incessantemente, até que nos tornamos seus humildes e extasiados amantes, que nada mais querem do mundo senão ela e novamente ela. - Mas eis que isso não nos sucede apenas na música: foi exatamente assim que aprendemos a amar todas as coisas que agora amamos. Afinal, sempre somos recompensados pela nossa boa vontade, nossa paciência equidade, ternura para com que é estranho, na medida em que a estranheza tira lentamente o véu e se apresenta como uma nova e indizível beleza: - é a sua gratidão por nossa hospitalidade. Também quem ama a si mesmo aprendeu-o por esse caminho: não há outro caminho. Também o amor há que ser aprendido.”
(A Gaia Ciência, págs. 221-222)
Mestre em ciências da religião, é intérprete, compositor, músico, poeta e tradutor.
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