Opinião
- 13 de março de 2009
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Deste "deus" sou ateu
Marcos Inhauser
Recebi o seguinte e-mail do meu amigo, pastor Marcos Kopeska: “(No) censo [...] divulgado pelo IBGE [...] me chamou a atenção [...] o aumento [...] do contingente de pessoas que se declaram sem religião. Até os anos 70, este percentual estava abaixo de 1% [...]. Nos anos 90 subiu para 5,1%. Atualmente, chega a 7,3%. A cifra global, inferior a 10%, pode não ser tão expressiva, mas o ritmo de crescimento impressiona. Penso que o crer ou não na existência de Deus já é uma disputa ultrapassada e fora de moda [...]. Albert Einsten [...] declarou: ‘Quanto mais acredito na ciência, mais acredito em Deus. O universo é inexplicável sem Deus’. Abraham Lincoln, uma das dez maiores personalidades de todos os tempos, concluiu: ‘Eu entendo que um homem possa olhar para baixo, para a Terra, e ser um ateu; mas não posso conceber que ele olhe para os céus e diga que Deus não existe’. [...] O que me preocupa são os conceitos deformados que estão se formando a respeito de Deus. Confesso que já encontrei muitos ‘deuses’ diferentes nesta ‘teologia tupiniquim’ que pairou sobre nossa pátria a partir dos anos 80 e pegou em cheio o cristianismo. O Deus soberano, criador e sustentador do universo foi trocado pelo ‘deus do mercado da fé’, disposto a leiloar sua imagem em cada reunião. Trocamos o Deus Altíssimo, onisciente e onipresente, que independe de nós, pelo ‘deus Papai Noel’ (aquele que, para conquistar admiradores e adoradores, sai distribuindo presentes a granel). Trocamos o Deus que nos guia mesmo nos vales escuros da vida pelo ‘deus paternalista e superprotecionista’, que, em nome de um triunfalismo barato e sem propósitos, não nos deixa passar pelas provações. Trocamos o Deus que nos ensina a viver em paciência e longanimidade pelo ‘deus micro-ondas’ [...] imediatista, que é obrigado a fazer o que eu quero aqui e agora. Concluo que crer ou não crer não é mais a questão. A questão é em que Deus temos crido”.
Quando ouço os pregadores que fazem da fé um show, que fazem seu reino universal, e mesmo outros em igrejas chamadas históricas, preciso dizer que, se Deus é o que estas pessoas dizem que é e ensinam, eu não acredito nele. Sou ateu do deus deles. O deus dos pregadores televisivos e anunciadores do sucesso é um deus mecânico, muito ao estilo das “vending machines”: basta colocar a moeda e pegar a benção. É um deus subserviente, mecânico, previsível, movido pela gasolina das ofertas, impiedoso, que não conhece a graça.
De minha parte, prefiro o Deus do evangelho de João, que vai em busca dos necessitados, que dá a quem não pediu, que abençoa quem não merece, que ama os seus até o fim.
• Marcos Inhauser é pastor, presidente da Igreja da Irmandade e colunista do jornal Correio Popular. www.inhauser.com.br / marcos@inhauser.com.br
Recebi o seguinte e-mail do meu amigo, pastor Marcos Kopeska: “(No) censo [...] divulgado pelo IBGE [...] me chamou a atenção [...] o aumento [...] do contingente de pessoas que se declaram sem religião. Até os anos 70, este percentual estava abaixo de 1% [...]. Nos anos 90 subiu para 5,1%. Atualmente, chega a 7,3%. A cifra global, inferior a 10%, pode não ser tão expressiva, mas o ritmo de crescimento impressiona. Penso que o crer ou não na existência de Deus já é uma disputa ultrapassada e fora de moda [...]. Albert Einsten [...] declarou: ‘Quanto mais acredito na ciência, mais acredito em Deus. O universo é inexplicável sem Deus’. Abraham Lincoln, uma das dez maiores personalidades de todos os tempos, concluiu: ‘Eu entendo que um homem possa olhar para baixo, para a Terra, e ser um ateu; mas não posso conceber que ele olhe para os céus e diga que Deus não existe’. [...] O que me preocupa são os conceitos deformados que estão se formando a respeito de Deus. Confesso que já encontrei muitos ‘deuses’ diferentes nesta ‘teologia tupiniquim’ que pairou sobre nossa pátria a partir dos anos 80 e pegou em cheio o cristianismo. O Deus soberano, criador e sustentador do universo foi trocado pelo ‘deus do mercado da fé’, disposto a leiloar sua imagem em cada reunião. Trocamos o Deus Altíssimo, onisciente e onipresente, que independe de nós, pelo ‘deus Papai Noel’ (aquele que, para conquistar admiradores e adoradores, sai distribuindo presentes a granel). Trocamos o Deus que nos guia mesmo nos vales escuros da vida pelo ‘deus paternalista e superprotecionista’, que, em nome de um triunfalismo barato e sem propósitos, não nos deixa passar pelas provações. Trocamos o Deus que nos ensina a viver em paciência e longanimidade pelo ‘deus micro-ondas’ [...] imediatista, que é obrigado a fazer o que eu quero aqui e agora. Concluo que crer ou não crer não é mais a questão. A questão é em que Deus temos crido”.
Quando ouço os pregadores que fazem da fé um show, que fazem seu reino universal, e mesmo outros em igrejas chamadas históricas, preciso dizer que, se Deus é o que estas pessoas dizem que é e ensinam, eu não acredito nele. Sou ateu do deus deles. O deus dos pregadores televisivos e anunciadores do sucesso é um deus mecânico, muito ao estilo das “vending machines”: basta colocar a moeda e pegar a benção. É um deus subserviente, mecânico, previsível, movido pela gasolina das ofertas, impiedoso, que não conhece a graça.
De minha parte, prefiro o Deus do evangelho de João, que vai em busca dos necessitados, que dá a quem não pediu, que abençoa quem não merece, que ama os seus até o fim.
• Marcos Inhauser é pastor, presidente da Igreja da Irmandade e colunista do jornal Correio Popular. www.inhauser.com.br / marcos@inhauser.com.br
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