Opinião
- 21 de maio de 2018
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Como seria o mundo sem religião?
Por William Lane
Alguns anos atrás fiz uma enquete entre alunos do ensino médio de um colégio particular sobre o papel da religião na sociedade perguntando se o mundo seria melhor ou pior sem a religião. Dos cerca de 120 alunos, 85% consideraram que o mundo seria pior sem religião e 6% consideraram que seria melhor. Quando perguntados sobre o papel da religião na sociedade, 75% declararam de forma positiva que a religião promove respeito e amor, é responsável pela organização da sociedade, evita violência, diminui criminalidade, promove união entre as pessoas, cria um senso ético de certo e errado, fornece sentido ou objetivo à vida, traz felicidade para as pessoas, preenche os anseios humanos, promove a fé, contribui para o desenvolvimento humano e científico, ainda que a ciência também possa afastar o ser humano de Deus e da fé. Apenas 25% consideraram que a religião provoca conflitos, promove discriminação e diferenças entre as pessoas, impõe crenças sobre os outros, interfere no que é certo e errado, provoca mortes em nome de Deus, faz com que as pessoas não sejam realistas.
Mas se, de um lado, essa enquete revelou a disposição claramente favorável à religião desse grupo de alunos, por outro, um dado em particular se destacou por uma polaridade mais equilibrada do grupo. Cerca de 7% dos alunos consideraram que a religião provoca conflitos, enquanto 9% disseram que a religião contribui para diminuir os conflitos. Ainda que seja uma fatia minoritária dos entrevistados, essa polaridade talvez seja um retrato mais acurado não só do que aqueles jovens pensam, mas, sobretudo, do que a religião realmente desperta nas pessoas: conflitos e pacificações.
Isso é cada vez mais nítido tanto nas relações diplomáticas entre nações como também nos debates sobre acontecimentos correntes e assuntos políticos, éticos, morais e pessoais que ocupam cada vez mais o espaço público das redes sociais motivados, muitas vezes, por convicções religiosas e doutrinárias. Amizades são construídas e desfeitas em torno da discussão de temas diversos na perspectiva religiosa.
É impressionante que muitas vezes as diferenças e conflitos se manifestam de forma enérgica e contundente principalmente entre pessoas que professam a mesma fé e doutrina. É difícil quantificar, mas a impressão que se dá é que normalmente os conflitos e diferenças não ocorrem entre pessoas de religiões diferentes ou entre indivíduos religiosos e não religiosos, isto é, entre pessoas que já se identificam como diferentes das outras por sua religião ou religiosidade. Muitas discussões até agressivas e ofensivas se dão entre irmãos da mesma fé.
Quando olhamos para isso, podemos ser tentados a pensar que a religião realmente provoca e promove conflitos, e que o mundo seria melhor se não houvesse religião. Por outro lado, essa mesma religião e, paradoxalmente, as mesmas pessoas são capazes de demonstrar amor e compaixão a um estranho completamente diferente de si. As pessoas são capazes de combater severamente um irmão que tem opinião diferente da sua em alguma área que julgue fundamental à fé, mas agir com compreensão, acolhimento e compaixão para com alguém que não partilha da sua fé. Há de se perguntar se essa ambivalência revela o caráter e natureza da religião ou a falta de caráter dos indivíduos que assim se comportam em nome da sua fé e religião. Seja como for, precisamos refletir como a fé e as convicções religiosas devem contribuir para vivermos de modo mais harmonioso, ainda que tendo opiniões diferentes.
Curiosamente, dos 75% dos alunos da enquete que reconhecem a importância da religião, apenas 19% a associaram à Deus e à fé. Cinquenta e seis por cento associaram a religião ou com aspectos existenciais (fornecer sentido de vida, felicidade) ou de convivência social (respeito, ética, etc). Para esses, a grande contribuição da religião é a construção de uma sociedade mais respeitosa.
Os profetas no Antigo Testamento e Jesus e os apóstolos no Novo Testamento também enfrentaram o desafio de fazer com que a fé em Deus não se tornasse um modo de afastar as pessoas de Deus e da comunidade, mas que fosse um modo de viver e agir tanto entre irmãos quanto entre os incrédulos, a fim de testemunhar a graça de Deus e servir de sinal do amor fraternal.
Um mundo sem religião não é capaz de responder aos anseios existenciais dos indivíduos e, principalmente, de revelar Deus e Cristo. Por outro lado, o mundo pode se tornar pior com uma religiosidade sem a realidade do amor, compaixão, justiça e esperança de Deus e de Cristo.
Alguns anos atrás fiz uma enquete entre alunos do ensino médio de um colégio particular sobre o papel da religião na sociedade perguntando se o mundo seria melhor ou pior sem a religião. Dos cerca de 120 alunos, 85% consideraram que o mundo seria pior sem religião e 6% consideraram que seria melhor. Quando perguntados sobre o papel da religião na sociedade, 75% declararam de forma positiva que a religião promove respeito e amor, é responsável pela organização da sociedade, evita violência, diminui criminalidade, promove união entre as pessoas, cria um senso ético de certo e errado, fornece sentido ou objetivo à vida, traz felicidade para as pessoas, preenche os anseios humanos, promove a fé, contribui para o desenvolvimento humano e científico, ainda que a ciência também possa afastar o ser humano de Deus e da fé. Apenas 25% consideraram que a religião provoca conflitos, promove discriminação e diferenças entre as pessoas, impõe crenças sobre os outros, interfere no que é certo e errado, provoca mortes em nome de Deus, faz com que as pessoas não sejam realistas.
Mas se, de um lado, essa enquete revelou a disposição claramente favorável à religião desse grupo de alunos, por outro, um dado em particular se destacou por uma polaridade mais equilibrada do grupo. Cerca de 7% dos alunos consideraram que a religião provoca conflitos, enquanto 9% disseram que a religião contribui para diminuir os conflitos. Ainda que seja uma fatia minoritária dos entrevistados, essa polaridade talvez seja um retrato mais acurado não só do que aqueles jovens pensam, mas, sobretudo, do que a religião realmente desperta nas pessoas: conflitos e pacificações.
Isso é cada vez mais nítido tanto nas relações diplomáticas entre nações como também nos debates sobre acontecimentos correntes e assuntos políticos, éticos, morais e pessoais que ocupam cada vez mais o espaço público das redes sociais motivados, muitas vezes, por convicções religiosas e doutrinárias. Amizades são construídas e desfeitas em torno da discussão de temas diversos na perspectiva religiosa.
É impressionante que muitas vezes as diferenças e conflitos se manifestam de forma enérgica e contundente principalmente entre pessoas que professam a mesma fé e doutrina. É difícil quantificar, mas a impressão que se dá é que normalmente os conflitos e diferenças não ocorrem entre pessoas de religiões diferentes ou entre indivíduos religiosos e não religiosos, isto é, entre pessoas que já se identificam como diferentes das outras por sua religião ou religiosidade. Muitas discussões até agressivas e ofensivas se dão entre irmãos da mesma fé.
Quando olhamos para isso, podemos ser tentados a pensar que a religião realmente provoca e promove conflitos, e que o mundo seria melhor se não houvesse religião. Por outro lado, essa mesma religião e, paradoxalmente, as mesmas pessoas são capazes de demonstrar amor e compaixão a um estranho completamente diferente de si. As pessoas são capazes de combater severamente um irmão que tem opinião diferente da sua em alguma área que julgue fundamental à fé, mas agir com compreensão, acolhimento e compaixão para com alguém que não partilha da sua fé. Há de se perguntar se essa ambivalência revela o caráter e natureza da religião ou a falta de caráter dos indivíduos que assim se comportam em nome da sua fé e religião. Seja como for, precisamos refletir como a fé e as convicções religiosas devem contribuir para vivermos de modo mais harmonioso, ainda que tendo opiniões diferentes.
Curiosamente, dos 75% dos alunos da enquete que reconhecem a importância da religião, apenas 19% a associaram à Deus e à fé. Cinquenta e seis por cento associaram a religião ou com aspectos existenciais (fornecer sentido de vida, felicidade) ou de convivência social (respeito, ética, etc). Para esses, a grande contribuição da religião é a construção de uma sociedade mais respeitosa.
Os profetas no Antigo Testamento e Jesus e os apóstolos no Novo Testamento também enfrentaram o desafio de fazer com que a fé em Deus não se tornasse um modo de afastar as pessoas de Deus e da comunidade, mas que fosse um modo de viver e agir tanto entre irmãos quanto entre os incrédulos, a fim de testemunhar a graça de Deus e servir de sinal do amor fraternal.
Um mundo sem religião não é capaz de responder aos anseios existenciais dos indivíduos e, principalmente, de revelar Deus e Cristo. Por outro lado, o mundo pode se tornar pior com uma religiosidade sem a realidade do amor, compaixão, justiça e esperança de Deus e de Cristo.
Pastor presbiteriano e doutor em Antigo Testamento, é professor e capelão no Seminário Presbiteriano do Sul, e tradutor de obras teológicas. É autor do livro O propósito bíblico da missão.
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