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- 06 de março de 2014
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Campanha da Fraternidade faz chamado para combate ao tráfico humano
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) fez ontem (5) um chamado para que a sociedade se conscientize da importância de combater o tráfico de pessoas, ao lançar a Campanha da Fraternidade de 2014, cujo tema é Fraternidade e Tráfico Humano e o lema "É para a liberdade que Cristo nos libertou".
No início do evento, foi lida uma mensagem do papa Francisco, na qual ele afirma que "não é possível ficar impassível, sabendo que seres humanos são tratados como mercadoria". O papa lembrou que crianças são traficadas para a remoção de órgãos, mulheres submetidas à exploração sexual e trabalhadores mantidos em condição de escravidão. Estas são algumas das situações de tráfico de pessoas que a campanha vai abordar.
Durante a solenidade de lançamento, o secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, disse que o crime viola a dignidade das pessoas submetidas e que a prática é fruto da sociedade em que vivemos. "Queremos com a campanha identificar essa realidade e, junto com o Estado, realizar este trabalho para que as pessoas deixem de ser exploradas", exortou. "O tráfico de pessoas é fruto da cultura em que vivemos, atualmente quase nos habituamos ao sofrimento do outro e é preciso se compadecer pelas pessoas traficadas", disse.
A secretária executiva do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), pastora Romi Márcia Bencke, reiterou que esta dificuldade se deve também à vulnerabilidade econômica das pessoas traficadas. "O tema toca em raízes profundas na forma como a nossa sociedade se estrutura e [o tráfico humano] se capilariza em vários setores da economia", disse. Os religiosos também ressaltaram a necessidade de superar divergências religiosas para combater esse tipo de crime.
A solenidade contou ainda com a presença do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que elogiou a iniciativa e classificou o tráfico de pessoas como uma prática subterrânea, devido à dificuldade de verificar sua ocorrência. "É inaceitável que pessoas sejam tratadas como escravas", disse Cardozo para quem o crime tem que ser combatido de forma conjunta com a sociedade. "Temos esta oportunidade de junção de forças com a sociedade, através da Campanha da Fraternidade e da formação de um comitê conjunto para aprimorar as políticas de Estado, receber sugestões e ao mesmo tempo enraizar atuações na sociedade", complementou.
Cardozo lembrou que não existem dados precisos sobre a quantidade de pessoas traficadas já que, muitas vezes, vítimas e familiares têm vergonha de revelar a situação de exploração. "Infelizmente o número de inquéritos policiais abertos relativos ao tráfico de pessoas ainda é pequeno em comparação ao volume da realização desse crime. Isto acontece porque as pessoas não noticiam o tráfico. Às vezes as pessoas têm vergonha de falar que foram vítimas desse crime, os familiares também não denunciam e muitas vezes as pessoas imaginam que estão sendo ajudadas por aqueles que são os verdadeiros autores e mentores deste tipo de crime", disse.
A pesquisa Diagnóstico sobre Tráfico de Pessoas nas Áreas de Fronteira no Brasil, divulgada pelo governo federal em outubro do ano passado, aponta que, entre 2005 e 2011, um terço dos indiciados por tráfico de pessoas foi preso em região de fronteira. Dos 384 indiciamentos, 128 foram registrados na fronteira brasileira que tem 15.719 quilômetros de extensão ao longo de 11 estados – Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Roraima, Rondônia e Santa Catarina.
O levantamento constatou que as pessoas geralmente são traficadas para fins de exploração sexual e trabalho escravo. Também detectou situações como pessoas traficadas para a prática de mendicância e de crianças e adolescentes para servidão doméstica. A maioria dos casos de tráfico para exploração sexual foi identificada nos estados de Roraima, Rondônia, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, do Pará, Amapá e Acre.
A maioria das vítimas são mulheres, na faixa etária de 18 a 29 anos. Além das mulheres, também são vítimas do tráfico humano crianças e adolescentes, travestis e transgêneros, geralmente em condição de vulnerabilidade, seja pelas condições socioeconômicas, seja pela presença de conflitos familiares, seja pela violência sofrida na família de origem.
A Campanha da Fraternidade é lançada no primeiro dia da Quaresma (período do ano litúrgico que antecede a Páscoa). De acordo com a CNBB, os recursos arrecadados com a campanha serão utilizados em projetos de identificação e combate de situações de tráfico humano.
• Com informações da Agência Brasil. Texto: Luciano Nascimento. Edição: Denise Griesinger.
No início do evento, foi lida uma mensagem do papa Francisco, na qual ele afirma que "não é possível ficar impassível, sabendo que seres humanos são tratados como mercadoria". O papa lembrou que crianças são traficadas para a remoção de órgãos, mulheres submetidas à exploração sexual e trabalhadores mantidos em condição de escravidão. Estas são algumas das situações de tráfico de pessoas que a campanha vai abordar.
Durante a solenidade de lançamento, o secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, disse que o crime viola a dignidade das pessoas submetidas e que a prática é fruto da sociedade em que vivemos. "Queremos com a campanha identificar essa realidade e, junto com o Estado, realizar este trabalho para que as pessoas deixem de ser exploradas", exortou. "O tráfico de pessoas é fruto da cultura em que vivemos, atualmente quase nos habituamos ao sofrimento do outro e é preciso se compadecer pelas pessoas traficadas", disse.
A secretária executiva do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), pastora Romi Márcia Bencke, reiterou que esta dificuldade se deve também à vulnerabilidade econômica das pessoas traficadas. "O tema toca em raízes profundas na forma como a nossa sociedade se estrutura e [o tráfico humano] se capilariza em vários setores da economia", disse. Os religiosos também ressaltaram a necessidade de superar divergências religiosas para combater esse tipo de crime.
A solenidade contou ainda com a presença do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que elogiou a iniciativa e classificou o tráfico de pessoas como uma prática subterrânea, devido à dificuldade de verificar sua ocorrência. "É inaceitável que pessoas sejam tratadas como escravas", disse Cardozo para quem o crime tem que ser combatido de forma conjunta com a sociedade. "Temos esta oportunidade de junção de forças com a sociedade, através da Campanha da Fraternidade e da formação de um comitê conjunto para aprimorar as políticas de Estado, receber sugestões e ao mesmo tempo enraizar atuações na sociedade", complementou.
Cardozo lembrou que não existem dados precisos sobre a quantidade de pessoas traficadas já que, muitas vezes, vítimas e familiares têm vergonha de revelar a situação de exploração. "Infelizmente o número de inquéritos policiais abertos relativos ao tráfico de pessoas ainda é pequeno em comparação ao volume da realização desse crime. Isto acontece porque as pessoas não noticiam o tráfico. Às vezes as pessoas têm vergonha de falar que foram vítimas desse crime, os familiares também não denunciam e muitas vezes as pessoas imaginam que estão sendo ajudadas por aqueles que são os verdadeiros autores e mentores deste tipo de crime", disse.
A pesquisa Diagnóstico sobre Tráfico de Pessoas nas Áreas de Fronteira no Brasil, divulgada pelo governo federal em outubro do ano passado, aponta que, entre 2005 e 2011, um terço dos indiciados por tráfico de pessoas foi preso em região de fronteira. Dos 384 indiciamentos, 128 foram registrados na fronteira brasileira que tem 15.719 quilômetros de extensão ao longo de 11 estados – Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Roraima, Rondônia e Santa Catarina.
O levantamento constatou que as pessoas geralmente são traficadas para fins de exploração sexual e trabalho escravo. Também detectou situações como pessoas traficadas para a prática de mendicância e de crianças e adolescentes para servidão doméstica. A maioria dos casos de tráfico para exploração sexual foi identificada nos estados de Roraima, Rondônia, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, do Pará, Amapá e Acre.
A maioria das vítimas são mulheres, na faixa etária de 18 a 29 anos. Além das mulheres, também são vítimas do tráfico humano crianças e adolescentes, travestis e transgêneros, geralmente em condição de vulnerabilidade, seja pelas condições socioeconômicas, seja pela presença de conflitos familiares, seja pela violência sofrida na família de origem.
A Campanha da Fraternidade é lançada no primeiro dia da Quaresma (período do ano litúrgico que antecede a Páscoa). De acordo com a CNBB, os recursos arrecadados com a campanha serão utilizados em projetos de identificação e combate de situações de tráfico humano.
• Com informações da Agência Brasil. Texto: Luciano Nascimento. Edição: Denise Griesinger.
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