Opinião
- 01 de março de 2018
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Bozo: duas dicas de um palhaço sem graça
Por Paula Mazzini
Uma mistura de biografia e drama. “Bingo, o Rei das Manhãs” (2017) é um longa inspirado na história de Arlindo Barreto, um dos intérpretes do palhaço Bozo, estrela na década de 80. A contragosto, acaba contando a história de conversão do palhaço, que foi de estrela da pornochanchada a pastor da igreja Batista, passando pelo vício em drogas e alcoolismo.
O filme de Daniel Rezende, que segundo os críticos é “o melhor filme brasileiro desde Cidade de Deus”, traz bem mais do que um testemunho de transformação - vem também com dicas curiosas para nosso mundo “globalizado”.
Primeiro, mostra que fórmulas prontas nem sempre funcionam. Bozo foi importado pelo SBT porque estava há mais de 10 anos fazendo sucesso nos Estados Unidos. O diretor do show, que nem português falava, achava que, seguindo o mesmo modelo, o sucesso seria garantido. Arlindo foi o cara que entendeu que, para ganhar o público, ele teria que ser mais do que apenas o Bozo - teria que ser o Bozo brasileiro. "Acontece que aqui é Brasil, e tá faltando ginga", diz ele diante da advertência para que seguisse o script traduzido. Fica a dica para nós, que gostamos de aplicar as fórmulas do mundo afora em nossas músicas, projetos, igrejas, livros, roupas e modus operandi. Importar? Sim. Contextualizar? Melhor ainda.
Segundo, não existe garantia de sucesso contínuo. Além de adaptação, também é preciso renovação. Bozo estourou, bateu recordes de audiência, mas a confiança exagerada na fórmula o levou ao precipício. Pesquise no Google sobre a Kodak, a Blockbuster, o Orkut, nomes de peso que não sobreviveram ao tempo, às mudanças e aos desafios. No fim é preciso muito mais do que uma ideia genial - é preciso sensibilidade para modificá-la conforme as circunstâncias pedem.
E com sua vida tragicômica, o palhaço ainda mostra que é preciso considerar os sinais de alerta, ouvir quem está por perto, não dar por certo os resultados, não negligenciar valores e pessoas, sonhar sim, mas com os pés no chão e eu diria - com os joelhos também.
Bozo encontrou seu caminho, aos trancos e barrancos. Alegrou nossas manhãs e foi resgatado pela graça de Deus.
Que ao lidarmos com um sonho, uma visão, um projeto, um alvo de vida ou uma tarefa, tenhamos, junto com a ousadia para ir em frente, a sabedoria para não errar o caminho e a sensibilidade para adaptar o trajeto quando for necessário.
• Paula Mazzini é membro do Exército de Salvação.
Uma mistura de biografia e drama. “Bingo, o Rei das Manhãs” (2017) é um longa inspirado na história de Arlindo Barreto, um dos intérpretes do palhaço Bozo, estrela na década de 80. A contragosto, acaba contando a história de conversão do palhaço, que foi de estrela da pornochanchada a pastor da igreja Batista, passando pelo vício em drogas e alcoolismo.
O filme de Daniel Rezende, que segundo os críticos é “o melhor filme brasileiro desde Cidade de Deus”, traz bem mais do que um testemunho de transformação - vem também com dicas curiosas para nosso mundo “globalizado”.
Primeiro, mostra que fórmulas prontas nem sempre funcionam. Bozo foi importado pelo SBT porque estava há mais de 10 anos fazendo sucesso nos Estados Unidos. O diretor do show, que nem português falava, achava que, seguindo o mesmo modelo, o sucesso seria garantido. Arlindo foi o cara que entendeu que, para ganhar o público, ele teria que ser mais do que apenas o Bozo - teria que ser o Bozo brasileiro. "Acontece que aqui é Brasil, e tá faltando ginga", diz ele diante da advertência para que seguisse o script traduzido. Fica a dica para nós, que gostamos de aplicar as fórmulas do mundo afora em nossas músicas, projetos, igrejas, livros, roupas e modus operandi. Importar? Sim. Contextualizar? Melhor ainda.
Segundo, não existe garantia de sucesso contínuo. Além de adaptação, também é preciso renovação. Bozo estourou, bateu recordes de audiência, mas a confiança exagerada na fórmula o levou ao precipício. Pesquise no Google sobre a Kodak, a Blockbuster, o Orkut, nomes de peso que não sobreviveram ao tempo, às mudanças e aos desafios. No fim é preciso muito mais do que uma ideia genial - é preciso sensibilidade para modificá-la conforme as circunstâncias pedem.
E com sua vida tragicômica, o palhaço ainda mostra que é preciso considerar os sinais de alerta, ouvir quem está por perto, não dar por certo os resultados, não negligenciar valores e pessoas, sonhar sim, mas com os pés no chão e eu diria - com os joelhos também.
Bozo encontrou seu caminho, aos trancos e barrancos. Alegrou nossas manhãs e foi resgatado pela graça de Deus.
Que ao lidarmos com um sonho, uma visão, um projeto, um alvo de vida ou uma tarefa, tenhamos, junto com a ousadia para ir em frente, a sabedoria para não errar o caminho e a sensibilidade para adaptar o trajeto quando for necessário.
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