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- 10 de novembro de 2022
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Após as eleições, o que fazer para reconstruir a unidade da igreja?
Por Lissânder Dias
Os discípulos ao redor da mesa com Jesus no centro é uma cena bíblica imortalizada pelo pintor renascentista Leonardo da Vinci em “A Última Ceia” – o afresco se encontra na Igreja e Convento Santa Maria Delle Grazie, em Milão, Itália. Mais do que inspiração para artistas, no entanto, a mesa (nada acidental) de Jesus pode ser também um símbolo fundamental para a igreja hoje.
A live contou com bastante participação do público, que enviou perguntas e comentários em tempo real:
Os discípulos ao redor da mesa com Jesus no centro é uma cena bíblica imortalizada pelo pintor renascentista Leonardo da Vinci em “A Última Ceia” – o afresco se encontra na Igreja e Convento Santa Maria Delle Grazie, em Milão, Itália. Mais do que inspiração para artistas, no entanto, a mesa (nada acidental) de Jesus pode ser também um símbolo fundamental para a igreja hoje.
O milagre da mesa
Sentar-se ao redor dela e dialogar com outros irmãos com pensamentos diversos é um caminho para a reconstrução da unidade da igreja. Assim concluíram os participantes da live do Diálogos da Esperança realizada no último dia 01 de novembro, com a participação de Luiza Nazareth, Ziel Machado e Valdir Steuernagel. Em meio a tensões e conflitos agravados pelo ambiente político, a mesa é um símbolo perdido que precisa ser recolocado em sua posição de importância.
“Estamos perdendo a experiência da mesa. Dos discípulos, alguns não teriam condições de estar na mesa se não fosse por Cristo. Eles se sentaram ao redor dela, milagrosamente, e se relacionaram. Em parte, sinto que essa nossa incapacidade de dialogar é porque talvez tenhamos nos tornado mais programáticos, e menos dialógicos. As redes sociais prejudicam porque dão a falsa sensação de estarmos conversando, mas, na verdade, não estamos; são somente monólogos. Sem mesa, sem vida, sem companhia, não conseguimos estabelecer vínculos afetivos suficientes para contrapor nossas diferenças com amor”, afirma Luiza.
“Ter Jesus à mesa é essencial. Quando ele está, todos somos transformados pela presença dele. Jesus não se negava a sentar em nenhuma mesa. Ele não tem medo de sentar-se à mesa, porque sabe quem é e a natureza do Evangelho”, ressalta Valdir.
O partir do pão e discernimento
Provocado pela lembrança de Luiza sobre a cena da última ceia, Ziel recordou do encontro de Jesus com os discípulos a caminho de Emaús e refletiu sobre a importância da mesa para a revelação da verdade:
“Jesus compartilha o pão na mesa e lá os discípulos discernem. É no partir do pão que eles discernem. O Ressurrecto se deixa conhecer na mesa. A falta de unidade compromete não somente nossas relações, mas nosso discernimento. É necessário estarmos juntos às mesas. Não é sem razão que Jesus permite que os olhos dos dois discípulos sejam abertos somente quando ele parte o pão ao redor da mesa”.
Mais que ideias: pessoas
Uma das dinâmicas próprias do ambiente da mesa é que ela é acolhedora.
“O ambiente acolhedor da mesa nos protege. Ao levar alguém para lá, quero ouvi-lo. Não com a pretensão de mudar a sua opinião do outro, mas acredito que se ele me ouvir atentamente, talvez podemos dialogar. O desejo de respeitar a todos e ouvir com atenção já é motivo para nos sentarmos juntos. A pessoa não é só aquela ideia contrária a mim; é maior que a própria ideia dela. Para construir comunidades precisamos matar algumas comodidades. A comunidade é para além da comodidade. Esse espaço além é um desafio grande”, diz Ziel.
“Na mesa, as pessoas se tornam histórias. Não é apenas um conceito, mas pessoas com quem você troca olhar, estabelecendo um lugar seguro para que as histórias das pessoas sejam vivenciadas. As redes sociais nos fazem encaixotar as pessoas. Se não chamarmos para a mesa as pessoas discordantes, não conseguiremos estabelecer diálogos”, defende Luiza.
Para Valdir, “a fé cristã tem um testemunho rico, porque ela chama os diversos para a mesa. Tem uma tradição enorme da fé que podemos trazer para a mesa e dizer: ‘olha esse banquete!’. Testemunha tanto a nossa humanidade quanto a nossa comunidade”.
Igreja x Estado. Esquerda x Direita
Quais os prejuízos da Igreja misturada com o Estado? Como colocar na mesma mesa esquerdistas e direitistas? Essas foram algumas perguntas do público que Valdir expôs aos entrevistados. As respostas foram as seguintes:
“Historicamente, quando a igreja se aproxima do Estado na tentativa de convertê-lo, ela é que é convertida ao poder, e não a conversão do poder. A experiência não tem sido boa. É uma sedução. O poder que precisamos é do Espírito. Nós seguimos um Cristo que caminha em direção à cruz (fragilidade), mas muitos seguem em direção ao palácio (autoproteção). A vida humana é marcada por ambiguidade. Uma das possibilidades é a conversão, metanóia, arrependimento. Conversão diária. A unidade vai ser possível para aqueles que nasceram de novo!”, enfatiza Ziel.
“Diante de valores que parecem ambíguos a motivação tem que ser o amor. O fundamento do reino de Deus é o amor. Quais os valores do reino? Verdade, justiça, dignidade, respeito, humidade, comunhão, liberdade. Tudo isso faz parte do reino, e o Senhor nos chama ao exercício da sabedoria para conjugar esses opostos”, argumenta Luiza.
Perguntas do público
A live contou com bastante participação do público, que enviou perguntas e comentários em tempo real:
“Acho que faltaram debates moderados com pessoas emocionalmente e teologicamente preparadas de distintas orientações (direita/esquerda). Tivemos medo de confrontar, mas talvez debates poderiam ter ajudado”, opina Paulo Humaitá.
“A Cruz de Cristo é que nos une, não políticos!”, disse Leonardo Guarniére.
“Está difícil conciliar e direcionar até Jesus em meio à frustração. Oramos tanto pela eleição, agora é hora de orar para Deus acalmar os corações”, admite Malu Moreira.
“Será que falhamos, em não orientar nossas igrejas, sobre o Tema "Política " como algo necessário para a vida, como ética com embasamento na Palavra?”, questiona Marília Lira.
Desencanto, mas esperança
A live chegou ao fim com esperança, apesar de alguns momentos de desencanto com a situação atual no país:
“Estamos tão divididos quanto a sociedade brasileira, mas com a possibilidade de, pelo Espírito, estarmos juntos”, opina Ziel.
“Nós estamos em Cristo para que sejamos um. É sobre tomar sua cruz, sacrificar o ego, mas encontrar liberdade no amor”, diz Luiza.
“A mesa continua, está posta, Jesus está lá. E precisamos estar lá”, finaliza Valdir.
A próxima live
A próxima live do Diálogos de Esperança será realizada no dia feriado de Proclamação da República, dia 15, às 20h, nos canais da Editora Ultimato. O tema será “Emoções fora do lugar: como cuidar?”.
Playlist do Diálogos de Esperança
Assista a todas as lives já realizadas aqui.
PARA QUE TODOS SEJAM UM – A UNIDADE DA IGREJA É POSSÍVEL? | REVISTA ULTIMATO
Qual a melhor resposta para um mundo cada vez mais dividido e para uma igreja cada vez mais polarizada? Pode parecer estranho, mas a resposta bíblica é óbvia: a Unidade em Cristo. E a pergunta que se segue é: “Que unidade é essa?” Aquela pela qual Jesus orou (Jo 17.23).
É disso que trata a matéria de capa da edição de 397 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais
Lissânder Dias do Amaral é jornalista, blogueiro, poeta e editor de livros. Integra o Conselho Nacional da Interserve Brasil e o Conselho da Unimissional. É autor de “O Cotidiano Extraordinário – a vida em pequenas crônicas” e responsável pelo blog Fatos e Correlatos do Portal Ultimato. É um dos fundadores do Movimento Vocare e ajudou a criar as organizações cristãs de cooperação Rede Mãos Dadas e Rede Evangélica Nacional de Ação Social (RENAS).
- Textos publicados: 126 [ver]
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Site: http://www.fatosecorrelatos.com.br
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