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- 29 de abril de 2019
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Ajudando pessoas e glorificando a Deus no trabalho
Por Sara Kyoungah White | Análise Global de Lausanne
Na manhã do dia 8 de novembro de 2013, o recém-eleito vice-prefeito da cidade de Tacloban sentava-se para tomar o café-da-manhã com sua esposa e filhos. Um amigo jornalista e sua equipe também estavam à mesa. Eles aguardavam para registrar de um bom ângulo do tufão que passaria perto da casa da família Yaokasin, que está em frente à baía.
O dia anterior fora tão ensolarado que as pessoas riram dos avisos da tempestade que se aproximava, no estilo dos tempos de Noé. Ninguém acreditaria que um dos piores tufões da história estava seguindo forte rumo ao centro das Filipinas.
Quando iam começar a comer, o telhado da sala foi repentinamente arrancado por ventos de 310 km/h, um dos ventos mais fortes jamais registrados. A família Yaokasin e a equipe de jornalismo correram para o piso térreo e lá deram de frente com uma enxurrada de água que rapidamente inundava os quartos. O tufão gerou uma maré ciclônica – uma onda com mais de 9 metros de profundidade que submergiu a cidade em questão de minutos.
Jerry, sua família e a equipe de jornalismo escaparam pelas janelas para buscar a segurança de um terreno mais elevado. Mas nem todos tiveram tanta sorte. Quando a tempestade passou, ela deixou para trás 3 mil mortos e demoliu 90. O tufão Haiyan afetou um total de 11 milhões de pessoas no centro das Filipinas. Praticamente metade do total das mortes foram em Tacloban.
“Foi como se uma bomba atômica tivesse caído no coração de nossa cidade,” disse Jerry. “O mais difícil foi ver os corpos por todos os lados. Jovens e velhos. Bebês. Crianças pequenas. Adultos e idosos. Todos aguardando serem identificados e sepultados. Eu lembro do comentário dos socorristas: “Você sabe que está em Tacloban quando consegue sentir o fedor da morte.”
Nas horas apocalípticas após o tufão, começaram os saques e roubos de comida e mercadorias, atrasando os grandes esforços do governo para reestabelecer a ordem. Os presos entraram em rebelião e alguns escaparam. À noite, a escuridão foi completa. Os sobreviventes não tinham acesso a alimentos ou água; o desespero e luto estavam por todos os lados.
Foram as palavras de Ester 4:14 que ajudaram o Jerry a seguir em frente durante aqueles dias difíceis. Ele se agarrou às palavras “Deus em sua soberania e providência me colocou neste cargo e neste lugar para um momento como este.”
Jerry e os que restavam do governo local, trabalharam o tão rápido quanto podiam para obter comida, água e acomodação para os sobreviventes, para que pudessem se recuperar, enterrar seus mortos, restaurar a infraestrutura básica das ruas da cidade, eletricidade, água e serviços de telecomunicação, que haviam todos sido destruídos.
Mas para Jerry, o mais importante era ser uma presença de esperança para os sobreviventes. “Durante uma crise, é muito importante deixar que as pessoas saibam que você está lá com elas. Enquanto muitos fugiram, eu permaneci. Enquanto muitos choravam, reclamavam, e criticavam, eu confortei. Eu tentei instigar a paz neles, já que muitos perderam a esperança de nos recuperarmos desta tragédia.”
A notícia de que o vice-prefeito de Tacloban era cristão se espalhou pelas igrejas nas Filipinas. Em um país com confiança dividida com relação ao governo, muitos indivíduos, igrejas e organizações hesitavam em enviar sua ajuda até que descobriram sobre a fé do Jerry. As doações e assistência que eles enviaram diretamente ao seu escritório permitiram que ele ajudasse as vítimas que mais precisavam.
Agora, cinco anos após o tufão, a cidade de Tacloban está quase totalmente recuperada após a passagem do Haiyan, mas seu povo ainda sofre. Ao completar seu último mandato como vice-prefeito, Jerry continua a liderar de forma servil, e isso faz com que ele se destaque dos demais. “Apesar de a cidade estar quase toda reconstruída, eu sei que meu trabalho é maior do que somente reconstruir a cidade,” diz Jerry. “Meu trabalho é reconstruir a vida de nosso povo.”
Talvez este seja o motivo pelo qual ele foi eleito por três mandatos, isso nunca havia acontecido, e nas últimas eleições ele venceu sem oposição alguma. Ao contrário dos políticos que se distanciam do público, Jerry usa sua experiência como ex-pastor para se encontrar de forma regular e pessoal com a população, ele os conforta, ajuda e até ora com eles. De fato, ele vê isso como seu ministério.
É um chamado que começou no ano 2000, quando ele deixou o ministério pastoral para buscar um cargo político após conhecer outros cristãos que trabalhavam no governo. A mudança de paradigmas que aconteceu naquele ano, o levou a perceber que os cristãos podem e devem se envolver em todas as esferas da vida – inclusive, e especialmente, na política, uma área frequentemente vista como ‘suja’.
“Ser um funcionário público é um chamado legítimo de Deus,” ele diz. “Nunca subestime o que Deus pode fazer na sua vida e através dela. . . Ele nos chamou para sermos como José, Ester e Daniel em momentos como esses!”
Jerry não está só em seu desejo de levar o evangelho ao local de trabalho e para os trabalhadores. Em junho de 2019, ele estará se juntando a mais de 700 participantes cuidadosamente selecionados de todas as regiões do mundo para o Fórum Mundial do Trabalho de Lausanne (FMT). Este encontro mundial, que fortuitamente será nas Filipinas, foi projetado para servir como um grande impulso para ultrapassarmos as divisões percebidas entre o sagrado e secular e fortalecer os cristãos em todos os locais de trabalho para viverem seus chamados para evangelizar.
Jerry espera poder colaborar com outros líderes no FMT sobre novas ideias e iniciativas que podem ajudar a engajar a igreja toda em seu chamado, qualquer seja seu local de trabalho. Juntando-se a ele, estarão outros líderes governamentais, assim como professores, artesãos, médicos, pessoas do lar, empreendedores, jornalistas, pesquisadores e artistas – o povo de Deus em sua vasta e linda gama de chamados únicos e necessários. Juntos, Jerry e os outros participantes do FMT esperam “que a fé que temos aos domingos seja demonstrada no local de trabalho nas segundas-feiras; para que possamos ver que nosso chamado no local de trabalho é tão importante quanto o chamado para missões e ministério em tempo integral.”
Fontes (em inglês):
• Sara Kyoungah White é a Editora de Comunicações do Movimento de Lausanne. Ela atualmente vive em Grand Rapids, Michigan, nos EUA.
Leia mais
» Fórum Mundial do Trabalho reúne 750 participantes de mais de 120 países
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