Opinião
- 25 de novembro de 2022
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A pregação se tornou obsoleta?
Por John Stott
Primeiramente Deus falou por meio dos seus profetas, interpretando suas ações na história de Israel e instruindo-os a transmitir sua mensagem ao seu povo por intermédio da escrita e do discurso. Depois ele falou em seu Filho quando “a Palavra tornou-se carne” (Jo 1.14) e por intermédio das palavras do seu Filho, faladas diretamente ou por meio dos seus apóstolos. Em terceiro lugar, ele fala por seu Espírito por intermédio dos seus servos que pregam em seu nome (Lc 24.47-49). A Palavra de Deus é, assim, bíblica, encarnada e contemporânea. Este ponto é fundamental para o cristianismo.
A pregação é indispensável ao cristianismo porque o cristianismo é fundamentado na verdade de que Deus escolheu usar palavras para se revelar à humanidade
A proclamação de Deus torna a nossa proclamação necessária. Nós somos chamados a repercutir a mensagem que ouvimos a outros. Nós devemos falar o que ele falou, ou, em outras palavras, nós devemos pregar. E, essa ênfase na pregação é singular ao cristianismo. [...]
A importância da pregação tem sido reconhecida ao longo da história da igreja. Mesmo assim, alguns nos dizem que os dias da pregação já se foram e que ela é uma arte moribunda e uma forma de comunicação obsoleta. Essas mentiras têm silenciado e desmoralizado pregadores.
Assim, vale a pena observar três correntes contemporâneas que desafiam nossa crença na pregação. São elas: uma hostilidade geral a toda autoridade, a revolução eletrônica e uma perda de confiança no evangelho.
Hostilidade à autoridade
Desde a queda, as pessoas se tornaram “hostis a Deus” e indispostas (até mesmo incapazes!) de se “submeter à lei de Deus” (Rm 8.7). Entretanto, hoje essa atitude está particularmente acentuada e todas as autoridades reconhecidas (família, escola, universidade, Estado, igreja, papa, Bíblia, Deus) estão sendo desafiadas em todo o mundo. Parte dessa rebelião é justificada, pois é um protesto responsável e maduro contra o autoritarismo e a desumanização na política, negócios, educação, religião e outras áreas da sociedade. Mas os cristãos devem ser cuidadosos em distinguir entre autoridade falsa e verdadeira; entre a tirania que esmaga a humanidade e a autoridade racional, benevolente sob a qual encontramos nossa autêntica liberdade humana.
[…]
A era eletrônica
Nos últimos cinquenta anos tem havido mudanças radicais nos métodos de comunicação, e estes têm trazido um efeito profundo sobre a igreja. Os efeitos são sentidos em todo o mundo, mesmo em locais onde a mídia eletrônica ainda não penetrou tão profundamente.
Um conjunto de mudanças afeta aqueles a quem pregamos. Na era eletrônica as pessoas têm se tornado fisicamente preguiçosas e questionam por que precisam sair para ir à igreja quando podem cultuar em casa assistindo a um culto pela televisão ou pela internet. Elas se tornaram intelectualmente acríticas, desejando ser entretidas em vez de serem incentivadas a pensar.
As pessoas também têm se tornado emocionalmente insensíveis. Nós testemunhamos os horrores da guerra, fome e pobreza, mas nos tornamos habilidosos na autodefesa emocional, distanciando-nos da dor dos outros. E nos tornamos psicologicamente confusos. Nós achamos difícil passar do mundo irreal e fabricado do ciberespaço para o mundo real onde podemos ouvir e adorar a Deus. Finalmente, as pessoas se tornaram moralmente desordenadas. Nós fomos enganados a pensar que o tipo de comportamento que vemos na tela é aceitável e que “todo mundo faz”. E, a era eletrônica também nos afeta como pregadores.
[...]
A perda de confiança da igreja no evangelho
Pregar significa assumir o papel de um arauto ou pregoeiro e proclamar publicamente uma mensagem. Isso pressupõe que temos algo a dizer. Sem uma mensagem clara e convicta, a pregação é impossível. Porém, é disso que a igreja parece carecer em nossos dias.
Não há possibilidade de uma recuperação da pregação sem uma prévia recuperação da convicção. Nós necessitamos reganhar a nossa confiança na verdade, relevância e poder do evangelho para que possamos dizer com Paulo:
Por isso estou disposto a pregar o evangelho também a vocês [...] Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego. (Rm 1.15-16)
Precisamos ficar empolgados com isso novamente. O evangelho é as boas novas de Deus! E, o primeiro passo para recuperar nossa confiança cristã envolve ser capaz de distinguir entre segurança, convicção, pressuposição e fanatismo.
>> Trecho retirado e adaptado a partir do primeiro capítulo do livro O Desafio da Pregação, de John Stott.
>> Para saber mais e conhecer outros livros, acesse John Stott
Live de Lançamento do livro O Desafio da Pregação
Primeiramente Deus falou por meio dos seus profetas, interpretando suas ações na história de Israel e instruindo-os a transmitir sua mensagem ao seu povo por intermédio da escrita e do discurso. Depois ele falou em seu Filho quando “a Palavra tornou-se carne” (Jo 1.14) e por intermédio das palavras do seu Filho, faladas diretamente ou por meio dos seus apóstolos. Em terceiro lugar, ele fala por seu Espírito por intermédio dos seus servos que pregam em seu nome (Lc 24.47-49). A Palavra de Deus é, assim, bíblica, encarnada e contemporânea. Este ponto é fundamental para o cristianismo.
A pregação é indispensável ao cristianismo porque o cristianismo é fundamentado na verdade de que Deus escolheu usar palavras para se revelar à humanidade
A proclamação de Deus torna a nossa proclamação necessária. Nós somos chamados a repercutir a mensagem que ouvimos a outros. Nós devemos falar o que ele falou, ou, em outras palavras, nós devemos pregar. E, essa ênfase na pregação é singular ao cristianismo. [...]
A importância da pregação tem sido reconhecida ao longo da história da igreja. Mesmo assim, alguns nos dizem que os dias da pregação já se foram e que ela é uma arte moribunda e uma forma de comunicação obsoleta. Essas mentiras têm silenciado e desmoralizado pregadores.
Assim, vale a pena observar três correntes contemporâneas que desafiam nossa crença na pregação. São elas: uma hostilidade geral a toda autoridade, a revolução eletrônica e uma perda de confiança no evangelho.
Hostilidade à autoridade
Desde a queda, as pessoas se tornaram “hostis a Deus” e indispostas (até mesmo incapazes!) de se “submeter à lei de Deus” (Rm 8.7). Entretanto, hoje essa atitude está particularmente acentuada e todas as autoridades reconhecidas (família, escola, universidade, Estado, igreja, papa, Bíblia, Deus) estão sendo desafiadas em todo o mundo. Parte dessa rebelião é justificada, pois é um protesto responsável e maduro contra o autoritarismo e a desumanização na política, negócios, educação, religião e outras áreas da sociedade. Mas os cristãos devem ser cuidadosos em distinguir entre autoridade falsa e verdadeira; entre a tirania que esmaga a humanidade e a autoridade racional, benevolente sob a qual encontramos nossa autêntica liberdade humana.
[…]
A era eletrônica
Nos últimos cinquenta anos tem havido mudanças radicais nos métodos de comunicação, e estes têm trazido um efeito profundo sobre a igreja. Os efeitos são sentidos em todo o mundo, mesmo em locais onde a mídia eletrônica ainda não penetrou tão profundamente.
Um conjunto de mudanças afeta aqueles a quem pregamos. Na era eletrônica as pessoas têm se tornado fisicamente preguiçosas e questionam por que precisam sair para ir à igreja quando podem cultuar em casa assistindo a um culto pela televisão ou pela internet. Elas se tornaram intelectualmente acríticas, desejando ser entretidas em vez de serem incentivadas a pensar.
As pessoas também têm se tornado emocionalmente insensíveis. Nós testemunhamos os horrores da guerra, fome e pobreza, mas nos tornamos habilidosos na autodefesa emocional, distanciando-nos da dor dos outros. E nos tornamos psicologicamente confusos. Nós achamos difícil passar do mundo irreal e fabricado do ciberespaço para o mundo real onde podemos ouvir e adorar a Deus. Finalmente, as pessoas se tornaram moralmente desordenadas. Nós fomos enganados a pensar que o tipo de comportamento que vemos na tela é aceitável e que “todo mundo faz”. E, a era eletrônica também nos afeta como pregadores.
[...]
A perda de confiança da igreja no evangelho
Pregar significa assumir o papel de um arauto ou pregoeiro e proclamar publicamente uma mensagem. Isso pressupõe que temos algo a dizer. Sem uma mensagem clara e convicta, a pregação é impossível. Porém, é disso que a igreja parece carecer em nossos dias.
Não há possibilidade de uma recuperação da pregação sem uma prévia recuperação da convicção. Nós necessitamos reganhar a nossa confiança na verdade, relevância e poder do evangelho para que possamos dizer com Paulo:
Por isso estou disposto a pregar o evangelho também a vocês [...] Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego. (Rm 1.15-16)
Precisamos ficar empolgados com isso novamente. O evangelho é as boas novas de Deus! E, o primeiro passo para recuperar nossa confiança cristã envolve ser capaz de distinguir entre segurança, convicção, pressuposição e fanatismo.
>> Trecho retirado e adaptado a partir do primeiro capítulo do livro O Desafio da Pregação, de John Stott.
>> Para saber mais e conhecer outros livros, acesse John Stott
Live de Lançamento do livro O Desafio da Pregação
Para celebrar o lançamento do livro O Desafio da Pregação, de John Stott, Ultimato convidou um time de pregadores para conversar sobre a fidelidade às Escrituras e relevância para o mundo contemporâneo, a partir da obra de Stott. Os convidados são Márcia Barbutti, Davi Lago e Victor Fontana.
O encontro será transmitido na próxima quinta-feira, 08 de dezembro, a partir das 19h no canal do YouTube da Editora Ultimato.
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