Opinião
- 23 de março de 2007
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A morte não se confunde com a realidade virtual
Robson Ramos
A morte não tem simulacros ou clone. Quando ela chega não há como confundi-la com uma ilusão ou com a realidade virtual. No dia 6 de março morreu Jean Baudrillard, sociólogo, filósofo, crítico da sociedade de consumo, estudioso da comunicação e da mídia, criador de conceitos como “hiper-realidade” e “simulacros”, entre outros.
Enquanto o conceito de “produção” era a força motriz do mundo moderno, a reprodução -- simulacro -- é o que dita as regras do jogo e permeia o mundo pós-moderno.
Não se trata de mera imitação em que quase não se percebe a diferença entre cópia e realidade. O simulacro (a realidade virtual, TV etc.) confunde o que é real com o ilusório.
Por falar nisso, convenhamos, de simulacros a mídia religiosa, evangélica ou não, entende bem. Os meios religiosos de comunicação em massa, onipresentes em nossa cultura, esbanjam visões e bricolagens, vendendo experiências supostamente genuínas e verdadeiras que funcionam apenas na dimensão virtual, chamada de “mundo espiritual” na maior parte dos programas de TV.
O legado de Baudrillard não ficará restrito às suas obras, apesar de sua extensa produção literária. Quando perguntado sobre quais obras e conceitos -- de Baudrillard -- permanecerão, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman respondeu: "Em nosso mundo veloz as obras tendem a ser rapidamente esquecidas, enquanto o destino dos conceitos tende a ser caprichoso” (Folha de São Paulo, caderno “Mais”, 11/03/2007).
No Evangelho de João lemos que Deus se fez carne e habitou entre nós. Ele não mandou uma imagem, um clone. Não se tratava de uma aparição virtual. Ele veio em pessoa, nasceu num estábulo, andou pelas ruas empoeiradas da Palestina, participou de festas de casamento, comeu na casa de amigos, com eles se alegrou e por alguns deles até chorou. Encheu de esperança os desvalidos, curou doentes e ressuscitou mortos. Sofreu as nossas dores e levou sobre si os nossos pecados. Ressuscitou três dias após sua morte e prometeu que voltará para instaurar o novo céu e a nova terra. Será a realidade na sua forma absoluta e definitiva.
• Robson Ramos é acadêmico da Faculdade de Direito de Salto — CEUNSP, bacharel em teologia pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo e mestre em Estudos do Novo Testamento pelo Pittsburgh Theological Seminary, nos Estados Unidos. É autor de Evangelização no Mercado Pós-Moderno.
www.mateus21.com.br
A morte não tem simulacros ou clone. Quando ela chega não há como confundi-la com uma ilusão ou com a realidade virtual. No dia 6 de março morreu Jean Baudrillard, sociólogo, filósofo, crítico da sociedade de consumo, estudioso da comunicação e da mídia, criador de conceitos como “hiper-realidade” e “simulacros”, entre outros.
Enquanto o conceito de “produção” era a força motriz do mundo moderno, a reprodução -- simulacro -- é o que dita as regras do jogo e permeia o mundo pós-moderno.
Não se trata de mera imitação em que quase não se percebe a diferença entre cópia e realidade. O simulacro (a realidade virtual, TV etc.) confunde o que é real com o ilusório.
Por falar nisso, convenhamos, de simulacros a mídia religiosa, evangélica ou não, entende bem. Os meios religiosos de comunicação em massa, onipresentes em nossa cultura, esbanjam visões e bricolagens, vendendo experiências supostamente genuínas e verdadeiras que funcionam apenas na dimensão virtual, chamada de “mundo espiritual” na maior parte dos programas de TV.
O legado de Baudrillard não ficará restrito às suas obras, apesar de sua extensa produção literária. Quando perguntado sobre quais obras e conceitos -- de Baudrillard -- permanecerão, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman respondeu: "Em nosso mundo veloz as obras tendem a ser rapidamente esquecidas, enquanto o destino dos conceitos tende a ser caprichoso” (Folha de São Paulo, caderno “Mais”, 11/03/2007).
No Evangelho de João lemos que Deus se fez carne e habitou entre nós. Ele não mandou uma imagem, um clone. Não se tratava de uma aparição virtual. Ele veio em pessoa, nasceu num estábulo, andou pelas ruas empoeiradas da Palestina, participou de festas de casamento, comeu na casa de amigos, com eles se alegrou e por alguns deles até chorou. Encheu de esperança os desvalidos, curou doentes e ressuscitou mortos. Sofreu as nossas dores e levou sobre si os nossos pecados. Ressuscitou três dias após sua morte e prometeu que voltará para instaurar o novo céu e a nova terra. Será a realidade na sua forma absoluta e definitiva.
• Robson Ramos é acadêmico da Faculdade de Direito de Salto — CEUNSP, bacharel em teologia pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo e mestre em Estudos do Novo Testamento pelo Pittsburgh Theological Seminary, nos Estados Unidos. É autor de Evangelização no Mercado Pós-Moderno.
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