Opinião
- 28 de fevereiro de 2024
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A contribuição de Nellie Ernestine Horne para a educação de moças no início do século 20
A dedicação de Ernestine Horne à missão de fazer discípulos deixou-nos um legado missionário e educacional imensurável
Por Catarina Maria C. dos Santos
Resenha
Lançado em 2022 pela Betel Publicações, o livro A missão de fazer discípulos: Nellie Ernestine Horne e seu legado missionário educacional é fruto de uma extensa pesquisa feita em acervos documentais institucionais no Brasil e no exterior e de entrevistas com dezenas de ex-alunas de Nellie e missionários estrangeiros e nacionais ao longo de uma década de trabalho de campo e de arquivo.
De autoria da jornalista Cláudia Mércia E. Miranda e da historiadora Catarina Maria C. dos Santos, a biografia da missionária batista canadense Nellie Ernestine Horne é o fio condutor da história da fundação e consolidação do Instituto Bíblico Betel e também da narrativa da trajetória ministerial de suas ex-alunas, muitas delas pioneiras e protagonistas do processo de evangelização e plantação de igrejas protestantes no alto sertão nordestino.
A missão de fazer discípulos é um livro que pode ser relevante para os estudos do protestantismo histórico em nosso país, em razão da abundante apresentação e análise de documentos históricos inéditos, que contribuem para ampliar a compreensão do modus operandi das missões estrangeiras em solo brasileiro a partir das primeiras décadas do século 20. É uma importante contribuição também para aqueles que pesquisam o denominado “movimento de renovação espiritual do Brasil”, pois apresenta fontes orais e escritas inéditas sobre fatos relativos a esse acontecimento a partir do eixo Recife-João Pessoa-Campina Grande, com a análise e o possível debate se deslocando do Sudeste para o Nordeste.
O ponto neural da obra está na descrição e análise do modelo de ensino e de educação fundamentado na pedagogia do “ser e fazer”, orquestrada pela missionária Ernestine Horne e suas colaboradoras — missionárias veteranas norte-americanas, canadenses e brasileiras. Em regime de internato, o currículo prescrito abrangia conhecimentos bíblicos e gerais, de modo que as alunas recebiam formação adequada para o desenvolvimento de habilidades como o manejo de classe de crianças e adultos, solfejo e regência musical, evangelização pessoal, discipulado e plantação de congregações e igrejas, além de administração de escolas dominicais e organização de classes itinerantes nos lares e nas ruas.
Rico em detalhes sobre o cotidiano das alunas do internato e de suas atuações nas igrejas parceiras, o livro pode se tornar um roteiro para aqueles que desejam entender a formação diferenciada das missionárias solteiras e casadas egressas de escolas-internato ou consultar a história das instituições de ensino bíblico que deram origem aos atuais seminários e faculdades teológicas.
Deve-se ressaltar também o fato de que o livro se presta muito bem à reflexão sobre o papel da educação cristã como interface da missão em áreas periféricas e centrais, por se tratar de um poderoso vetor de difusão de um modelo de ser cristão, ou seja, de fazer discípulos.
É inegável ainda o valor de sua leitura para a história das missões no Brasil. Com base em fontes históricas trazidas do acervo da Evangelical Union of South America (conhecida no Brasil pela sigla UESA), revela-se a rede de ações então tecida para que o missionário estrangeiro chegasse ao Brasil e em particular ao Nordeste. O fato de Nellie Ernestine Horne ter dedicado a vida inteira a missão de fazer discípulos deu a ela a capacidade de deixar um legado missionário e educacional imensurável. Portanto, o livro pode ser um guia para aqueles que desejam fazer o mesmo, ou seja, dedicar-se à missão de Deus integralmente.
Por fim, A missão de fazer discípulos é um memorial, um monumento que faz jus às mulheres chamadas por Deus para servi-lo, pois elas — e também os homens — certamente encontrarão em suas páginas inspiração ao ler sobre a vida de devotadas mulheres, mães, esposas e filhas, todas missionárias, pessoas comuns que se tornaram pedras polidas por seguirem o caminho da fé, do temor e da obediência ao Senhor da missão de fazer discípulos.
Não há dúvida de que se trata de obra pioneira na abordagem do tema e do objeto em foco, abundantemente documentada com fontes orais e escritas, fotos e áudios transcritos. Documentos primários, alguns raríssimos e inéditos, reúnem acontecimentos globais com fatos locais, em um jogo de escalas que revela a dinâmica do que é ser e fazer discípulos no Brasil e no mundo.
REVISTA ULTIMATO | GRATIDÃO – “O QUE VOCÊ TEM QUE NÃO TENHA RECEBIDO?”
Nem bens materiais nem espirituais – vida, família, igreja, recursos, formação, reconhecimento do pecado e da necessidade de Deus, fé, dons – são gerados a partir de nós. Em nada temos mérito. Tudo o que temos foi recebido. E a fonte, a inspiração primeira, o doador, é Deus.
O exercício constante de gratidão pela graça de Deus operando em nós transforma a igreja internamente, desdobra-se em outras virtudes e direciona ações para o mundo. Crentes gratos podem fazer a diferença em larga escala.
É disso que trata a matéria de capa da edição 406 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» Vozes Femininas no Início do Protestantismo Brasileiro, Rute Salviano
» A Missão da Mulher, Paul Tournier
» O Discípulo, John Stott
Por Catarina Maria C. dos Santos
Resenha
Lançado em 2022 pela Betel Publicações, o livro A missão de fazer discípulos: Nellie Ernestine Horne e seu legado missionário educacional é fruto de uma extensa pesquisa feita em acervos documentais institucionais no Brasil e no exterior e de entrevistas com dezenas de ex-alunas de Nellie e missionários estrangeiros e nacionais ao longo de uma década de trabalho de campo e de arquivo.
De autoria da jornalista Cláudia Mércia E. Miranda e da historiadora Catarina Maria C. dos Santos, a biografia da missionária batista canadense Nellie Ernestine Horne é o fio condutor da história da fundação e consolidação do Instituto Bíblico Betel e também da narrativa da trajetória ministerial de suas ex-alunas, muitas delas pioneiras e protagonistas do processo de evangelização e plantação de igrejas protestantes no alto sertão nordestino.
A missão de fazer discípulos é um livro que pode ser relevante para os estudos do protestantismo histórico em nosso país, em razão da abundante apresentação e análise de documentos históricos inéditos, que contribuem para ampliar a compreensão do modus operandi das missões estrangeiras em solo brasileiro a partir das primeiras décadas do século 20. É uma importante contribuição também para aqueles que pesquisam o denominado “movimento de renovação espiritual do Brasil”, pois apresenta fontes orais e escritas inéditas sobre fatos relativos a esse acontecimento a partir do eixo Recife-João Pessoa-Campina Grande, com a análise e o possível debate se deslocando do Sudeste para o Nordeste.
O ponto neural da obra está na descrição e análise do modelo de ensino e de educação fundamentado na pedagogia do “ser e fazer”, orquestrada pela missionária Ernestine Horne e suas colaboradoras — missionárias veteranas norte-americanas, canadenses e brasileiras. Em regime de internato, o currículo prescrito abrangia conhecimentos bíblicos e gerais, de modo que as alunas recebiam formação adequada para o desenvolvimento de habilidades como o manejo de classe de crianças e adultos, solfejo e regência musical, evangelização pessoal, discipulado e plantação de congregações e igrejas, além de administração de escolas dominicais e organização de classes itinerantes nos lares e nas ruas.
Rico em detalhes sobre o cotidiano das alunas do internato e de suas atuações nas igrejas parceiras, o livro pode se tornar um roteiro para aqueles que desejam entender a formação diferenciada das missionárias solteiras e casadas egressas de escolas-internato ou consultar a história das instituições de ensino bíblico que deram origem aos atuais seminários e faculdades teológicas.
Deve-se ressaltar também o fato de que o livro se presta muito bem à reflexão sobre o papel da educação cristã como interface da missão em áreas periféricas e centrais, por se tratar de um poderoso vetor de difusão de um modelo de ser cristão, ou seja, de fazer discípulos.
É inegável ainda o valor de sua leitura para a história das missões no Brasil. Com base em fontes históricas trazidas do acervo da Evangelical Union of South America (conhecida no Brasil pela sigla UESA), revela-se a rede de ações então tecida para que o missionário estrangeiro chegasse ao Brasil e em particular ao Nordeste. O fato de Nellie Ernestine Horne ter dedicado a vida inteira a missão de fazer discípulos deu a ela a capacidade de deixar um legado missionário e educacional imensurável. Portanto, o livro pode ser um guia para aqueles que desejam fazer o mesmo, ou seja, dedicar-se à missão de Deus integralmente.
Por fim, A missão de fazer discípulos é um memorial, um monumento que faz jus às mulheres chamadas por Deus para servi-lo, pois elas — e também os homens — certamente encontrarão em suas páginas inspiração ao ler sobre a vida de devotadas mulheres, mães, esposas e filhas, todas missionárias, pessoas comuns que se tornaram pedras polidas por seguirem o caminho da fé, do temor e da obediência ao Senhor da missão de fazer discípulos.
Não há dúvida de que se trata de obra pioneira na abordagem do tema e do objeto em foco, abundantemente documentada com fontes orais e escritas, fotos e áudios transcritos. Documentos primários, alguns raríssimos e inéditos, reúnem acontecimentos globais com fatos locais, em um jogo de escalas que revela a dinâmica do que é ser e fazer discípulos no Brasil e no mundo.
- Catarina Maria Costa dos Santos, historiadora.
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Nem bens materiais nem espirituais – vida, família, igreja, recursos, formação, reconhecimento do pecado e da necessidade de Deus, fé, dons – são gerados a partir de nós. Em nada temos mérito. Tudo o que temos foi recebido. E a fonte, a inspiração primeira, o doador, é Deus.
O exercício constante de gratidão pela graça de Deus operando em nós transforma a igreja internamente, desdobra-se em outras virtudes e direciona ações para o mundo. Crentes gratos podem fazer a diferença em larga escala.
É disso que trata a matéria de capa da edição 406 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
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