Opinião
- 27 de janeiro de 2014
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13 modismos e incoerências em dia de culto
Notas de rodapé não solicitadas de um observador desalentado!
1. Programa de culto ou liturgia são usados como sinônimos (já ouviu falar em “liturgia do culto”?), mas culto e liturgia é que tem o mesmo significado. De qualquer forma, esse tipo de programa está em desuso. Alguns dirigentes preferem que as pessoas não saibam o que vai acontecer. Em alguns casos, os dirigentes também não sabem.
2. Eu sei que você acabou de conversar com praticamente todos os presentes, mas esse “boa noite” do púlpito é tradicional, especialmente se o seu programa de culto não for. Isso mesmo, diga que está fraco e repita o “boa noite” para que os presentes respondam mais alto. Isso se usa muito na televisão e é ótimo para descontrair.
3. Certo, aqui é hora de agradecer a presença de todos, como se você fosse o anfitrião. Diga que é uma bênção ter tanta gente aqui nessa noite, mas não explique que, nesse caso, bênção para você é ter sua autoestima afagada. Não mencione a convocação divina para a adoração. Envolver Deus agora tiraria os méritos do seu magnetismo pessoal.
4. Você explicou aos presentes que gosta da leitura alternada para que todos participem do culto. Um dia desses pense bem se é preciso que a pessoa faça alguma coisa como ler um trecho bíblico para poder dizer que está “participando” do culto.
5. A igreja cantou um “hino de louvor” ali atrás, vocês leram um “salmo de louvor” e agora você chama a “equipe de louvor”. Onde eles estavam até agora? Aliás, onde estavam todos? A igreja toda não participa do louvor desde o começo do culto? Mas já que essa turma tem mesmo de vir à frente, que tal reparar nas roupas usadas? Tem uma irmãzinha com a barriga de fora (essa cinturas cada vez mais baixas!) e um irmão vestido para um encontro de rap. Tudo bem. Quem liga para isso? Vestir-se “para o culto” está fora de moda.
6. Sobre esse “momento de louvor”, só mais uma palavrinha: um dia que você não tiver nada importante para fazer, dá uma olhadinha nas letras dos cânticos. O conteúdo bíblico foi grosseiramente atropelado e nem a gramática escapou! Tem cânticos contemporâneos que merecem substituir esses e deviam estar aí.
7. Era para ser só mais uma palavrinha, mas aqui vai outra: essas mensagens vazias antes, durante e depois dos cânticos são mesmo necessárias? Que martírio! E essa história de cada um segurar a mão do outro durante o cântico? Coisa mais manipuladora e constrangedora! Aquele “abrace seu irmão”, então, foi o fim. Se soubesse que ia ter essa confraternização eu teria trazido uma pizza e a gente já comia ali mesmo.
8. Um hino tradicional depois dessa cantoria toda? Depois você me explica essa.
9. Avisos muito importantes. Ainda bem que você foi piadista porque ninguém aguenta seriedade numa hora dessas. Mas eu tive dificuldade em classificar liturgicamente essa seção de avisos. Adoração? Louvor? Contrição? Exortação? Retirar esses avisos do programa de culto e colocá-los após o culto não evitaria a interrupção? Eu sei, no caso da liturgia que você preparou e conduziu isso não faria muita diferença, se é que faria alguma...
10. Esse grupo de arte dramática foi excelente. Fico imaginando uma apresentação assim num sábado à noite, na igreja mesmo ou num teatro da cidade... mas, de novo, por que me preocupar? O público aplaudiu, ficou claro que não estava esse público “fazendo uma apresentação” diante do Deus Majestoso, mas sim “assistindo uma apresentação artística”. As palmas no final foram uma confirmação desnecessária. Ele é digno de todo aplauso. Quem, Deus? Não, claro que não, ninguém está falando dele. Refiro-me ao grupo de arte dramática.
11. Quando você afinal foi pregar, suspirei de alívio. Estava aguardando esse momento com ansiedade para me alimentar da Palavra. Nem quis jantar antes, para não me sentir confortável demais. Foi uma pena eu concluir que devia ter jantado. Sua mensagem foi isso mesmo, sua. Tinha umas citações bíblicas aqui e ali, mas você não nos contou qual era a mensagem do texto lido, não a explicou e nem fez as devidas aplicações. Aquele soco no púlpito na hora em que a vaca estava indo para o brejo só fez atolar mais a coitadinha. Eu poderia indicar uns bons livros da Editora Cultura Cristã para ajudar você, mas antes disso é bom ler bastante a Bíblia.
12. Especialmente, leia tudo o que a Bíblia diz sobre a santidade de Deus. Essa bagunça generalizada em que se transformou o que ainda insistem de chamar de culto resulta de uma completa ignorância da santidade divina.
13. Bênção apostólica para encerrar um programa de variedades? Não entendi. Se tudo é culto, por que você não impetra a bênção depois das refeições, depois do banho ou após o Hino Nacional nos jogos de futebol?
Leia mais
Louvor, adoração e liturgia
Refeições diárias com os discípulos
1. Programa de culto ou liturgia são usados como sinônimos (já ouviu falar em “liturgia do culto”?), mas culto e liturgia é que tem o mesmo significado. De qualquer forma, esse tipo de programa está em desuso. Alguns dirigentes preferem que as pessoas não saibam o que vai acontecer. Em alguns casos, os dirigentes também não sabem.
2. Eu sei que você acabou de conversar com praticamente todos os presentes, mas esse “boa noite” do púlpito é tradicional, especialmente se o seu programa de culto não for. Isso mesmo, diga que está fraco e repita o “boa noite” para que os presentes respondam mais alto. Isso se usa muito na televisão e é ótimo para descontrair.
3. Certo, aqui é hora de agradecer a presença de todos, como se você fosse o anfitrião. Diga que é uma bênção ter tanta gente aqui nessa noite, mas não explique que, nesse caso, bênção para você é ter sua autoestima afagada. Não mencione a convocação divina para a adoração. Envolver Deus agora tiraria os méritos do seu magnetismo pessoal.
4. Você explicou aos presentes que gosta da leitura alternada para que todos participem do culto. Um dia desses pense bem se é preciso que a pessoa faça alguma coisa como ler um trecho bíblico para poder dizer que está “participando” do culto.
5. A igreja cantou um “hino de louvor” ali atrás, vocês leram um “salmo de louvor” e agora você chama a “equipe de louvor”. Onde eles estavam até agora? Aliás, onde estavam todos? A igreja toda não participa do louvor desde o começo do culto? Mas já que essa turma tem mesmo de vir à frente, que tal reparar nas roupas usadas? Tem uma irmãzinha com a barriga de fora (essa cinturas cada vez mais baixas!) e um irmão vestido para um encontro de rap. Tudo bem. Quem liga para isso? Vestir-se “para o culto” está fora de moda.
6. Sobre esse “momento de louvor”, só mais uma palavrinha: um dia que você não tiver nada importante para fazer, dá uma olhadinha nas letras dos cânticos. O conteúdo bíblico foi grosseiramente atropelado e nem a gramática escapou! Tem cânticos contemporâneos que merecem substituir esses e deviam estar aí.
7. Era para ser só mais uma palavrinha, mas aqui vai outra: essas mensagens vazias antes, durante e depois dos cânticos são mesmo necessárias? Que martírio! E essa história de cada um segurar a mão do outro durante o cântico? Coisa mais manipuladora e constrangedora! Aquele “abrace seu irmão”, então, foi o fim. Se soubesse que ia ter essa confraternização eu teria trazido uma pizza e a gente já comia ali mesmo.
8. Um hino tradicional depois dessa cantoria toda? Depois você me explica essa.
9. Avisos muito importantes. Ainda bem que você foi piadista porque ninguém aguenta seriedade numa hora dessas. Mas eu tive dificuldade em classificar liturgicamente essa seção de avisos. Adoração? Louvor? Contrição? Exortação? Retirar esses avisos do programa de culto e colocá-los após o culto não evitaria a interrupção? Eu sei, no caso da liturgia que você preparou e conduziu isso não faria muita diferença, se é que faria alguma...
10. Esse grupo de arte dramática foi excelente. Fico imaginando uma apresentação assim num sábado à noite, na igreja mesmo ou num teatro da cidade... mas, de novo, por que me preocupar? O público aplaudiu, ficou claro que não estava esse público “fazendo uma apresentação” diante do Deus Majestoso, mas sim “assistindo uma apresentação artística”. As palmas no final foram uma confirmação desnecessária. Ele é digno de todo aplauso. Quem, Deus? Não, claro que não, ninguém está falando dele. Refiro-me ao grupo de arte dramática.
11. Quando você afinal foi pregar, suspirei de alívio. Estava aguardando esse momento com ansiedade para me alimentar da Palavra. Nem quis jantar antes, para não me sentir confortável demais. Foi uma pena eu concluir que devia ter jantado. Sua mensagem foi isso mesmo, sua. Tinha umas citações bíblicas aqui e ali, mas você não nos contou qual era a mensagem do texto lido, não a explicou e nem fez as devidas aplicações. Aquele soco no púlpito na hora em que a vaca estava indo para o brejo só fez atolar mais a coitadinha. Eu poderia indicar uns bons livros da Editora Cultura Cristã para ajudar você, mas antes disso é bom ler bastante a Bíblia.
12. Especialmente, leia tudo o que a Bíblia diz sobre a santidade de Deus. Essa bagunça generalizada em que se transformou o que ainda insistem de chamar de culto resulta de uma completa ignorância da santidade divina.
13. Bênção apostólica para encerrar um programa de variedades? Não entendi. Se tudo é culto, por que você não impetra a bênção depois das refeições, depois do banho ou após o Hino Nacional nos jogos de futebol?
Leia mais
Louvor, adoração e liturgia
Refeições diárias com os discípulos
Casado com Sandra, é jornalista, pastor presbiteriano e editor da Cultura Cristã.
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