Palavra do leitor
- 08 de novembro de 2007
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Santa Rebeldia
É hora de colocarmos líderes à prova (Ap 2.2), pois os que se dizem apóstolos, mas não o são, estão por aí aos montes. Basta lermos a Denúncia (*) feita por Humberto Ramos.
Esses mercenários costumam ver-nos como acusadores porque se sentem culpados, e vêem-nos culpados, pois estão com a mentalidade de acusadores.
Através do texto Uma fé rebelde de Valdinei Ramos, fui novamente despertado para a seriedade do tema. Nós, cristãos do terceiro milênio, estamos longe do que seria a igreja neo-testamentária, a única possível. O Brasil, maior país pentecostal e maior católico, portanto uma cultura impregnada dos valores do evangelho se mostra na prática extremamente injusto e imoral. Perdemos talvez só para os EUA, tidos como a maior nação protestante do planeta. Algo está errado e precisa urgentemente ser revertido.
A historinha de que o alfabeto dos homens começa com ABC e o de Deus com OBDCer, é bonitinha mas pode facilmente levar para caminhos diabólicos. Basta olharmos o fundamentalismo cristão americano ou o islamita. Temos que ser muito cautelosos! Gondim fez a façanha de ajuntar 113 frases que não agüenta mais ouvir no meio evangélico. Algumas do tipo, “O Diabo quer lhe destruir; Venha para Jesus e pare de sofrer; ou O Rei Leão da Disney é gay!” Em uma lista assim, essas frases são mesmo cômicas e me divirto com elas. Mas isoladas são trágicas. Eu acrescentaria mais duas a essa lista insólita: “você não pode entender as coisas de Deus com a lógica”; e “a dúvida é coisa do diabo”.
Não agüento mais ouvir isto, pois Jesus é o próprio “Logos” encarnado, e é claro que temos que ter dúvidas!
Não tenho dúvidas de que Abraão acreditou sem duvidar (Rm 4.20). Duvido, porém que ele não tenha nunca duvidado! Aliás, foram suas várias experiências em meio a dúvidas e vacilações que o levaram a cada vez mais conhecer um Deus que é fiel e provedor - quem duvidar (coisa que eu recomendo) confira (Gn 15.1-3). Por isso a obediência daquele homem pode ser tudo menos cega.
Em 1962 um cientista americano chamado Stanley Milgram conduziu um experimento ousado. Para isso ele recrutou pessoas comuns como cobaias. A experiência era feita em duplas, e primeiro sorteava-se o que cada um faria. Um dos participantes monitoraria o outro em uma bateria de perguntas. O que respondia as perguntas era preso em uma cadeira e eletrodos eram ligados em suas mãos. Colocados em salas separadas eles tinham contato somente de áudio. O monitor fazia perguntas simples, mas caso respondidas falsamente eram punidas com choques elétricos. Esses eram inicialmente pequenos, mas crescentes podendo até chegar ao ponto de serem grandes e letais.
O cientista estava obviamente ao lado do monitor e sempre que o outro participante começava a gritar de dor, dava a voz de comando: “prossigamos”. Obviamente o participante do outro lado era um ator que não levava choque nenhum. E o verdadeiro objeto de pesquisa era o monitor.
O resultado foi que todos monitores obedeciam às ordens do cientista e poucos, se quer, questionavam aquela autoridade, quando do outro lado gritos terríveis chegavam, ou pior, tornavam-se em silêncio.
As conclusões daquela experiência ajudaram a sociologia a explicar, por exemplo, porque o nazismo atingiu os horrores que nos assustam hoje. Elas também nos fazem pensar na Guiana e no macabro suicídio coletivo liderado pelo pastor Jim Jones.
É verdade, Abraão obedeceu a Deus de uma forma única! Mas dentro de um contexto também único. O nosso Papai Abraão viveu 165 anos e teve em sua velhice além de Isaac e Ismael mais outros seis filhos, com Quetura. Deus mais do que provando, lá do céu, o patriarca em sua obediência e fé, estava achando aqui na terra um amigo ímpar. Pois Abraão sentiu na pele algo bem próximo da própria experiência paterna divina que, por amor, chegou ao extremo de entregar o seu Filho Unigênito.
A exemplo do Pai, o Filho pisou neste mundo também à procura de amigos. Ele não se acanhou em ser também batizado, coisas que só pecadores (os rebeldes) faziam, confessando seus pecados (Mt 3.6). Aliás, elas causavam arrepios nos fariseus, este tipo de gente com quem Jesus andava, comia e bebia vinho alcoólico (pois não existe outro - absurdamente se faz necessário dizer isto).
Daí Lucas registrar três questionamentos daqueles “caxias” espirituais: Por que andas com rebeldes? (Lc 5.30). Por que vives como um rebelde? (Lc 5.33). Por que és um rebelde? (Lc 6.2). Afinal só rebeldes fazem coisas ilícitas, não levam uma vida de “santinho” e se misturam com o povão.
A resposta de Cristo os deixavam furiosos: “O filho do homem é Senhor”. Ele não é escravo. Pelo contrário, Ele liberta.
Se quisermos seguir aquele homem de Nazaré precisamos estar firmes em nossas convicções. Pois assim como no judaísmo se levantaram muitos falsos mestres, no cristianismo não é diferente: “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo” (2 Co 11.13). Contra esses ninguém deve ter medo de se rebelar.
(*)www.fraternus.de
Esses mercenários costumam ver-nos como acusadores porque se sentem culpados, e vêem-nos culpados, pois estão com a mentalidade de acusadores.
Através do texto Uma fé rebelde de Valdinei Ramos, fui novamente despertado para a seriedade do tema. Nós, cristãos do terceiro milênio, estamos longe do que seria a igreja neo-testamentária, a única possível. O Brasil, maior país pentecostal e maior católico, portanto uma cultura impregnada dos valores do evangelho se mostra na prática extremamente injusto e imoral. Perdemos talvez só para os EUA, tidos como a maior nação protestante do planeta. Algo está errado e precisa urgentemente ser revertido.
A historinha de que o alfabeto dos homens começa com ABC e o de Deus com OBDCer, é bonitinha mas pode facilmente levar para caminhos diabólicos. Basta olharmos o fundamentalismo cristão americano ou o islamita. Temos que ser muito cautelosos! Gondim fez a façanha de ajuntar 113 frases que não agüenta mais ouvir no meio evangélico. Algumas do tipo, “O Diabo quer lhe destruir; Venha para Jesus e pare de sofrer; ou O Rei Leão da Disney é gay!” Em uma lista assim, essas frases são mesmo cômicas e me divirto com elas. Mas isoladas são trágicas. Eu acrescentaria mais duas a essa lista insólita: “você não pode entender as coisas de Deus com a lógica”; e “a dúvida é coisa do diabo”.
Não agüento mais ouvir isto, pois Jesus é o próprio “Logos” encarnado, e é claro que temos que ter dúvidas!
Não tenho dúvidas de que Abraão acreditou sem duvidar (Rm 4.20). Duvido, porém que ele não tenha nunca duvidado! Aliás, foram suas várias experiências em meio a dúvidas e vacilações que o levaram a cada vez mais conhecer um Deus que é fiel e provedor - quem duvidar (coisa que eu recomendo) confira (Gn 15.1-3). Por isso a obediência daquele homem pode ser tudo menos cega.
Em 1962 um cientista americano chamado Stanley Milgram conduziu um experimento ousado. Para isso ele recrutou pessoas comuns como cobaias. A experiência era feita em duplas, e primeiro sorteava-se o que cada um faria. Um dos participantes monitoraria o outro em uma bateria de perguntas. O que respondia as perguntas era preso em uma cadeira e eletrodos eram ligados em suas mãos. Colocados em salas separadas eles tinham contato somente de áudio. O monitor fazia perguntas simples, mas caso respondidas falsamente eram punidas com choques elétricos. Esses eram inicialmente pequenos, mas crescentes podendo até chegar ao ponto de serem grandes e letais.
O cientista estava obviamente ao lado do monitor e sempre que o outro participante começava a gritar de dor, dava a voz de comando: “prossigamos”. Obviamente o participante do outro lado era um ator que não levava choque nenhum. E o verdadeiro objeto de pesquisa era o monitor.
O resultado foi que todos monitores obedeciam às ordens do cientista e poucos, se quer, questionavam aquela autoridade, quando do outro lado gritos terríveis chegavam, ou pior, tornavam-se em silêncio.
As conclusões daquela experiência ajudaram a sociologia a explicar, por exemplo, porque o nazismo atingiu os horrores que nos assustam hoje. Elas também nos fazem pensar na Guiana e no macabro suicídio coletivo liderado pelo pastor Jim Jones.
É verdade, Abraão obedeceu a Deus de uma forma única! Mas dentro de um contexto também único. O nosso Papai Abraão viveu 165 anos e teve em sua velhice além de Isaac e Ismael mais outros seis filhos, com Quetura. Deus mais do que provando, lá do céu, o patriarca em sua obediência e fé, estava achando aqui na terra um amigo ímpar. Pois Abraão sentiu na pele algo bem próximo da própria experiência paterna divina que, por amor, chegou ao extremo de entregar o seu Filho Unigênito.
A exemplo do Pai, o Filho pisou neste mundo também à procura de amigos. Ele não se acanhou em ser também batizado, coisas que só pecadores (os rebeldes) faziam, confessando seus pecados (Mt 3.6). Aliás, elas causavam arrepios nos fariseus, este tipo de gente com quem Jesus andava, comia e bebia vinho alcoólico (pois não existe outro - absurdamente se faz necessário dizer isto).
Daí Lucas registrar três questionamentos daqueles “caxias” espirituais: Por que andas com rebeldes? (Lc 5.30). Por que vives como um rebelde? (Lc 5.33). Por que és um rebelde? (Lc 6.2). Afinal só rebeldes fazem coisas ilícitas, não levam uma vida de “santinho” e se misturam com o povão.
A resposta de Cristo os deixavam furiosos: “O filho do homem é Senhor”. Ele não é escravo. Pelo contrário, Ele liberta.
Se quisermos seguir aquele homem de Nazaré precisamos estar firmes em nossas convicções. Pois assim como no judaísmo se levantaram muitos falsos mestres, no cristianismo não é diferente: “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo” (2 Co 11.13). Contra esses ninguém deve ter medo de se rebelar.
(*)www.fraternus.de
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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