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Palavra do leitor

Mãe, pequei contra o céu e diante de ti

Tenho gasto meus dias em considerações; tento distinguir os sentimentos que rodeavam as mais diversas situações registradas no Santo Livro, na esperança de absorver ensinos invisíveis aos olhos, quando estes lêem brancamente.

Já experimentei muitas surpresas, pude descobrir alegria onde antes era só um quadro de tristeza (Lc 18.41-43); força, quando os gestos mostravam-se frágeis (Mc 14. 3-5); fé, quando as palavras desesperadas pareciam denunciar incredulidade (Mc 9.24).

E foi batendo pernas ali pelo evangelho de Jesus escrito por Lucas 15.2, que parei e passei a procurar os tais sentimentos ocultos, misteriosos, quase subliminares; li, reli detidamente o texto sobre o filho pródigo, olhei, assuntei por todos os ângulos, especulei; em voz alta repeti o possível diálogo entre pai e filho, construí mentalmente as imagens e fui parar no chiqueiro, no momento exato, quando o pródigo "caiu em si", e, esquecendo-se por um instante da sua briga com os porcos pela comida, achou-se pensando em sua casa, sonhando com os pães dos servos da sua casa, sentindo saudades da sua casa; tomando a mais difícil decisão que um caído precisa tomar: voltar prá casa.

Cair em si, reconhecer o absurdo da situação, encher-se de lágrimas e chorar sua dor, encher-se de mais dor ainda, encher-se de coragem; o que já é um passo e tanto. Mas tem o caminho de volta, "como pode ser tão longo, tão penoso, se ainda outro dia passei por aqui, a largos e decididos passos?"

Um adágio popular diz: "Prá baixo todo santo ajuda", não creio nos santos em questão, mas vale o ditado. Cada passo em direção à nossa antiga morada traz pedaços de lembranças, tanta fúria, tanta ofensa, tantas frases mal ditas, tanta falta de amor, tanta falta de tudo, uma agonia só.

Ah, como são mal gastos esses dias sem perdão! Procuro o pródigo, mas nada posso ver além de mim mesmo, pecador, ingrato, caído. Já pedi perdão a Deus, pra igreja, pros amigos, pra polícia, é, pra polícia. Mas é mal de filho desgarrado, mal de achar que pramãe não precisa pedir perdão, não precisa voltar e consertar as coisas, achar que mãe, vai indo esquece.

Até acho que mãe, vai indo esquece mesmo; de quando foi buscar o filho surrado no boteco, caído na rua, parado na DP. É, mãe faz de contas que não foi nada, mas foi. "Mãe, feliz ano novo pra senhora! E, mesmo se não tiver jeito mais, dá um jeito, igual só mãe sabe fazer. E me perdoa?"

Mês que vem tô de férias, vou visitar minha mãe.

(Ex-interno do centro de recuperação de mendigos da Missão Vida)

www.mvida.org.br
Londrina - PR
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