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Palavra do leitor

Fábula de Páscoa

Início do ano em Coelhândia. De janeiro a abril é a época mais conturbada e corrida dessa pequena cidadezinha, que há algumas décadas não passava de uma vila de espertos coelhos.

Desde que a comunidade de coelhos percebeu que era mais lucrativo prestar consultoria do que produzir ovos de páscoa, os cidadãos de coelhândia passaram de operários a executivos. E nos quatro primeiros meses do ano, antes do período de páscoa, portanto, não há um coelho que não esteja em alguma missão de consultoria sobre a produção de ovos ao redor do mundo. Tirar férias durante esse período é proibido, afastamentos por motivos médicos... só se for extremamente grave, ou comprometa o resultado do trabalho, como diagnósticos de coelhos chocólatras.

Coelhândia tem fechado vários contratos com corporações fabricantes de chocolates ao redor do globo. Um escritório de representação de Coelhândia foi recentemente aberto em Genebra, Suíça, apenas para cuidar de interesses comerciais na terra dos chocolates.

Como parte do programa de formação dos coelhos, além de serem bacharéis em áreas correlatas, como gastronomia, nutrição e engenharia de alimentos, há programas de intercâmbios específicos.

Recentemente um jovem coelho, chamado Tatrufo, chegou da Lapônia, onde passou um ano em intercâmbio cultural e de estudos na área de logística global. Uma das últimas atividades foi acompanhar os preparativos e a própria viagem do trenó do Papai Noel no último natal, a fim de tomar nota de idéias de distribuição a serem adaptadas e aplicadas na páscoa.

Mas, um detalhe chamou a atenção do Tratufo nesse intercâmbio. Algo de diferente ocorria no escritório de Papai Noel no último período de natal. Parece que tudo havia começado com o Rudolf, aquela rena do nariz vermelho. Ele foi o primeiro a entender que o natal era muito mais que apenas distribuir presentes, espalhar esperança e alegria. Foi ele quem despertou a turma do escritório na Lapônia para a existência do significado cristão do natal. E até o casal Noel já estava convencido que a história de Cristo é o verdadeiro sentido do natal.

Porém ninguém lá conseguia entender diretinho como que o evento da vinda do Salvador do mundo poderia fazer diferença. Se a história começava no natal... onde terminava?

Tratufo, que conhecia muito bem a história da páscoa, além da produção e distribuição de ovos de chocolate, lembrou que seus ancestrais, coelhos que viviam nas tocas incrustadas em colinas da Judéia, contavam a história de um homem, que certa vez, durante a festa judaica da páscoa, apesar de nunca ter feito nada de errado, foi morto de forma brutal, como um ladrão, assassino, malfeitor. Essa história era ainda mais fantástica e linda porque esse homem não ficou desaparecido muito tempo, três dias depois ressuscitou e, desde então, seus discípulos têm declarado que aquele homem é o Salvador.

Então Tratufo ligou os pontos, a história começava lá no natal, e tinha seu ápice na páscoa. Era o mesmo homem, aquele que era celebrado no natal, e aquele que protagonizou a mais bela história de páscoa!

Então ficou fácil tanto para ele como para os lapônios entenderem toda a história.

Tratufo chegou contanto a novidade em Coelhândia. Os outros coelhos ficaram ainda mais animados. Um deles questionou: “e como acaba a história, Tratufo?”

Foi aí que aquele coelhinho sabido mostrou que entendeu muito mais do que deixou parecer: explicou que a história não terminava na páscoa, mas que ela continua. A Páscoa era o desfecho da missão daquele homem, mas que a partir daquele momento, aquela história continuaria, dessa vez de forma indiviual, em cada ser humano que nela acreditasse, que a entendesse.

Tratufo entendeu que o natal se ligava à páscoa, e que ambos a cada um dos humanos. Eles tem a alegria de celebrar sua salvação através daquele homem, sem pecado, que pagou com a morte o preço de libertar a todos, e que triunfou tendo ressuscitado, mostrando ser soberano, invencível, santo, redentor.
Guarulhos - SP
Textos publicados: 7 [ver]

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