Palavra do leitor
- 20 de fevereiro de 2019
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Compreendendo o homem, Jesus
"O Evangelho Segundo Jesus Cristo", escrito por José Saramago, é um romance aonde o autor tece a vida de Jesus mostrando-o desde a meninice. A maneira como ele via os soldados romanos indo e vindo em sua pobre cidadezinha e, nas ruas, toda sorte de gente pendurada em cruzes de madeira. Gente considerada marginal, e condenada a pena capital que era costume da época.
Jesus vai ao templo, como qualquer menino judeu, para aprender a Torá (os cinco rolos do Antigo Testamento), e mais tarde compreende qual seria sua verdadeira tarefa e missão. Sua relação ruim com sua mãe Maria; uma vez que na qualidade de filho mais velho ele deveria assumir a responsabilidade de sustento da casa, porém ele prefere sair por aí, de maneira itinerante pregando sua Mensagem. Sem ter aonde pousar a cabeça e descansar.
Um romance impressionante e cheio de sutilezas. Com um pouco de imaginação, José Saramago tenta "preencher" as lacunas deixadas pelos quatro evangelistas acerca da biografia de Jesus. E ao invés de dar-nos uma visão "de cima", prefere dar-nos uma visão "de baixo" sobre quem foi Jesus de Nazaré. O que em teologia se chama: alta cristologia e baixa cristologia.
Eu, por particularidade, aprecio tanto a alta quanto a baixa cristologia. A alta cristologia compreende que Jesus é Deus encarnado, homem perfeito e sem pecado. Ao passo que a baixa cristologia procura olhar a humanidade de Jesus: um judeu do século primeiro, vivendo como judeu, experimentando por um lado a opressão da elite religiosa de seu próprio povo que vendia-se para ter conforto e regalias, e por outro, experimentando a opressão romana do imperador e seus soldados.
Um homem que, tendo crescido assim, num povoado sem perspectivas e massacrado, poderia ter sido facilmente cooptado pelos zelotas — rebeldes armados que queriam fazer uma revolução. Poderia também entrar para a comunidade dos saduceus ou para a comunidade dos essênios que viviam distantes dos centro urbanos esperando a vinda Dele mesmo, Jesus, e o consequente fim do mundo.
E é este o cenário que o garoto Jesus percebia: elite religiosa e Roma oprimindo seu povo. E diante disto o que fazer (arrazoava ele): posso juntar-me aos rebeldes zelotas, aos fariseus (bah! nem pensar), aos saduceus ou aos essênios. Ou posso arrumar uma esposa e casar-me como qualquer judeu pobre daqui de Nazaré.
Enfim, usar um pouco de imaginação apoiado em boas leituras nos ajudam a compreender um pouco mais sobre a humanidade de Jesus. Afinal, um homem como nós, que lutou contra suas tendências e fraquezas antes que pudéssemos dizer em alto e bom som: Ele é Deus conosco, o Emanuel.
*** Fim ***
*Texto publicado originalmente em: http://escoladocristianismo.blogspot.com/2019/02/compreendendo-o-homem-jesus.html .
** JOSÉ CHADAN é mestre e bacharel com licenciatura em filosofia. Também é licenciado em história. Lecionou no ensino público do Estado de São Paulo durante 5 anos. É autor de livros e ensaios diversos. Escreve desde artigos acadêmicos a textos voltados para o grande público; os quais são periodicamente divulgados em revistas, blogs na internet e Facebook.
Jesus vai ao templo, como qualquer menino judeu, para aprender a Torá (os cinco rolos do Antigo Testamento), e mais tarde compreende qual seria sua verdadeira tarefa e missão. Sua relação ruim com sua mãe Maria; uma vez que na qualidade de filho mais velho ele deveria assumir a responsabilidade de sustento da casa, porém ele prefere sair por aí, de maneira itinerante pregando sua Mensagem. Sem ter aonde pousar a cabeça e descansar.
Um romance impressionante e cheio de sutilezas. Com um pouco de imaginação, José Saramago tenta "preencher" as lacunas deixadas pelos quatro evangelistas acerca da biografia de Jesus. E ao invés de dar-nos uma visão "de cima", prefere dar-nos uma visão "de baixo" sobre quem foi Jesus de Nazaré. O que em teologia se chama: alta cristologia e baixa cristologia.
Eu, por particularidade, aprecio tanto a alta quanto a baixa cristologia. A alta cristologia compreende que Jesus é Deus encarnado, homem perfeito e sem pecado. Ao passo que a baixa cristologia procura olhar a humanidade de Jesus: um judeu do século primeiro, vivendo como judeu, experimentando por um lado a opressão da elite religiosa de seu próprio povo que vendia-se para ter conforto e regalias, e por outro, experimentando a opressão romana do imperador e seus soldados.
Um homem que, tendo crescido assim, num povoado sem perspectivas e massacrado, poderia ter sido facilmente cooptado pelos zelotas — rebeldes armados que queriam fazer uma revolução. Poderia também entrar para a comunidade dos saduceus ou para a comunidade dos essênios que viviam distantes dos centro urbanos esperando a vinda Dele mesmo, Jesus, e o consequente fim do mundo.
E é este o cenário que o garoto Jesus percebia: elite religiosa e Roma oprimindo seu povo. E diante disto o que fazer (arrazoava ele): posso juntar-me aos rebeldes zelotas, aos fariseus (bah! nem pensar), aos saduceus ou aos essênios. Ou posso arrumar uma esposa e casar-me como qualquer judeu pobre daqui de Nazaré.
Enfim, usar um pouco de imaginação apoiado em boas leituras nos ajudam a compreender um pouco mais sobre a humanidade de Jesus. Afinal, um homem como nós, que lutou contra suas tendências e fraquezas antes que pudéssemos dizer em alto e bom som: Ele é Deus conosco, o Emanuel.
*** Fim ***
*Texto publicado originalmente em: http://escoladocristianismo.blogspot.com/2019/02/compreendendo-o-homem-jesus.html .
** JOSÉ CHADAN é mestre e bacharel com licenciatura em filosofia. Também é licenciado em história. Lecionou no ensino público do Estado de São Paulo durante 5 anos. É autor de livros e ensaios diversos. Escreve desde artigos acadêmicos a textos voltados para o grande público; os quais são periodicamente divulgados em revistas, blogs na internet e Facebook.
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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