Colhendo os feixes

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"Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos." Salmos 126.6

Eu e meu marido fizemos parte, há quatro anos, de um grupo de estudos bíblicos liderado por um casal cujo casamento, na época, completava três anos. Naquela oportunidade, o casal já planejava ter um filho. Muitas foram as tentativas de engravidar. Como a gravidez não acontecia, eles foram visitar um médico, que descobriu que o marido era estéril.

O casal compartilhou com os membros do nosso grupo de estudos a sua frustração. Até aquele momento, eles ainda estavam dispostos e confiantes, mesmo diante do diagnóstico, mas o tempo acabou minando suas expectativas. Muitos tratamentos foram tentados por eles, mas nada deu certo. Nós os víamos cada vez menos esperançosos, nos nossos encontros semanais.

Numa certa noite, há três anos, mais ou menos, tive um sonho com eles. Sonhei que estávamos num show lotado, e uma menininha de cerca de cinco anos dirigiu-se à minha líder e a chamou de mamãe. Enviei para ela um e-mail, contando sobre o sonho, e ela me respondeu, muito consternada, que, se tivesse uma filha, seu nome seria Larissa. Ela não sabia, mas Larissa é um nome de origem grega que significa “cheia de alegria”. E realmente seria muita alegria, para aquele casal, ter uma filha, um dia.

Há alguns meses, essa mulher fez mais um dos inúmeros testes de gravidez que já vinha fazendo desde que descobriu a esterilidade do marido, há quatro anos. Dessa vez, o resultado foi positivo. Tão inesperado, que nem os médicos que os acompanhavam acreditaram. Tiveram que fazer um ultra-som, para crer. E, realmente, lá estava o bebê. Na semana passada, a mulher enviou uma mensagem no meu celular, contando mais uma novidade: o bebê é a Larissa!

Quão dolorosos para esse casal foram os últimos quatro anos! Quatro anos, que correspondem a um mil, quatrocentos e sessenta dias, os quais somam, por sua vez, trinta e cinco mil e quarenta horas em que eles podem ter pensado no problema gigante que os abatia, sem vislumbrar uma única solução, a não ser um milagre, que Deus parecia não desejar realizar. Quantas lágrimas derramadas, quanta assolação na alma! E, de repente, a sorte desse casal mudou!

O tempo de espera pelo milagre rendeu aos pais da Larissa um aprendizado enorme, que eles mesmos reconhecem ter sido necessário. Esse testemunho fez com que todos nós que acompanhamos o casal entendêssemos que o trabalho do Senhor na vida deles foi bem mais completo do que simplesmente dar a eles o filho com que tanto sonhavam.

Por tudo isso é sempre muito emocionante pensar na chegada da Larissa. Ela me lembra, sempre que fico temerosa de que a providência de Deus não vá me socorrer, de que o Senhor não muda. Eu posso mudar, até mesmo esmorecendo na fé, mas Deus continuará o mesmo: misericordioso, bom, amoroso e consolador. Nada disso me garante que Ele atenderá a todos os meus pedidos, mas me garante que entreguei minha vida a quem nunca desejará o meu mal, ainda que eu não compreenda exatamente qual é o bem que Ele pretende a meu respeito.

Larissa nascerá em abril de 2009. Quanto a nós, que ainda não pudemos voltar carregando nossos feixes, vamos nos lembrar de que o tempo de espera também é um milagre em andamento. E nós o terminaremos com nossos “filhos” nos braços.

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Opinião do leitor