Palavra do leitor
- 06 de outubro de 2011
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Canudos: o Reino de Deus na Cidade dos Homens- uma expressão apocalipsista no Brasil
Continuação..
Belo Monte, Canudos, representava a antecipação do Reino de Deus. Era a inserção da Cidade de Deus na Cidade dos Homens. Era isto que magnetizava as multidões que corriam para Canudos, porquanto famílias miseráveis que há muito sofriam sob todas as formas de opressão e injustiça, sendo sempre alijadas dos processos de mobilidade social, esquecidas pelas autoridades, até mesmo as religiosas, visto que estas eram comprometidas com as civis e mantinham o status quo. A Igreja Católica, com seus párocos, amigos dos latifundiários que exploravam a população miserável, estava muito aquém de atender os anseios mais profundos da alma daquelas vítimas do extrato social perverso vigente no Brasil da época. Canudos, portanto, era o símbolo da salvação plena. Da libertação integral. Da dignidade que Deus quer que os homens adquiram. Antônio Conselheiro, sob muitos aspectos soube comunicar esta esperança ao povo que para Belo Monte deslocava-se.
Canudos não foi apenas um fenômeno religioso. Assim como também não foi apenas um fenômeno sociológico, mas a junção de ambas as perspectivas, pois seus moradores eram religiosos, tementes a Deus e desejosos da salvação, mas também na esperança de que suas vidas melhorassem ainda nesta dimensão da existência e todos os meios legítimos deveriam ser empregados para alcançar esta proposta. Canudos foi uma expressão apocalipsista brasileira.
4 – As Oposições
Os moradores de Canudos chegaram a construir cinco mil e duzentas casas que abrigavam mais de vinte mil pessoas. Todas debaixo da autoridade exclusiva de Antônio Conselheiro. Relativizavam a autoridade da Igreja Católica e não reconheciam a da República. Uma postura desta, na incipiente República, representava uma ameaça ao seu estabelecimento. Apesar dos incômodos que Canudos produzia, o clero e o governo não estavam se mobilizando contra Belo Monte até quando uma cobrança feita por Antônio Conselheiro em 1826 a um comerciante de Juazeiro, que não lhe entregou uma mercadoria comprada e devidamente paga e informando de que a buscaria, foi interpretada em tons de ameaça como se o líder de Belo Monte fosse sair de seu lugar, cercado de jagunços para vingar-se do comerciante. Tal mal entendido despertou ansiedades e nervosismos na população e nas autoridades de Juazeiro que apelaram para o governador que enviou tropas para proteger a cidade. Foi o início da Guerra de Canudos que, aliás, começa de forma ilegal e conveniente aos pretextos do governador, pois Antônio Conselheiro estava reclamando seu direito, pois comprou madeiras e estas não foram entregues. Seu objetivo ao desejar ir à Juazeiro era para adquirir seu produto que fora, inclusive, devidamente pago. Mas, as autoridades viram naquele deslocamento uma oportunidade para dizimar os moradores de Canudos e uma expedição, a primeira em quatro, foi enviada.
Apesar da força militar as primeiras expedições fracassaram todas. Foram necessárias quatro intervenções das forças militares em Canudos para destruí-lo o que aconteceu em 05 de outubro de 1897 quando os últimos resistentes sucumbiram. Antônio Conselheiro morreu em 22 de setembro de 1897, vitima de uma disenteria.
A Guerra de Canudos durou 1 ano, vitimando mais de vinte e cinco mil pessoas, onde se constatou uma das maiores ondas de assassinato já registradas no Brasil, haja vista que os moradores que se entregaram foram implacavelmente brutalizados pela fúria dos exércitos, que não pouparam brasileiros rendidos e indefesos, mesmo mulheres e crianças. A degola foi amplamente praticada por ocasião da vitória das tropas militares.
Baixas importantes também aconteceram entre os militares, talvez a mais significativa foi a do Coronel Antônio Moreira César, famoso e temível comandante do exército que se feriu em combate, vindo a morrer.
Canudos foi completamente destruída. Ao retornar para as metrópoles as tropas militares sofreram ondas de protestos por parte da população, da imprensa e também dos próprios políticos. Muitos queriam a dispersão de Canudos, mas repudiavam os métodos insanos e selvagens com que os militares aplicaram a missão, configurando, assim, em uma das mais sujas e sangrentas páginas da história do Brasil republicano.
Continua...
Belo Monte, Canudos, representava a antecipação do Reino de Deus. Era a inserção da Cidade de Deus na Cidade dos Homens. Era isto que magnetizava as multidões que corriam para Canudos, porquanto famílias miseráveis que há muito sofriam sob todas as formas de opressão e injustiça, sendo sempre alijadas dos processos de mobilidade social, esquecidas pelas autoridades, até mesmo as religiosas, visto que estas eram comprometidas com as civis e mantinham o status quo. A Igreja Católica, com seus párocos, amigos dos latifundiários que exploravam a população miserável, estava muito aquém de atender os anseios mais profundos da alma daquelas vítimas do extrato social perverso vigente no Brasil da época. Canudos, portanto, era o símbolo da salvação plena. Da libertação integral. Da dignidade que Deus quer que os homens adquiram. Antônio Conselheiro, sob muitos aspectos soube comunicar esta esperança ao povo que para Belo Monte deslocava-se.
Canudos não foi apenas um fenômeno religioso. Assim como também não foi apenas um fenômeno sociológico, mas a junção de ambas as perspectivas, pois seus moradores eram religiosos, tementes a Deus e desejosos da salvação, mas também na esperança de que suas vidas melhorassem ainda nesta dimensão da existência e todos os meios legítimos deveriam ser empregados para alcançar esta proposta. Canudos foi uma expressão apocalipsista brasileira.
4 – As Oposições
Os moradores de Canudos chegaram a construir cinco mil e duzentas casas que abrigavam mais de vinte mil pessoas. Todas debaixo da autoridade exclusiva de Antônio Conselheiro. Relativizavam a autoridade da Igreja Católica e não reconheciam a da República. Uma postura desta, na incipiente República, representava uma ameaça ao seu estabelecimento. Apesar dos incômodos que Canudos produzia, o clero e o governo não estavam se mobilizando contra Belo Monte até quando uma cobrança feita por Antônio Conselheiro em 1826 a um comerciante de Juazeiro, que não lhe entregou uma mercadoria comprada e devidamente paga e informando de que a buscaria, foi interpretada em tons de ameaça como se o líder de Belo Monte fosse sair de seu lugar, cercado de jagunços para vingar-se do comerciante. Tal mal entendido despertou ansiedades e nervosismos na população e nas autoridades de Juazeiro que apelaram para o governador que enviou tropas para proteger a cidade. Foi o início da Guerra de Canudos que, aliás, começa de forma ilegal e conveniente aos pretextos do governador, pois Antônio Conselheiro estava reclamando seu direito, pois comprou madeiras e estas não foram entregues. Seu objetivo ao desejar ir à Juazeiro era para adquirir seu produto que fora, inclusive, devidamente pago. Mas, as autoridades viram naquele deslocamento uma oportunidade para dizimar os moradores de Canudos e uma expedição, a primeira em quatro, foi enviada.
Apesar da força militar as primeiras expedições fracassaram todas. Foram necessárias quatro intervenções das forças militares em Canudos para destruí-lo o que aconteceu em 05 de outubro de 1897 quando os últimos resistentes sucumbiram. Antônio Conselheiro morreu em 22 de setembro de 1897, vitima de uma disenteria.
A Guerra de Canudos durou 1 ano, vitimando mais de vinte e cinco mil pessoas, onde se constatou uma das maiores ondas de assassinato já registradas no Brasil, haja vista que os moradores que se entregaram foram implacavelmente brutalizados pela fúria dos exércitos, que não pouparam brasileiros rendidos e indefesos, mesmo mulheres e crianças. A degola foi amplamente praticada por ocasião da vitória das tropas militares.
Baixas importantes também aconteceram entre os militares, talvez a mais significativa foi a do Coronel Antônio Moreira César, famoso e temível comandante do exército que se feriu em combate, vindo a morrer.
Canudos foi completamente destruída. Ao retornar para as metrópoles as tropas militares sofreram ondas de protestos por parte da população, da imprensa e também dos próprios políticos. Muitos queriam a dispersão de Canudos, mas repudiavam os métodos insanos e selvagens com que os militares aplicaram a missão, configurando, assim, em uma das mais sujas e sangrentas páginas da história do Brasil republicano.
Continua...
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