Palavra do leitor
- 14 de abril de 2009
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Apóstolos de ontem, pseudoapóstolos de hoje
A cada dia nos deparamos com situações no "mundo evangélico" que chegam a ser cômicas, para não usar outra palavra. Um conhecido pastor da nossa Capital está procurando os pastores de todas as denominações evangélicas com o intuito de colher suas assinaturas para poder se tornar "apóstolo". De acordo com o postulante do título, é necessário um bom número de assinaturas para ratificar o seu projeto.
Esse fato causou-me admiração e estranheza. Pelo pouco que conheço da Bíblia, jamais encontrei em todo o Novo Testamento ou na "tradição" da igreja algo parecido. Diante disso, resolvi escrever este singelo texto que começa com a seguinte pergunta: Que é ser apóstolo a partir de uma simples questão hermenêutica?
Apóstolo (απόστολος) vem da raiz do verbo grego αποστέλλω/apostéllô que é ‘enviar’. Os primeiros seguidores de Jesus foram chamados “discípulos” – em grego μαθήτης/mathêtês – literalmente “aquele que se debruça aos pés do mestre para apreender os seus ensinos” (Mt 4.18-21; 10.1). Depois do aprendizado, os discípulos foram designados απόστολος/apóstolo, literalmente “enviados com uma missão” (Mt 10.2-42; Lc 6.12-15; 9.1-8); posteriormente esses apóstolos são chamados μάρτυς/mártys – “testemunhas” – literalmente “aquele que está disposto a entregar a própria vida pela defesa da ‘verdade’ (At 1.8). E, por último, foram chamados χριστιανός/christianós – ‘cristãos’ – literalmente “um pequeno Cristo” ou “imitador de Cristo” (At 11.26).
De acordo com Atos 1.21-22, quando os apóstolos se reuniram para tratar a respeito da vaga de Judas no grupo apostólico, assim se definiu as exigências: “Portanto, é necessário que escolhamos um dos homens que estiveram conosco durante todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu entre nós, desde o batismo de João até o dia em que Jesus foi elevado dentre nós às alturas. É preciso que um deles seja conosco testemunha de sua ressurreição”. São inequívocas aqui duas coisas: “um” dos homens, não dois ou três ou mais, e que o candidato deveria ter sido testemunha ocular de todo o tempo do ministério público de Jesus, desde seu batismo até sua ascensão. As exigências eram tão levadas a sério, que Paulo teve grandes dificuldades para ser aceito como apóstolo junto ao círculo apostólico original e em algumas comunidades de fé (1Co 9.1-3; 2Co 11.5-6; 12.11-12). Tiago, Pedro e João aceitaram Paulo no colégio apostólico (Gl 2.9), e Deus confirmou sua condição de apóstolo pelos sinais de um apóstolo, “sinais, maravilhas e milagres” (2Co 12.12; Hb 2.3-4) e pelos frutos do seu ministério (1Co 9.2). Os apóstolos foram agentes de Deus na revelação das verdades que se tornariam a regra de fé e de vida cristãs.
Não há apóstolos hoje, ainda que alguns cristãos realizem ministérios que, de modo particular, são apostólicos em estilo. Nenhuma nova revelação canônica está sendo dada; a autoridade do ensino apostólico reside nas Escrituras canônicas. A ausência de nova revelação não coloca a Igreja contemporânea em desvantagem quando comparada com a Igreja dos dias dos apóstolos, porque o Espírito Santo interpreta e aplica as Escrituras ao povo de Deus continuamente.
Entretanto, quero ainda fazer um paralelo dos apóstolos de ontem com o que denomino de ‘pseudoapóstolos’ de hoje. O apóstolo de ontem era servo (Mc 10.43-45); o pseudoapóstolo de hoje, senhor (Mc 10.43-45); o apóstolo de ontem negava-se a si mesmo (Mt 16.24); o pseudoapóstolo de hoje, autoafirma-se; o apóstolo de ontem perdia a vida para ganhar (Mt 16.25); o pseudoapóstolo de hoje, ganha para perder; o apóstolo de ontem não tinha prata nem ouro (At 3.6); o pseudoapóstolo de hoje, tem ‘reais’, ‘dólares’, ‘euros’ e outros ‘bens’. O apóstolo de ontem estava disposto a morrer pela defesa do verdadeiro Evangelho (At 4.18-20); o pseudoapóstolo de hoje quer continuar vivendo defendendo um ‘evangelho’ de conveniência; o apóstolo de ontem trazia no corpo as marcas de Cristo – o “ser” (Gl 6.17); o pseudoapóstolo de hoje, traz as marcas deste século – o “ter”; o apóstolo de ontem trazia no corpo o morrer de Jesus (2Co 4.10-12); o pseudoapóstolo de hoje, o ‘viver’ em toda a sua expressão. o apóstolo de ontem dizia: “fui crucificado com Cristo” (Gl 2.20); o pseudoapóstolo de hoje: “estou comprometido com o mundo”. O apóstolo de ontem afirmava: “tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4.13); o pseudoapóstolo de hoje: “tudo posso com o dinheiro que tenho”; o apóstolo de ontem reconhecia: “miserável homem que sou” (Rm 7.24); o pseudoapóstolo de hoje: “que ‘ungidão’ eu sou”; o apóstolo de ontem relutava: “todas as coisas são lícitas, mas nem todas as coisas convêm (1Co 10.23); o pseudoapóstolo de hoje: “todas as coisas ‘ilícitas’ me convêm”.
Encerro com as palavras de Paulo, apóstolo de ontem: "Pois tais homens são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, fingindo-se apóstolos de Cristo. Isto não é de admirar, pois o próprio Satanás se disfarça de anjo de luz" (2Co 11.13-14).
Tudo é uma simples questão de hermenêutica!
Esse fato causou-me admiração e estranheza. Pelo pouco que conheço da Bíblia, jamais encontrei em todo o Novo Testamento ou na "tradição" da igreja algo parecido. Diante disso, resolvi escrever este singelo texto que começa com a seguinte pergunta: Que é ser apóstolo a partir de uma simples questão hermenêutica?
Apóstolo (απόστολος) vem da raiz do verbo grego αποστέλλω/apostéllô que é ‘enviar’. Os primeiros seguidores de Jesus foram chamados “discípulos” – em grego μαθήτης/mathêtês – literalmente “aquele que se debruça aos pés do mestre para apreender os seus ensinos” (Mt 4.18-21; 10.1). Depois do aprendizado, os discípulos foram designados απόστολος/apóstolo, literalmente “enviados com uma missão” (Mt 10.2-42; Lc 6.12-15; 9.1-8); posteriormente esses apóstolos são chamados μάρτυς/mártys – “testemunhas” – literalmente “aquele que está disposto a entregar a própria vida pela defesa da ‘verdade’ (At 1.8). E, por último, foram chamados χριστιανός/christianós – ‘cristãos’ – literalmente “um pequeno Cristo” ou “imitador de Cristo” (At 11.26).
De acordo com Atos 1.21-22, quando os apóstolos se reuniram para tratar a respeito da vaga de Judas no grupo apostólico, assim se definiu as exigências: “Portanto, é necessário que escolhamos um dos homens que estiveram conosco durante todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu entre nós, desde o batismo de João até o dia em que Jesus foi elevado dentre nós às alturas. É preciso que um deles seja conosco testemunha de sua ressurreição”. São inequívocas aqui duas coisas: “um” dos homens, não dois ou três ou mais, e que o candidato deveria ter sido testemunha ocular de todo o tempo do ministério público de Jesus, desde seu batismo até sua ascensão. As exigências eram tão levadas a sério, que Paulo teve grandes dificuldades para ser aceito como apóstolo junto ao círculo apostólico original e em algumas comunidades de fé (1Co 9.1-3; 2Co 11.5-6; 12.11-12). Tiago, Pedro e João aceitaram Paulo no colégio apostólico (Gl 2.9), e Deus confirmou sua condição de apóstolo pelos sinais de um apóstolo, “sinais, maravilhas e milagres” (2Co 12.12; Hb 2.3-4) e pelos frutos do seu ministério (1Co 9.2). Os apóstolos foram agentes de Deus na revelação das verdades que se tornariam a regra de fé e de vida cristãs.
Não há apóstolos hoje, ainda que alguns cristãos realizem ministérios que, de modo particular, são apostólicos em estilo. Nenhuma nova revelação canônica está sendo dada; a autoridade do ensino apostólico reside nas Escrituras canônicas. A ausência de nova revelação não coloca a Igreja contemporânea em desvantagem quando comparada com a Igreja dos dias dos apóstolos, porque o Espírito Santo interpreta e aplica as Escrituras ao povo de Deus continuamente.
Entretanto, quero ainda fazer um paralelo dos apóstolos de ontem com o que denomino de ‘pseudoapóstolos’ de hoje. O apóstolo de ontem era servo (Mc 10.43-45); o pseudoapóstolo de hoje, senhor (Mc 10.43-45); o apóstolo de ontem negava-se a si mesmo (Mt 16.24); o pseudoapóstolo de hoje, autoafirma-se; o apóstolo de ontem perdia a vida para ganhar (Mt 16.25); o pseudoapóstolo de hoje, ganha para perder; o apóstolo de ontem não tinha prata nem ouro (At 3.6); o pseudoapóstolo de hoje, tem ‘reais’, ‘dólares’, ‘euros’ e outros ‘bens’. O apóstolo de ontem estava disposto a morrer pela defesa do verdadeiro Evangelho (At 4.18-20); o pseudoapóstolo de hoje quer continuar vivendo defendendo um ‘evangelho’ de conveniência; o apóstolo de ontem trazia no corpo as marcas de Cristo – o “ser” (Gl 6.17); o pseudoapóstolo de hoje, traz as marcas deste século – o “ter”; o apóstolo de ontem trazia no corpo o morrer de Jesus (2Co 4.10-12); o pseudoapóstolo de hoje, o ‘viver’ em toda a sua expressão. o apóstolo de ontem dizia: “fui crucificado com Cristo” (Gl 2.20); o pseudoapóstolo de hoje: “estou comprometido com o mundo”. O apóstolo de ontem afirmava: “tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4.13); o pseudoapóstolo de hoje: “tudo posso com o dinheiro que tenho”; o apóstolo de ontem reconhecia: “miserável homem que sou” (Rm 7.24); o pseudoapóstolo de hoje: “que ‘ungidão’ eu sou”; o apóstolo de ontem relutava: “todas as coisas são lícitas, mas nem todas as coisas convêm (1Co 10.23); o pseudoapóstolo de hoje: “todas as coisas ‘ilícitas’ me convêm”.
Encerro com as palavras de Paulo, apóstolo de ontem: "Pois tais homens são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, fingindo-se apóstolos de Cristo. Isto não é de admirar, pois o próprio Satanás se disfarça de anjo de luz" (2Co 11.13-14).
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