Palavra do leitor
- 08 de julho de 2008
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Ação e distorção
"O meu povo perece por falta de conhecimento" (Oséias 4.6a)
No último sábado, eu e meu marido fomos convidados para a reunião da célula de uns amigos da igreja, depois da qual seria comemorado o aniversário de um deles. Quem ministrou a palavra foi uma pastora, irmã da líder da célula. Assistimos a um filme que introduziu o assunto da ministração dela e, então, ela falou rapidamente. No final da palavra, ela nos convidou a colocar nossos sentimentos diante de Deus, para que Ele agisse, curando nossas almas. Aquilo foi uma resposta de oração, para mim. Havia semanas que eu vinha clamando para que Deus tirasse de mim a amargura que eu sentia por conta de alguns desgostos que havia experimentado. Cura era exatamente do que eu precisava, então decidi ficar à vontade na presença do Senhor, para que Ele agisse.
A pastora veio orar por mim. Quando ela pediu cura em sua oração, Deus agiu tão "violentamente", que eu gritei bem alto, tamanha a dor que senti. Era como se um pedaço de mim estivesse sendo arrancado sem anestesia. Doeu, mas o alívio imediato confirmou que aquela raiz que me entristecia tanto já não estava mais no meu coração.
O que o Senhor fez por mim, naquela noite, foi rápido, mas eficiente e eterno. Eu fiquei satisfeita e agradecida a Deus. Mas a pastora não. Quando gritei, não sei como, acabei no chão. Ia levantar-me imediatamente, quando a pastora colocou a mão sobre mim e falou: “Gente, é a legião! Vamos orar, aqui!” Ouvi um amigo ordenando: “Sai, que este corpo não te pertence.” Olhei para o lado e vi uma amiga “sapateando” e gritando: “Sai, em nome de Jesus!” Fiquei abismada com o rumo que a situação tomou. Meu marido permanecia sentado, sem encontrar justificativa para o alvoroço. Eu fiquei no chão, decidindo o que fazer: levantar-me e dizer que todos se enganaram, ou ficar no chão, para não constranger ninguém? A pastora agiu mais rápido que eu, derramando óleo no meu cabelo limpo e na minha roupa inteira.
Decidi sentar-me, na tentativa de fazer com que todos percebessem que não havia demônio nenhum. Meneei a cabeça, tentando mostrar que não fazia sentido aquilo tudo, mas só fui vista como um demônio que resistia ao nome de Jesus. Desisti. Fiquei sentada, quieta, esperando que a pastora se calasse, e o grupo sossegasse. Quando ela finalmente parou de orar, fez-me confessar que Jesus veio em carne a esta terra. Achei uma bobagem, mas confessei, porque, conhecendo o objetivo do que ela fazia, naquele momento, eu esperava que aquela cena constrangedora tivesse um fim. Mas ela não acreditou que eu havia sido capaz de falar, e me fez repetir. Como eu a atendi, ela fez o apelo: “Repita: eu recebo o Senhor Jesus como meu Salvador.” Eu respondi: “Eu já O recebi há anos!”
Finalmente consegui ficar de pé. Todos me olhavam como se eu fosse uma aberração. Pudera: eu estava toda suja de óleo, com o cabelo duro, a maquiagem borrada, totalmente descomposta. Eu queria sumir! Quando o tumulto se dissipou, um dos membros do grupo (o único que eu ainda não conhecia) aproximou-se e me orientou a participar do culto de libertação da igreja, dizendo: “Há demônios que não saem com o nome de Jesus, nem com jejum, nem com óleo, mesmo. Mas saem com amor. A pessoa só precisa de um abraço, e o demônio vai embora.” Meu marido arregalou os olhos, diante do absurdo que havíamos acabado de ouvir. Não nos demoramos muito mais na festa. Antes de partir, porém, chamei os líderes da célula em particular, para esclarecer toda a história.
Inacreditável que existam pessoas que servem a Deus há tantos anos e ainda não saibam que onde o Espírito Santo do Senhor habita não há lugar para outros espíritos. Um cristão genuíno pode experimentar a opressão demoníaca em algum momento, mas a possessão, jamais! Quase todos ali me conheciam o suficiente para saber que sou convertida. No entanto, eles ainda acreditaram que havia uma legião no meu corpo, levados apenas pela credibilidade que deram à palavra da pastora, que, infelizmente, não discerniu nada do que de fato aconteceu comigo.
Coisas assim têm-se tornado comuns, no meio cristão. Espiritualizar o natural e naturalizar o espiritual são condutas que têm partido até mesmo das lideranças. E, se diante de uma “oração forte”, o corpo não sucumbe, é sinal de que o demônio é atrevido, e não de que não há demônio nenhum na pessoa. De outro lado, o fato de os liderados provarem conhecimento da Palavra, diante do equívoco das lideranças, é interpretado como rebelião e tratado como possessão demoníaca.
Sinceramente, espero que isso se corrija. Não só para que eu não passe por um vexame como o que vivi, nunca mais, mas principalmente, para que nenhum de nós pereça na luta contra as coisas naturais e espirituais, por não as distinguirmos. Que Deus nos dê entendimento sempre, para que não nos percamos!
No último sábado, eu e meu marido fomos convidados para a reunião da célula de uns amigos da igreja, depois da qual seria comemorado o aniversário de um deles. Quem ministrou a palavra foi uma pastora, irmã da líder da célula. Assistimos a um filme que introduziu o assunto da ministração dela e, então, ela falou rapidamente. No final da palavra, ela nos convidou a colocar nossos sentimentos diante de Deus, para que Ele agisse, curando nossas almas. Aquilo foi uma resposta de oração, para mim. Havia semanas que eu vinha clamando para que Deus tirasse de mim a amargura que eu sentia por conta de alguns desgostos que havia experimentado. Cura era exatamente do que eu precisava, então decidi ficar à vontade na presença do Senhor, para que Ele agisse.
A pastora veio orar por mim. Quando ela pediu cura em sua oração, Deus agiu tão "violentamente", que eu gritei bem alto, tamanha a dor que senti. Era como se um pedaço de mim estivesse sendo arrancado sem anestesia. Doeu, mas o alívio imediato confirmou que aquela raiz que me entristecia tanto já não estava mais no meu coração.
O que o Senhor fez por mim, naquela noite, foi rápido, mas eficiente e eterno. Eu fiquei satisfeita e agradecida a Deus. Mas a pastora não. Quando gritei, não sei como, acabei no chão. Ia levantar-me imediatamente, quando a pastora colocou a mão sobre mim e falou: “Gente, é a legião! Vamos orar, aqui!” Ouvi um amigo ordenando: “Sai, que este corpo não te pertence.” Olhei para o lado e vi uma amiga “sapateando” e gritando: “Sai, em nome de Jesus!” Fiquei abismada com o rumo que a situação tomou. Meu marido permanecia sentado, sem encontrar justificativa para o alvoroço. Eu fiquei no chão, decidindo o que fazer: levantar-me e dizer que todos se enganaram, ou ficar no chão, para não constranger ninguém? A pastora agiu mais rápido que eu, derramando óleo no meu cabelo limpo e na minha roupa inteira.
Decidi sentar-me, na tentativa de fazer com que todos percebessem que não havia demônio nenhum. Meneei a cabeça, tentando mostrar que não fazia sentido aquilo tudo, mas só fui vista como um demônio que resistia ao nome de Jesus. Desisti. Fiquei sentada, quieta, esperando que a pastora se calasse, e o grupo sossegasse. Quando ela finalmente parou de orar, fez-me confessar que Jesus veio em carne a esta terra. Achei uma bobagem, mas confessei, porque, conhecendo o objetivo do que ela fazia, naquele momento, eu esperava que aquela cena constrangedora tivesse um fim. Mas ela não acreditou que eu havia sido capaz de falar, e me fez repetir. Como eu a atendi, ela fez o apelo: “Repita: eu recebo o Senhor Jesus como meu Salvador.” Eu respondi: “Eu já O recebi há anos!”
Finalmente consegui ficar de pé. Todos me olhavam como se eu fosse uma aberração. Pudera: eu estava toda suja de óleo, com o cabelo duro, a maquiagem borrada, totalmente descomposta. Eu queria sumir! Quando o tumulto se dissipou, um dos membros do grupo (o único que eu ainda não conhecia) aproximou-se e me orientou a participar do culto de libertação da igreja, dizendo: “Há demônios que não saem com o nome de Jesus, nem com jejum, nem com óleo, mesmo. Mas saem com amor. A pessoa só precisa de um abraço, e o demônio vai embora.” Meu marido arregalou os olhos, diante do absurdo que havíamos acabado de ouvir. Não nos demoramos muito mais na festa. Antes de partir, porém, chamei os líderes da célula em particular, para esclarecer toda a história.
Inacreditável que existam pessoas que servem a Deus há tantos anos e ainda não saibam que onde o Espírito Santo do Senhor habita não há lugar para outros espíritos. Um cristão genuíno pode experimentar a opressão demoníaca em algum momento, mas a possessão, jamais! Quase todos ali me conheciam o suficiente para saber que sou convertida. No entanto, eles ainda acreditaram que havia uma legião no meu corpo, levados apenas pela credibilidade que deram à palavra da pastora, que, infelizmente, não discerniu nada do que de fato aconteceu comigo.
Coisas assim têm-se tornado comuns, no meio cristão. Espiritualizar o natural e naturalizar o espiritual são condutas que têm partido até mesmo das lideranças. E, se diante de uma “oração forte”, o corpo não sucumbe, é sinal de que o demônio é atrevido, e não de que não há demônio nenhum na pessoa. De outro lado, o fato de os liderados provarem conhecimento da Palavra, diante do equívoco das lideranças, é interpretado como rebelião e tratado como possessão demoníaca.
Sinceramente, espero que isso se corrija. Não só para que eu não passe por um vexame como o que vivi, nunca mais, mas principalmente, para que nenhum de nós pereça na luta contra as coisas naturais e espirituais, por não as distinguirmos. Que Deus nos dê entendimento sempre, para que não nos percamos!
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