Palavra do leitor
- 16 de abril de 2013
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A "ignorância" é uma benção
Tem gênio por ai que já disse em algum lugar: “de tudo ficou um pouco” e dessa pouca memória, lamento dizer que a maior parte do que fica é o quase nada e se “de ternura ficou um pouco (muito pouco)”, do caos ficou muito.
Ficou a ternura daqueles tempos de comprar “chicletes” na padaria com o troco do pão da minha vó, época onde não existiam doenças, poluição, uma época pré-web, pré-google, pré-i-share, pré-caos, onde “curtir” significava algo mais do que aquele dedim digital. Ficaram tardes de sol onde as possibilidades eram infinitas com os “amigos”, num tempo quando “amigos” eram mais que uma foto entre outras 1000. Tempo em que corríamos atrás de informação, bandas, novidades (via bebidas ‘’clandestinas’’), livros, marcas de tênis ou da “peita mais estribada”. Todas as coisas aconteciam ao seu redor. “O tempo passa” e com ele passa tudo aqui, na terra da eterna bomba atômica, que nunca explode...
Na era do caos, tudo está se tornando possível. podemos criar nossos clones virtuais, que terão amigos virtuais mil vezes mais interessantes que seus amigos. Podemos salvar o planeta clicando em um mouse. Em tempos de caos, só não vale ‘’virar’’ homossexual, mas até isso parece que foi por água abaixo. Nesse tempo que será lembrado como “o período Feliciano’’, aquele que ‘’defende’’ os direitos humanos, e se esquece dos humanos direitos...
Dizem que “a ignorância é uma benção” e concordo com isso. Queria ser ignorante o suficiente para “curtir” o rock n’ rio, a Dilma, os Stones, o Inhotim. Queria ser ignorante o suficiente para acreditar na vida, na família, nos feriados com seus rituais monótonos que te dão sono e dor de cabeça, nas divindades inventadas dos tempos atuais, nos pastores ‘’for export’’, no Pedro Bial. A ignorância é uma benção e, como tudo que é santo, é para poucos e esses poucos são... uns poucos. “A salvação meu irmão” (via capitão nascimento) é um prato azedo servido em louça chinesa e prataria inglesa.
Os valores mudaram e me parece que se a vida não fazia muito sentido antes, agora pode estar pior ainda, pois sabemos que as únicas coisas que terão algum valor são as lembranças, as memórias e um monte de outras coisas ‘’retardadas’’ que podem ir para o buraco. Há esperanças? Talvez nos versos de Drummond:
’’ Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.
Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor’’...
Em tempos de caos, agora entendo o que as Lamentações de Jeremias (3:21) dizia: ‘’ Quero trazer à memória AQUILO que me dá esperanças... .
Alessandra Dantas
Ficou a ternura daqueles tempos de comprar “chicletes” na padaria com o troco do pão da minha vó, época onde não existiam doenças, poluição, uma época pré-web, pré-google, pré-i-share, pré-caos, onde “curtir” significava algo mais do que aquele dedim digital. Ficaram tardes de sol onde as possibilidades eram infinitas com os “amigos”, num tempo quando “amigos” eram mais que uma foto entre outras 1000. Tempo em que corríamos atrás de informação, bandas, novidades (via bebidas ‘’clandestinas’’), livros, marcas de tênis ou da “peita mais estribada”. Todas as coisas aconteciam ao seu redor. “O tempo passa” e com ele passa tudo aqui, na terra da eterna bomba atômica, que nunca explode...
Na era do caos, tudo está se tornando possível. podemos criar nossos clones virtuais, que terão amigos virtuais mil vezes mais interessantes que seus amigos. Podemos salvar o planeta clicando em um mouse. Em tempos de caos, só não vale ‘’virar’’ homossexual, mas até isso parece que foi por água abaixo. Nesse tempo que será lembrado como “o período Feliciano’’, aquele que ‘’defende’’ os direitos humanos, e se esquece dos humanos direitos...
Dizem que “a ignorância é uma benção” e concordo com isso. Queria ser ignorante o suficiente para “curtir” o rock n’ rio, a Dilma, os Stones, o Inhotim. Queria ser ignorante o suficiente para acreditar na vida, na família, nos feriados com seus rituais monótonos que te dão sono e dor de cabeça, nas divindades inventadas dos tempos atuais, nos pastores ‘’for export’’, no Pedro Bial. A ignorância é uma benção e, como tudo que é santo, é para poucos e esses poucos são... uns poucos. “A salvação meu irmão” (via capitão nascimento) é um prato azedo servido em louça chinesa e prataria inglesa.
Os valores mudaram e me parece que se a vida não fazia muito sentido antes, agora pode estar pior ainda, pois sabemos que as únicas coisas que terão algum valor são as lembranças, as memórias e um monte de outras coisas ‘’retardadas’’ que podem ir para o buraco. Há esperanças? Talvez nos versos de Drummond:
’’ Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.
Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor’’...
Em tempos de caos, agora entendo o que as Lamentações de Jeremias (3:21) dizia: ‘’ Quero trazer à memória AQUILO que me dá esperanças... .
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