Por Lucas Pedro

O Senhor, porém, fez soprar um forte vento sobre o mar, e caiu uma tempestade tão violenta que o barco ameaçava arrebentar-se. Todos os marinheiros ficaram com medo e cada um clamava ao seu próprio deus. E atiraram as cargas ao mar para tornar o navio mais leve. Enquanto isso, Jonas, que tinha descido ao porão e se deitara, dormia profundamente. O capitão dirigiu-se a ele e disse: “Como você pode ficar aí dormindo? Levante-se e clame ao seu deus! Talvez ele tenha piedade de nós e não morramos”. Jonas 1.4-6 NVI

Tenho tido o privilégio de estudar o livro do profeta Jonas e tenho compartilhado alguns destes aprendizados com minha igreja local. O homem que foi engolido pelo peixe, como aprendemos na escola dominical durante a infância. Mas o livro não é sobre Jonas, é sobre Deus, sobre sua soberania e compaixão. Só depois disso o livro é sobre Jonas e sobre você e eu, que ainda precisamos aprender muito mais sobre essa soberania e essa compaixão divina. O livro é também sobre uma cidade que alcança a misericórdia de Deus, por demonstrar profundo arrependimento por seus erros e maldades.

Porém, antes disso, durante uma tempestade no mar, o profeta Jonas dorme, indiferente à situação de pavor dos tripulantes daquele barco. Um servo de Deus, indiferente às demandas do bem comum. Mas, ali, ele se vê diante de homens pagãos que se esforçam pelo bem comum, homens que mesmo sem conhecê-lo, arriscam suas vidas para manter a vida do profeta indiferente. Jonas pede para ser jogado, mas aqueles marinheiros tentam encontrar outros meios de sair daquela situação sem perder nenhuma vida.

O Covid-19, este microscópico inimigo mundial, novamente nos lembrou que estamos no mesmo barco como humanidade. De todas as raças e etnias, de todos os credos e descrenças, navegamos hoje no meio de uma tempestade que já ceifou milhares de vidas. Enquanto alguns dormem, minimizando o problema, outros se esforçam e se sacrificam a procurar meios de minimizar as perdas. Neste cenário, a igreja cristã se divide entre alguns insanos que se negam a fechar suas portas, talvez com medo dos prejuízos financeiros, enquanto a maioria fecha seus prédios como ostras intimidadas. Mas, o que faremos?

Quero crer que nós, cristãos evangélicos, não cederemos à indiferença de Jonas. Quero crer que seremos luzeiros neste momento de trevas. Quero crer que seremos a voz de esperança neste momento de morte e temor. Quero crer que não dormiremos! Quero crer que faremos mais do que apenas fechar nossos templos e nos isolarmos em avatares e cultos virtuais. Quero crer que seguiremos o exemplo dos marinheiros pagãos que jogaram seus pertences e se esforçaram ao máximo para não perder nenhum tripulante. Quero crer que seguiremos o exemplo da grande cidade pagã que dobrou seus joelhos e se humilhou diante da soberania de Deus.

Diante disso, faço um apelo específico a você, jovem leitor: Desafie sua igreja a ceder sua estrutura física às secretarias e órgãos de saúde de sua cidade. Desafie sua igreja a fazer mais do que fechar suas portas. Que as portas da igreja de Cristo no Brasil sejam abertas para que vidas sejam poupadas neste grande período de tribulação, nesta grande tempestade na qual estamos apenas adentrando.

Deixo com vocês o texto de Isaías que desafiou o conselho da minha igreja a esta ação:

‘Por que jejuamos’, dizem, ‘e não o viste? Por que nos humilhamos, e não reparaste? ’ Contudo, no dia do seu jejum vocês fazem o que é do agrado de vocês, e exploram os seus empregados.

Seu jejum termina em discussão e rixa, e em brigas de socos brutais. Vocês não podem jejuar como fazem hoje e esperar que a sua voz seja ouvida no alto.

Será esse o jejum que escolhi, que apenas um dia o homem se humilhe, incline a cabeça como o junco e se deite sobre pano de saco e cinzas? É isso que vocês chamam jejum, um dia aceitável ao Senhor?

“O jejum que desejo não é este: soltar as correntes da injustiça, desatar as cordas do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e romper todo jugo?

Não é partilhar sua comida com o faminto, abrigar o pobre desamparado, vestir o nu que você encontrou, e não recusar ajuda ao próximo?

Aí sim, a sua luz irromperá como a alvorada, e prontamente surgirá a sua cura; a sua retidão irá adiante de você, e a glória do Senhor estará na sua retaguarda. – Isaías 58:3-8

  • Lucas Pedro é autor do blog Transformai-vos. Atua na área de Comunicação e Web Design e ministra oficinas em diversas igrejas no Brasil.

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