Por Daniela Piva

Às vezes vem o grande sentimento de inadequação. Como se eu tivesse nascido no lugar errado, na família errada, sabe? Como a flor plantada num vaso bem feio. Como se tudo sobre mim fosse inadequado, estranho e, de novo, errado.

Bate aquela grande síndrome da rejeição. Eu sei bem desde quando ela me acompanha, já falei sobre ela tantas vezes. Antes de nascer, ela já exista em mim… Como isso é possível?

Não sei explicar cientificamente. Mas, essa síndrome já existia. Essa síndrome que me diz que não sou boa o suficiente, que a cor da flor que sou não se pode ser. Vem as minhas dúvidas e questionamentos.

E então percebo que não são só meus. Não sou só eu que os sinto sozinha. Talvez seja eu quem mais fale sobre eles, talvez seja eu que abra o peito e fale a verdade, mas os escuto também em tantas outras histórias. E ao escutar no outro, olho pra mim.

E penso que não, não posso aceitar que a minha cor não seja boa. Ela é boa sim. Ela é minha, e só minha. Ela é linda. Ela cabe nos vasos que escolhem olhar todos os seus detalhes, e se apaixonam por cada pétala.

Não! Ela não é perfeita, e nunca será, mas ela será perfeitamente humana. Perfeitamente amada, perfeitamente aceita, perfeitamente livre. Porque tudo isso ela já foi.

Que privilégio meu escutar tantas histórias e poder dizer: “Não se preocupe, no meu jardim você cabe perfeitamente, e conheço outro Alguém que também diria o mesmo!” Nesses momentos, então, só agradeço. Porque me lembro de que tenho jardins onde também me desejam perfeitamente humano.

  • Daniela Piva. Filha do Criador. Psicóloga. Psicodramatista. Viajante do mundo por chamado e paixão. Escritora e Artista amadora. Curiosa e questionadora. Cozinheira por hobby. Aprendiz da vida. Em busca de uma vida mais saudável de corpo, alma e espírito.

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