Por Renato Alt

Velho, vou te enganar não, acordar foi tenso. Mas super valeu ter dormido tarde. Sabe aquele lance que eu tinha comentado, que acabava duas da manhã? Rolou ontem (hoje tem de novo) e eu, que antes tava cheio de preguiça pra ver qual era, acabei sendo um dos primeiros a chegar. Tava pilhadaço por causa da reunião da noite. A gente tinha ouvido um cara falando da experiência dele na África, e acaba que a tal da atividade era justamente pra gente sentir o drama que é estar num lugar assim, tipo campo missionário. O nome é “vivência missionária” (óbvio). Foi muito show, mano. Falando assim parece que é gostar de sofrer, tô ligado; Mas não é nada tipo alguém tacando um macaco na tua cabeça não, é uma simulação de algumas coisas que rolam.

Vou tentar explicar melhor: a que eu fui começava tipo num cenário de guerra. Ninguém explicou muita coisa não, acho que pra não dar spoiler da parada, né… Fomos atrás de um cara que levou a gente pra se reunir em uma salinha; ele era um missionário e já foi falando que a casa caiu e que agora o bagulho era doido: aquilo ali era o Líbano e não rolava orar nem cantar nem fazer culto barulhento porque tava geral doido pra meter tiro em todo mundo. Claro que no início tinha uma galera levando na brincadeira, risadinha idiota aqui e ali, mas aos poucos foi todo mundo comprando a proposta e bicho… que parada intensa, velho. A gente fez o culto pianinho. Era uma sensação muito louca de orar com medo, tipo só com um olho fechado e outro na porta, saca? Imagina viver isso todo dia?

Nem bem terminou isso aí e já tavam rebocando a gente pra outro lugar, uma sala com um barco. O papo agora era “refugiados”, e achei tudo a ver, afinal a crise toda tá aí. O lance é que ali era um “rio” e geral tinha que atravessar, só que detalhe: não rolava lugar pra todo mundo naquele barquinho, lógico. COMOFAS!? Daí entraram as meninas e a gente foi se segurando do lado de fora… Enquanto isso, projetaram um documentário muito sinistro sobre esse momento, dos refugiados e talz… Impossível não entrar no clima. Mano, aí DO NADA levanta uma mulher no meio do barco, cara! Maluco, que susto. Nem eu nem ninguém tinha visto ela ali. Acho que a gente tava tão frenético que nem olhou direito, sei lá. Começou a contar a história dela, que era enfermeira, pá, mas perdeu a família inteira… Qualquer participante que ainda tivesse uma vontade mínima de fazer graça ficou quietinho de vez.

Teve mais uma parte ainda: era o “sertão” e uma realidade que às vezes a gente nem se liga que tá acontecendo aqui do lado… Aquele povo lá super devoto, super cheio de fé, mas todo enganado, jogando oração em ouvido de santo… Fiquei muito mexido, velho, nem queria conversar quando acabou. Só comentei com um camarada que fiz aqui o quanto isso me deixou bolado, e ele falou que em uma “vivência missionária” que fizeram em outro VOCARE os caras que são missionários no mundo islâmico rasgaram uma Bíblia na frente de todo mundo, mano… olha que sinistro, cara. Imagina o maluco rasgar uma Bíblia na tua cara, te mandando calar a boca, estilo capitão Nascimento? Preferia tomar tapa na cara, mano, deu até dor de estômago. Mas pedir pra sair eu não ia não.

Depois de praticamente ter entrado em coma de cansaço, acordei com mó sono mas amarradão pro segundo dia. A galera foi fazer a caminhada de oração, e foi um momento até difícil de descrever, sabe? Nem rolou nada demais, foi só aquilo de andar tranquilo, orando, tipo papo reto com Deus, mas foi sei lá, cara… Era um sentimento assim de parceria mesmo, parecia que tava todo mundo e Deus junto e misturado. Fiquei pensando que a gente pode ter um momento assim, ou vários, todos os dias, mas fica tão doido fazendo tudo-ao-mesmo-tempo-agora que quando vê fez sim tudo, menos falar com Deus. Aí quando resolve orar, já na cama, tá tão morto de sono que começa a oração de noite mas o “amém” fica pro outro dia de manhã, né. Sabe aquele tapa na cara que eu falei que preferia levar? Pois é, senti que Deus tinha me dado um nessa hora.

Ah, não falei pra você dos PGs. É “pequeno grupo”. Os caras dividiram a gente por idade pra ficar mais fácil trocar uma ideia. Não que idade queira dizer qualquer coisa, claro, mas como tem mil e blau pessoas aqui, é meio brabo conseguir reunir um grupo pra falar direito e ouvir de todo mundo. Cara, assim, eu falei pra caramba e vi que a galera entendia exatamente o que eu tava sentindo, e isso foi um alívio que nem te conto. E o melhor foi que teve coisas que eu esqueci de falar mas ouvi outras pessoas falando, sabe? Não tem jeito, cara, tá tudo conectado mesmo. (Eita, ainda falta falar dos ConnecTEDs! É muita coisa, velho!) Parecia até que tava Jesus falando no meu ouvido, “moleque, relaxa, quem faz a obra sou eu. Só levanta o dedo na hora da chamada.” Já levantei dedo, braço, levantei da cadeira, tudo. Vambora. Isso bateu forte em mim: segue Jesus que ele vai te seguir de volta, seja pra onde for.

Ó, hoje rolaram as trilhas também, mas falo disso tudo contigo amanhã, beleza? Chegou aqui uma mensagem no aplicativo do VOCARE avisando que vai começar a programação no ginásio e eu preciso vazar. O aviso tá dizendo “a noite promete”… hahaha… Bora pra lá que eu sei que ela vai  cumprir… de novo! Partiu!

  • Renato Alt, ator e publicitário, voluntário da comunicação do Vocare 2017

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