Por Priscila Mesquita

Voluntários do ‘Cemear’ atuam em Anori, no interior do AM

A coordenadora do Cemear, Leandra Tomieiro, faz uma lição com as crianças (Foto: Guilherme Marques)

Eles têm entre 10 e 12 anos de idade, são vizinhos e moram no município de Anori, a 245 quilômetros de Manaus. Mas além da faixa etária e do contexto social idênticos, esses três amazonenses possuem ainda outra característica em comum: a sobrevivente capacidade de sonhar. 

Os nomes deles? Darlison Souza, Kamile Lima e Ana Paula Viana. Seus sonhos? Darlison quer ingressar no Exército, enquanto Kamile e Ana Paula pretendem ser veterinárias. Mas entre o presente e o futuro há um rio caudaloso de desafios a ser percorrido, semelhante ao extenso Solimões que banha a cidade de Anori.

Quem visita o Beco dos Aposentados, onde vivem os três pré-adolescentes, vê muitas crianças e adolescentes brincando descalços em chão de terra batida, cercados pelos perigos do tráfico de drogas, da prostituição e outros males da desigualdade social. Para alguns adultos, a fotografia cheia de palafitas e criminalidade já seria suficiente para colocar uma pedra sobre os sonhos de Darlison, Kamile e Ana Paula.

Mas esta não é a perspectiva da equipe de voluntários e “cemeadores” do Centro Educacional Missionário Esperança, Amor e Resgate, o Cemear.

Em funcionamento desde 2014, o Centro é uma associação sem fins lucrativos que atende a crianças e adolescentes de 9 a 14 anos com aulas de alfabetização, informática, música e complemento escolar (português e matemática).

Atualmente, 42 alunos estão matriculados na instituição, todos oriundos de famílias de baixo poder aquisitivo.  Com uma proposta pedagógica baseada em valores cristãos, o Cemear busca transmitir aos participantes ensinamentos bíblicos que os ajudam a mudar sua forma de pensar e agir. Duas vezes por semana, eles participam de reflexões antes ou após as aulas, onde têm a oportunidade de aprender um princípio bíblico e discutir o assunto com os colegas e professoras. 

(Foto: Guilherme Marques)

E seja nas aulas ou nas refeições diárias, os alunos adquirem também crescimento emocional. “Eu penso que o que mais recebemos aqui é carinho”, diz Kamile. Para Ana Paula, as aulas se tornaram um lugar de confiança e aceitação. “As professoras valorizam muito as crianças. No complemento, às vezes temos um filme e aí depois a gente vai orar”, conta Paulinha, como é conhecida pela equipe de voluntários.

O convívio com as crianças e adolescentes muda também a vida dos voluntários que abraçaram o sonho de vê-los em uma realidade diferente. É o caso da cozinheira Francisca Marques, que hoje possui nova compreensão sobre as crianças que chegam para a aula com atitudes violentas ou mesmo apáticas. “Eles precisam ser amados e estou aprendendo junto com eles esse ponto de amar o próximo. Eu já não me vejo longe do Cemear”, comenta.

Em busca de recursos

Os recursos que mantêm os 42 alunos matriculados no Cemear provêm da Igreja Presbiteriana de Anori, da Igreja Presbiteriana de Manaus e de ofertas missionárias encaminhadas mensalmente por alguns mantenedores. No entanto, a coordenadora da instituição, Leandra Tomieiro, ressalta que o Centro busca ampliar o seu alcance no município.

“A nossa principal necessidade é de recursos financeiros e recursos humanos. Há um número bem maior de crianças e adolescentes nessa faixa etária que precisam dessa assistência na cidade”, destaca.

Para a coordenadora, em meio aos 19 mil habitantes de Anori há sonhos escondidos que precisam de uma oportunidade. “O meu grande desejo é que quando estiverem grandes, eles se lembrem: um dia disseram que eu era capaz de conseguir e acreditaram em mim, e disseram que eu poderia chegar onde estou chegando”.  

Como contribuir

Com a doação de apenas R$ 50 por mês é possível manter um aluno matriculado no Cemear. A instituição recebe as contribuições por meio de conta bancária: CC 22.240-2; Agência 0320; CNPJ – 24.716.947/0001-61.

Para contato direto com a coordenação do Cemear, os dados são: ltomieiro@hotmail.com; telefone (097) 99155-2174; facebook.com/cemear.anori.

• Priscila Mesquita é jornalista e gestora do Ministério de Comunicação da Igreja Presbiteriana de Manaus (IPManaus).

 

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