Me lembro de me sentir viva por entender que minha fé não precisa estar desvinculada do mundo

Por Maria Eduarda Teixeira

O Meu Lugar no Mundo

Deus foi bom comigo! Não consigo contar sobre a minha caminhada de fé e vocação sem pensar nessa frase. Minha história de vida está vinculada com a minha igreja local (Igreja Batista em Coqueiral – Recife, PE), sou membro de Coqueiral há 21 anos.

Não precisei passar por grandes crises existenciais, e muito menos bíblicas e teológicas para entender a minha vocação, pois sempre estive em uma igreja saudável e que tem uma liderança com o coração extremamente voltado para a proclamação do reino de Deus. Por isso, Deus foi bom comigo!

Coqueiral me ensinou a ser uma líder temente ao Senhor desde os 13 anos, a como falar e me comportar em público, que mesmo sendo uma menina eu tinha vez e voz nas reuniões de liderança, que o pastorado se faz no cotidiano da vida, dentre tantas outras coisas.

Com tantos ensinamentos, a minha caminhada de vocação começa apenas com 15 anos a partir da Escola de Fé e Política, formação promovida pela IBCoqueiral, que nos convida a refletir sobre questões teóricas e práticas voltadas à promoção do reino e da justiça de Deus por meio de uma atuação cidadã.

Me lembro de ficar encantada com o conceito de Jubileu (Levítico 25), da confusão inicial de compreender biblicamente como Deus se relaciona com o homem e o homem com o estado/sociedade, de me sentir em paz por saber que Deus não faz distinção entre gêneros (Gl 3.28), mas sabe que existe desigualdade de gênero, e, sobretudo, de me sentir viva por entender que minha fé não precisa estar desvinculada do mundo.

Com tudo que aprendi na EFP, passei a considerar qual seria a minha profissão, depois de muito buscar e orar, o Senhor me direcionou a cursar serviço social. Uma profissão extremamente compromissada com a garantia dos direitos dos oprimidos, para mim nada é mais bíblico do que isso. Durante toda a graduação sonhei com planos de carreira incríveis com bons salários e estáveis, e óbvio que promovessem a justiça, eu seria assistente social e uma cristã cidadã.

Porém, os planos de Deus eram outros (Is 55.8-9), Ele foi lá e me chamou novamente. Aqui, confesso que foi difícil abrir mão dos sonhos e entender que a minha carreira seria dedicada a trabalhar exclusivamente com igrejas locais que desejam ser centros de transformação comunitária a partir dos parâmetros do reino.

Hoje, quando penso no meu lugar do mundo, não consigo me desvincular da minha realidade local, das periferias da cidade do Recife que sofrem as mais profundas expressões das questões sociais que são resultados do sistema capitalista e do pecado. Meu coração pulsa diferente ao trabalhar diariamente com os projetos da Igreja BatistaCoqueiral, do Instituto Solidare, do Instituto Portal e da Rede de Jovens Latinoamericana, vivenciar a transformação concreta que essas organizações estão promovendo é ver Romanos 5.20 se cumprir.

Digo com muita convicção, tenho certeza que morrerei trabalhando com igrejas. E toda honra deve ser dada a Deus!

  • Maria Eduarda Teixeira, 27 anos, membro da Igreja Batista em Coqueiral – Recife, Graduada em Serviço Social (Unicap), Pós-graduanda em Fé e Política (CEFEP/PUC-Rio), Membro da Coordenação das Escolas de Fé e Política (IBC/IS), Assistente Social no Instituto Portal (Igreja A Ponte – Recife) e Líder da Rede de Jovens Latinoamericana (Tearfund).

Saiba mais:

>> Quando a Igreja Abraça a Cidade, Leandro Silva (org.)

>> O Discípulo – Um chamado para ser como Cristo, John Stott e Tim Chester

>> Surpresas de uma fé com obras

>> Um chamado à espiritualidade encarnada, Dálethe Melissa

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