UltJovem_22_07_16_aves_daniel_PEQ

Preservação da costa norte-coreana previne e extinção de espécies de aves em viagem migratória.

Por Daniel Theodoro

De tempos em tempos, fica a impressão de que o estábulo já se encontra vazio e os quatro cavaleiros do Apocalipse rumam à Terra, em trote imponente. O último ataque terrorista em Nice, na França – o segundo em menos de um ano – nos torna mais vulneráveis a concluir isso. Além disso, o colapso da União Europeia, o crescimento da segregação racial na América do Norte, a corrupção endêmica nos países em desenvolvimento, e as pandemias de H1N1 e Zika no hemisfério sul podem sugerir que ventos escatológicos sopram por todos os cantos. Não tenho aqui a ousadia de tentar decifrar as últimas revelações bíblicas, guardo nenhum conhecimento para isso. Afirmo apenas que, diante do cenário atual, é difícil ser otimista. Contudo, em horas de privação de esperança, podemos ser surpreendidos.

Por exemplo, a Coreia do Norte é a responsável pela boa notícia do mês. Pelo menos, em minha opinião. O país mais obscuro do mundo fica bem no meio do caminho da rota migratória ásia-australiana do leste. Por lá, todos os anos, 50 milhões de aves voam fugindo do frio sulista a procura de clima ameno e comida na parte norte do globo. Com a graça de Deus, buscam achar refúgio na região costeira do Mar Amarelo que banha China, Japão e as Coreias.

Desses quatro países, a Coreia do Norte é a nação que tem pior desenvolvimento tecnológico, parque industrial reduzido, menor população e, consequentemente, litoral melhor preservado, em função do baixo adensamento populacional. Nesse caso, ainda conta a favor do país asiático (e das aves!) o fato de que, por lá, é quase nulo o uso de pesticidas na atrasada agricultura, aspecto que transforma os lodaçais em habitat perfeito para a reprodução de crustáceos, alimentação preferida das aves. Assim, como que por improvisação divina, a devastação produzida pelo homem no litoral dos países vizinhos vem empurrando a corrente migratória aviária para a Coreia do Norte.

Na misteriosa nação asiática, número um em perseguição a cristãos, Deus segue cuidando das aves, tirando delas o peso da difícil missão de sobreviver em um mundo cada vez mais despedaçado e dividido. Sobre o limitado e autoritário território de Pyongyang, existe um céu espaçoso e livre por onde sopra o vento da infinita provisão de Deus. Sobre o finito espaço da existência humana, sempre haverá um firmamento de esperança. Olhemos para o céu, sempre. De lá vem a redenção.

• Daniel Theodoro, 32 anos. Cristão “em reforma” e membro nascido na Igreja Presbiteriana Maranata de Santo André (SP). Casado com a Fernanda. Formado em Jornalismo e estudante de Letras.

  1. Ótima reflexão, texto maravilhoso. Num meio de tantas extremidades, podemos ver esperança. Do céu, de Deus, vem nossa esperança e o nosso socorro. ?

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *