Um clamor pelos artistas
Por Mateus Octávio
O pianista é, de longe, o meu filme predileto. Sempre que volto para assisti-lo fico petrificado e sem palavras. Não tenho um enumerado de justificativas que explique essa predileção. Poderia dizer que o filme se passa em um dos episódios mais horrendos da história, a segunda guerra mundial, e retrata um artista que, por meio da sua arte, sobrevive e recomeça a vida.
Em uma linda cena, um general nazista encontra o pianista [que estava há dias sem comer e tomar banho] e pede para ele tocar piano em uma casa destruída pelas bombas e canhões. O que sai do piano é belo e inenarrável, pois mostra o que a guerra não consegue destruir ou danificar.
Temos hoje em nossas igrejas, e até mesmo aqui neste blog, um grupo de jovens que tentam ser úteis com sua arte. São músicos, compositores, atores, bailarinos, pintores e escritores que tentam, cambaleantes, mostrar sua arte e fazer diferença. Ainda escrevo porque acredito neles [me incluo] como os servos amados, escolhidos do Eterno.
Conheço vários artistas talentosos que não se encontraram dentro de suas igrejas. Foram, com suas veias artísticas fortíssimas, incompreendidos, difamados, ignorados e até excluídos. Como não achara quem os valorizassem ou tivesse paciência, continuaram a mostrar sua arte ao mundo de outras maneiras, pois para isso nasceram.
Escrevo para esses “Pianistas” no meio de uma guerra, esses incompreendidos ou não reconhecidos que perderam a motivação pela arte ou desanimaram no caminho. Há algo que alguém precisa saber, ver ou ouvir, que só esses sabem como fazer. São os que trarão de volta algo para o outro calçar, motivos para continuar a andar a jornada, na velha e conhecida frase de Ferreira Gullar “a arte existe porque a vida não basta”.
“Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto e descem do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação” [Tg 1.17]. Que o Deus de Van Gogh e Michelangelo, Beethoven e Bach, Rookmaaker e Lewis, conceda a cada um de vocês, artistas, a mesma chance de mostrar sua arte ao mundo, e, da mesma forma, ainda poder adorá-Lo. Em espírito e em verdade, amém.
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Mateus Octávio Alcantara de Souza tem 20 anos, é Bacharel em teologia e escreve no blog Meditações*
Fabiana
Texto magnifico !!! Lindo!!
Gustavo
Meu caro, boa lembrança. Porém, não são apenas ‘pianistas’, mas orquestras inteiras que teimam em fazer da sua arte ou opinião uma canção de liberdade! O consolo é que eles se encontram, sim, dentro da Igreja!
Mário Pires
quem é músico autônomo sabe realmente o que isso significa…
Ricardo Dini
http://underdot.com.br/site/underdot-entrevista-os-oitavos/
josely
Adorei o texto. Eu sou profissional da música. Estudei para ser maestrina, cantora, me preparei teologicamente também e infelizmente, na grande maioria das vezes, não fui bem compreendida. Tenho que agradecer à minha igreja de origem, a Igreja Presbiteriana Independente de Botucatu, que graças ao bom Deus, tem compreendido o ministério das artes e tem honrado os Filhos de Deus que se dedicam na igreja. Que outras igrejas possam ser iluminadas pelo Espírito Santo e louvem a Deus com todas as formas, cores, sons e movimentos.