No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. O Verbo, cujo poder trouxe o existir.

Antes do tempo iniciar, sem ponto de referência, o Verbo foi dito; o princípio, então, surgiu. Ele falou ao caos e às trevas, raiou-se a luz. Galáxias correm no teu fôlego, estrelas ardem em tua glória, planetas rodopiam em graça na tua dança cósmica. E minha mente contempla o incompreensível, numa eufórica perseguição para compreender o que nenhuma mente na Terra será capaz de entender.

Dois planetas, um astro a formar. A estrela de Belém. Tal corpo celeste apontou o local em que o Verbo se fez Carne, num paradoxo de proporções estelares, pois o Verbo criou este astro no princípio, para que então apontasse para o que seria o começo de nosso tempo. Cristo. Antes, depois. Não importa. O Verbo encarnado iniciou a contagem do tempo.

Dois mil anos depois, a estrela brilha novamente, no solstício de verão para ser precisa. Alguns chamam de acaso, eu, destino. Este evento astronômico diz sobre o dia mais longo do ano, ou como as antigas lendas contam, o dia em que a luz vence. O astro cumpre sua função mais uma vez na história, nos mostrando a luz em meio às trevas, nos direciona de volta ao Verbo. Num ano tão turbulento, anormal, que certamente deixará suas marcas, um sinal dos céus, no lugar mais propenso, o céu.

Está chovendo, não conseguirei avistar a estrela e sua marca divina. Mas acima das nuvens, sei que ela está brilhando, a arder em glória, rodopiando na dança cósmica. E me lembra que, mesmo não conseguindo ver o Verbo, sei que Ele é Cristo, o Deus encarnado conosco. Sei que Ele está aqui e agora. Nele está a vida e esta é a luz dos homens. Trevas não o derrotam. Há paz, esperança também, vida certamente, luz na escuridão. Há o Verbo.