Por Jean Francesco

Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.”  Matheus 11.28-30 

Você se sentiu cansado em algum momento deste ano e pensou: preciso tirar férias e descansar um pouco? Você conseguiu descansar um pouco e tirou alguns dias de folga? Você já passou pela experiência de ter tirado alguns dias de férias e logo depois que voltou para casa já estava se sentindo cansado de novo? Moral da história: descansar o corpo é bom, mas não é o suficiente. Parece que precisamos de algo mais; algo que vá além de descanso corporal, praia ou férias. Precisamos de algo mais profundo. Precisamos de outro tipo de descanso, um que não tenha prazo de validade. Um descanso que permaneça independentemente das circunstâncias. 

Será que esse tipo de descanso é real? É precisamente sobre isso que Jesus está se referindo na passagem acima. Esse descanso existe, mas funciona de dentro para fora e não de fora para dentro. O descanso de Jesus começa da alma e depois flui para o corpo. Por isso, enquanto estivermos interessados em apenas relaxar o corpo permanecemos sobrecarregados de corpo e alma. Somente quando começamos a buscar refrigério para a alma em primeiro lugar nos sentiremos tão aliviados por dentro que esse descanso interno nos ajudará a lidar com todos os tipos de fardos externos.

Para entender melhor esse assunto, sugiro que reflitamos sobre três perguntas: 1. O que é o descanso de Jesus? 2. Como podemos aproveita-lo? 3. Por que ele está oferecendo para nós?

1. O que é o descanso de Jesus? 

descanso de Jesus é um convite, uma promessa e de natureza eminentemente espiritual. Jesus diz: “Venham.” Jesus promete: “Eu darei a vocês”, e então explica: “Vocês encontrarão descanso para suas almas”. Vamos mergulhar em cada uma dessas frases mais profundamente.

Convite. Jesus está nos desafiando a ir até ele como somos e como estamos – isto é, com todos os nossos fardos inclusos! A lição é a seguinte: não tente consertar seus problemas para depois decidir ir até ele. Não, o convite é o de irmos até ele na esperança de que ele tem aquilo que realmente precisamos.

Promessa. O convite de Cristo é uma promessa condicional. Não é para todos sem exceçãoA promessa dele é para aqueles que vão até ele e confiam que somente nele há descanso verdadeiro – e talvez seja por isso que o nosso mundo esteja tão perdido e sobrecarregado.

Espiritual. O descanso de Jesus também é um tipo de descanso espiritual. Jesus não está te prometendo uma vida fácil, sem fardos ou à prova de sofrimento. O que ele está prometendo é alívio espiritual para nossas almas em meio à canseira da vida. Em outras palavras, o descanso de Jesus é um Sabbathmas muito melhor do que aquilo que os judeus experimentavam religiosamente uma vez por semana. O Sabbath de Jesus é ele mesmo, é a sua presença viva dentro de nós que traz a paz de volta aos nossos corações para vivermos um dia de cada vez. Você desfruta esse descanso?

2. Como podemos aproveita-lo? 

Como podemos desfrutar do descanso de Jesus aqui e agora? Duas coisas: 1. Devemos tomar seu jugo sobre nós; e 2. Com os nossos pescoços em seu jugo, devemos aprender com ele como viver. Encontraremos descanso para nossas almas à medida que cumprirmos a esses dois comandos.

O que significa tomar o jugo? Jugo é um instrumento de madeira que é colocado em dois animais a fim de puxarem juntos uma carroça. No tempo de Jesus, jugo também representava figurativamente o ensinamento – o fardo – de um mestre. Tomar o jugo dos mestres e rabinos era uma espécie de compromisso de receber e viver atrelado à doutrina e palavras deles por toda a vida. No primeiro século, significava andar atrás de um mestre e ouvir seus ensinamentos todos os dias. Havia até um ditado que dizia: “o verdadeiro discípulo é aquele que termina o dia coberto da areia que saiu das sandálias de seu mestre”. Em outras palavras, tomar o jugo de Cristo é decidir ser discípulo dele. Portanto, o descanso de Cristo é algo que desfrutámos não como um passe de mágica ou como uma realidade imediata. Nada disso, é um processo. É um descanso que recebemos à medida que caminhamos com ele. É um verdadeiro paradoxo, pois quanto mais cansados de andar com ele ficamos, mais aliviados e felizes ele nos promete que estaremos!

O que temos que aprender com ele? A primeira coisa que precisamos entender é que descanso não é algo que aprendemos de Jesus, mas com ele à medida que colocamos nossos pescoços em seu jugo. Descanso vem através de relacionamento, não apenas de uma troca de informações. Por exemplo, fazendeiros tinham o hábito de colocar bois chucros (não domados) com bois mansos (já treinados). A ideia era que ao juntar esses dois animais num mesmo jugo o mais chucro aprendesse a ser manso pela convivência com o boi manso. Quem você acha que Jesus e nós somos nessa história? Ele é o boi manso e nós somos todos bois chucros! Ele é o manso, relaxado, alegre; nós somos os indomáveis e perturbados. Ter esse verdadeiro descanso é a mesma coisa que desenvolver mansidão. E somente Jesus é descanso e mansidão em carne e osso. Portanto, descanso não é algo que aprendemos a partir de uma aula de Jesus, mas na convivência com ele. Descansamos à medida que descansamos com ele; nos tornamos mansos à medida que nos adaptamos ao seu jeito calmo de lidar com a vida.

3. Por que ele está oferecendo seu descanso para nós? 

Jesus está oferecendo seu Sabbath por duas razões. A primeira é porque ele é manso e humilde de coração. Em outras palavras, Jesus oferece o que ele é. A melhor evidência de uma alma tranquila é gentileza e humildade. Este princípio de dar o que se é está espalhado por toda a Escritura, particularmente nos EvangelhosJesus é a água da vida, o pão da vida, o Sabbath, o caminho, a verdade, o Emanuel, o Cordeiro de Deus, a alegria do homem, a luz do mundo, o Leão de Judá e assim por diante. 

Por que Jesus se apresenta dessa maneira? Ele quer nos ensinar que o melhor que ele pode nos oferecer é ele mesmo. Quando nos sentimos sedentos, ele nos lembra que ele é a água da vida. Quando nos sentimos famintos, ele nos lembra que ele é o Pão da vida. Quando nos sentimos cansados, ele nos lembra que é o Sabbath. Quando nos sentimos perdidos, ele nos lembra que ele é o caminho. Quando nos sentimos confusos, ele nos lembra que ele é a verdade. Quando nos sentimos sozinhos, ele nos lembra que é Emmanuel: Deus conosco! Quando nos sentimos culpados, ele nos lembra que é o cordeiro de Deus que remove o pecado do mundo. Quando nos sentimos tristes, ele nos lembra que é a alegria dos homens. Quando nos sentimos em trevas, ele nos lembra que é a luz deste mundo. O que Cristo nos oferece, ele é de forma mais perfeita.

Jesus também está oferecendo seu descanso porque seu jugo é suave e seu fardo é leve. Ao usar a metáfora do jugo, Jesus não está prometendo tirar nossos fardos, nem mesmo sugerindo que ele os levará em nosso lugar. Antes, Jesus está se comprometendo a compartilhar nossos fardos. O fardo permanece, mas agora Jesus o leva junto conosco. E é exatamente por isso que o fardo é leve. Nós o seguimos não por causa do nosso poder, mas porque Jesus nos dá força para segui-lo. O fardo é leve porque Jesus é forte.

A vida é muito melhor quando Jesus carrega esses fardos conosco. Ele está prometendo que nossos fardos serão leves. Isso é uma boa notícia para você? Eu posso te dar uma ainda melhor. Na cruz do calvário Jesus foi forte o suficiente para carregar o nosso fardo mais pesado em seus ombros: nossos pecados. Jesus carregou todos os pecados do mundo em um único dia – na verdade, em poucas horas! E por causa de sua ressurreição, todos os nossos fardos mais pesados estão agora em seus ombros.

Você está realmente precisando de descanso? Espero ter deixado claro que Jesus não está prometendo tirar todos os fardos agora, mas ele está nos assegurando que se ficarmos no jugo com ele, esses fardos serão mais fáceis de suportar. E isso é só o começo da história daqueles que andam com Cristo, pois ele nos prometeu muito mais. Temos também a maravilhosa promessa de que um dia não haverá mais fardos, pois “Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou” (Apocalipse 21:4).

  • Jean Francesco é pastor presbiteriano, autor do livro “O Significado do Namoro” e doutorando em Teologia pelo Calvin Theological Seminary.

CANSADOS DE QUÊ?

Um dos primeiros, senão o primeiro, sintoma físico-emocional mencionado na Bíblia é o cansaço, a fadiga (Gn3.17).

Não é à toa que estamos exaustos. Invariavelmente não sabemos identificar as razões, mas sabemos que estamos cansados.

Cansados de quê? É essa pergunta que a edição 380 da revista Ultimato, a última de 2019, quer ajudar o leitor a responder. E tem muito mais.
O conteúdo está disponível online.

 

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *