Por que a juventude sem amor odeia?
Como parte da celebração dos 50 anos de Ultimato, resgatamos conteúdos históricos da revista. Confira abaixo o texto “Por que a juventude sem amor odeia?”, do reverendo da Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro, Zaqueu Ribeiro, publicado na edição nº 5 de Ultimato, em maio de 1968.
Feita assim, a pergunta dá a impressão de que o ódio é sentimento oposto ao amor, quando na verdade é a limitação do amor. Como criaturas de Deus, temos em nós, inerente, a potencialidade do amor grandioso de Deus. Contudo, no decurso do tempo, os homens represaram em si mesmos os poderes de seu amor, permitindo somente que, vez por outra, alguma gota furtiva escoe. Ao seu redor tudo se fez deserto, enquanto ele se afoga no seu amor-próprio.
O jovem não odeia. Apenas não aprendeu a amar. Cercaram-lhe o amor. Negaram-lhe o amor – e ele aprendeu a amar limitadamente, com as forças que chamamos de ódio. E o que eu vejo nos adolescentes e jovens é simplesmente o anseio de amar, com toda a potência do amor represado. Toda a sua vitalidade, todas as suas reivindicações, toda a sua revolta são um grito de amor contido e exprimem a busca de uma fórmula de amor que não conhecem e a que se desejam dedicar.
Até nos seus desregramentos, vejo o jovem como um pedinte de amor, do amor puro e verdadeiro, pelo qual a sua consciência clama e do qual só conhece as limitações. Quando se encontrar com Deus, as paredes que reprimem seu amor hão de cair como as velhas muralhas de Jericó, porque Deus, e só Deus, é amor – e nEle aprendemos a amar com seu amor infinito, paciente, benigno, sem ardência de ciúmes, sem ufania nem soberba, sem atitudes inconvenientes nem egoísmos, nem exasperação, nem ressentimentos, nem injustiças, mas com a alegria do amor imperecível até no sofrimento.