Por que a juventude sem amor foge da igreja?
Em abril, como parte da celebração dos 50 anos de Ultimato, publicaremos conteúdos históricos da revista. Confira abaixo o texto “Por que a juventude sem amor foge da igreja??”, do reverendo da Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro, Zaqueu Ribeiro, publicado na edição nº 4 de Ultimato, em abril de 1968.
Esta pergunta não corresponde à realidade. Somente uma análise muito desprovida de acuidade pode levar à conclusão de que a juventude perdeu a fé. Há milhares de jovens vivendo a vida vitoriosa da fé, perfeitamente integrados no plano divino da redenção.
Mesmo quando um jovem acuse o problema, sua afirmação somente esconde uma realidade diferente. Admito que nossa juventude sofra de uma subnutrição espiritual, ocasionada pelas omissões paternas na comunicação das melhores experiências cristãs, e se ressintam, também, da pobreza do exemplo da vida religiosa do lar.
Admito que muitos jovens tenham perdido o caminho dos templos, decepcionados com seus líderes religiosos. Admito que se defrontem com as forças do materialismo, mergulhados no conflito que busca arrancar-lhes da alma a fé. Até agora, contudo, a juventude “sem fé” só teve uma fé descentralizada do seu centro, que é Deus.
Prevalece, porém, a mística da juventude, que se apega e se entrega, com toda a sua vida, ao objeto de sua fé. Uns passam a crer em si mesmos; outros em algum messias que sempre aparece; outros em sistemas e ideologias de redenção. Como diz o apóstolo Paulo: “ignorando a justiça de Deus e procurando estabelecer sua própria justiça, não se submetem à justiça de Deus”.
Em tudo isso há clamorosas falhas humanas, e uma trágica ação diabólica. Mas no meio do caos de uma fé pendente sopra o Espírito de Deus e a mecânica de seu amor vai centralizando a fé na pessoa do Redentor.
Urge que os lares se associem a Deus na obra de reconquista do homem. Necessário se faz que a Escola se torne um ambiente propício ao desenvolvimento cristão do misticismo jovem. Que todas as fontes conscientes se comprenetrem da urgência de se restaurar a verdadeira fé.
Praza aos céus que a igreja esteja à altura do momento e que a juventude dispersa a ela retornar, como o Filho Pródigo da parábola de Cristo.