Reconciliar
Por Jeverton “Magrão” Ledo
Cortinas entre abertas
Na sala pouco iluminada
Estava ele, cabisbaixo
Pensativo divagando
Entre seus devaneios
A vida rotineira
Não existia mais a harmonia
Dos anos de outrora?
Era apenas uma das perguntas
O silêncio era ensurdecedor
Sozinho
Tentava ele buscar em suas lembranças
As amizades construídas
Em uma trajetória marcada pelo tempo
Perdas, ganhos, conquistas e derrotas
No caminhar o anonimato
Caminho que deve ser traçado pelo humilde
Reconhecedor de suas limitações e fraquezas
Queria ele retomar
Reagir, renascer, redescobrir
Seria tarde demais?
O ponteiro do relógio
Apontava as muitas horas passadas
O que dizer dos anos que se foram
Perdido em si mesmo
Gritou
Indignado com sua própria existência
Queria dar um basta
Quem sabe o isolamento total
Confinamento e prisão no seu próprio mundo
Por fim era o que lhe restava?
Mas que triste fim
Ecoou como um vento avassalador
Que por um instante invadiu a sala
Provocando uma sacudidela
Em sua mente
Lembrou-se ele
Do Criador
Suspirou
Lágrimas encheram-lhe os olhos
Com um fio de
Esperança
De repente
Pela fresta da janela
A rua em quase total escuridão
Admirou ele
Uma linda flor que parecia
Resistir
O fio de esperança cresceu em seu coração
Admirado com tamanha beleza
Clamou
O clamor daquele que para longe se foi
Recobrou a consciência
Prostrado
Suplica por reconciliação
Que lhe traria de volta
Sim
De volta à realidade
Contraste entre cinza e cores
Cheia de possibilidades
De novos encontros
De reencontros
Que aponta para um futuro
Que virá
Sim, proporcionando
O descansar nos braços
Do Pai amoroso
- Jeverton “Magrão” Ledo é missionário e trabalha com juventude. Ele e a esposa estão na Bélgica, onde vão morar por um tempo.
Antonia Leonora van der Meer
Que poesia triste e também cheia de esperança. Muito linda e sensível.
FRANCIELLE GALINDO SANTOS
No fim, a gente sempre lembra daquele que nunca devíamos ter esquecido. Nem por um segundo…
Ainda assim, essa doce lembrança muda tudo.
Suas palavras são sempre ricas e belas, Magrão! Deus te abençoe.
Isaque Viza de Souza
Que o bom Deus nos conceda graça pra enxergar as flores da esperança em cada noite escura que atravessamos. E que a realidade da esperança futura seja presente em cada um de nossos dias!
Grande abraço caloroso das terras geladas do Canadá pra vocês aí na Bélgica, irmão.