Em 2009, Ultimato promoveu o Ano da Juventude. Naquela época, o pessoal da Rede FALE fez uma entrevista com Klênia Fassoni, diretora de Ultimato, sobre a visão sobre a juventude e as várias ações realizadas naquele ano tendo os jovens em mente. O blog Jovem foi um dos frutos! Agora, nos 50 anos de Ultimato, vale a pena recordar esse papo:

Capa da edição 326 de Ultimato, especial sobre a juventude.

1 – Por que 2009 é o ano da juventude na revista?

Talvez tenha sido por conta da famosa crise dos 40… Celebramos com muita gratidão e em boa companhia os 40 anos de Ultimato. Tivemos aqui em Viçosa o inesquecível Encontro de Amigos em julho de 2008. Percebemos que os assinantes haviam envelhecido junto com a revista. Muitos se tornaram assinantes quando jovens e permaneceram conosco. Mas houve pouca renovação do quadro de assinantes. Paralelamente a isto, desde 2005, temos tido uma grande aproximação da temática e do público jovem. Durante todo aquele ano publicamos na revista uma página ou mais com textos “preparatórios” para o Missão 2006, promovido pela ABU. No ano seguinte todas as edições trouxeram textos relacionados ao Fórum Jovem de Missão Integral, que aconteceu em junho de 2007. Estes eventos foram também apoiados por Ultimato e neles tivemos a presença maciça de nossa equipe e outros jovens de Viçosa. Continuamos ligados a esse tema e a essa turma jovem. No Encontro de Amigos uma das mesas-redondas foi sobre a juventude (com a participação de Valdir Steuernagel e Alexandre Brasil) e a ceia foi servida por trinta jovens e adolescentes. Elben, diretor da revista, declarou na ocasião que desejava com isto expressar a nossa confiança na nova geração que vai assumir a liderança de movimentos, organizações e ministérios. Além disso a nossa equipe é composta por muitos jovens: do total de 36 pessoas (funcionários e estagiários), 19 têm menos de 29 anos e apenas 7 mais de 35. Nossos intervalos diários para café e oração tem sido cada vez mais barulhentos e animados. O mural de avisos, cada vez mais irreverente… Mas principalmente dedicamos este ano à juventude por acreditarmos nela.

 

2 – O que significa para a Ultimato dedicar este espaço para a juventude? Como este espaço foi concebido?

A seção “Altos papos”, uma página a cada edição da revista, é apenas uma das ações promovidas por Ultimato no Ano das Juventudes. Desde janeiro estamos fazendo um grande esforço para possibilitar que os jovens assinem a revista (como a campanha do 9,90, que rendeu vídeos criativos). Hoje são quase 3 mil assinantes com menos de 29 anos. Além disso, temos apoiado eventos promovidos por jovens e para os jovens (Encontro Missionário Estudantil e Profissional, no CEM; curso de férias da Aliança Bíblia Universitária; Ajuntamento das Tribos; RENAS Jovem; Usina 21 e outros), temos divulgado em nosso site matérias escritas por jovens e publicado livros direcionados a este público (Mochila nas Costas e Diário na Mão; a fascinantes história de Ashbel Green Simonton foi lançado agora em agosto e temos um livro da Bráulia no prelo). Ultimato também concedeu três bolsas parciais e uma bolsa integral para jovens no Curso de Missão Integral do Centro Evangélico de Missões (CEM). A seção “Altos papos” traz sempre uma chamada para artigos adicionais no site, e nas três últimas edições de Ultimato há a participação ativa de jovens em outras seções da revista: na de setembro as “Notícias” foram redigidas por Lissânder Dias, 30 anos, e o texto de “Deixem que elas Mesmas Falem”, por Paula Mendes, 27 anos.

 

3 – O espaço da juventude é interativo, ou seja, feito por jovens, até mesmo na escolha do nome. Como e por que decidiu-se por este formato?

O nome “Altos papos” foi tomado emprestado do missionário Magrão, que escrevia para os jovens um artigo por edição em 2008. No início de 2009 fizemos uma pesquisa com todos os assinantes jovens e eles referendaram este título. A redação, a diagramação, a revisão e a arte do título são feitos por jovens. Em maio instituímos o Conselho Editorial Jovem, formado por seis jovens de até 29 anos, de diferentes setores da Editora. Eles se reúnem semanalmente, decidem a pauta, avaliam o retorno dos leitores e riem muito… Tem completa autonomia para decidir sobre o conteúdo e para convidar os autores dos artigos. Para 2010 planejamos usar o site da Ultimato como uma ferramenta para aumentar a participação dos jovens, além de mantermos a seção na revista.

 

4 – Qual a percepção que a Ultimato tem da juventude? Em que este espaço pode contribuir com a formação/interação de jovens cristãos no país?

Vemos os jovens evangélicos como uma força de renovação da igreja, com capacidade para assumirem um papel significativo na expansão do reino de Deus em muitas frentes. Não os vemos apenas como potencial para o futuro, mas para agora. Historicamente — e na experiência dos diretores da Ultimato — sabemos que é na juventude que tomamos nossas principais decisões. Na maior parte das vezes é nessa época que decidimos se de fato vamos seguir a Cristo e em que ministérios específicos vamos serv-lo com nossos dons e talentos. Em uma visita à Editora Ultimato em 2006, Ronaldo Lidório nos contou que recebia semanalmente dezenas de e-mails de jovens que manifestavam seu desejo de servir a Deus e também sua frustração pelo fato de suas lideranças e igrejas demorarem tanto a inseri-los na missão.

Temos usado o termo “juventudes” por levar em conta o fato de que os jovens são muito diferentes entre si. Enquanto há jovens crentes atuando como juízes, advogados ou médicos, há jovens que sequer concluíram o segundo grau. Os que se engajam na missão também são de “tribos” diversas. As oportunidades de missão para os jovens são diversificadas, bem como seus problemas, angústias, questionamentos e a inserção e participação nas suas comunidades de fé.

Muitas organizações cristãs estão se voltando para os jovens, reconhecendo suas particularidades e sua contribuição. Uma das coisas que estamos tentando fazer é manter um diálogo com essas organizações e ministérios de diferentes ênfases (missão integral e ação social, artes e música, sexualidade, missões etc.) e contribuir para que haja mais sinergia entre eles.

Por último ressaltamos que não desejamos que nossas caminhadas sejam apenas paralelas: jovens numa raia, Ultimato na raia ao lado. Queremos pontos de intercessão e união: pontos de encontro. Precisamos recuperar o valor da intergeracionalidade no corpo de Cristo. Às vezes nos preocupamos tanto em atender as necessidades específicas de grupos etários que perdemos uma das características mais valiosas da igreja: o contato, a troca e o aprendizado. Nós precisamos dos jovens e desejamos a sua companhia. Um verso da canção Bem melhor, de Gladir Cabral, traduz bem esse desejo: “A juventude é mais bela se está emoldurada no velho. E o velho tem mais sentido se tem a essência do novo”.

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