Por Renan Vinícius

Quando falamos em igreja viva, é grande a tendência de nos lembrarmos daquela igreja em que os irmãos compartilhavam o que tinham livremente e com amor:

“Da multidão dos que creram, uma era a mente e um o coração. Ninguém considerava unicamente sua coisa alguma que possuísse, mas compartilhavam tudo o que tinham. Não havia pessoas necessitadas entre eles, pois os que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro da venda e o colocavam aos pés dos apóstolos, que o distribuíam segundo a necessidade de cada um” (Atos 4:32,34-35 NVI).

Ao lermos este relato, usualmente pensamos no quão distante estamos de compartilharmos aquilo que é nosso com o próximo, com o nosso irmão. É um sentimento pelo qual até ansiamos, mas de que logo esquecemos quando pensamos nos próximos boletos que teremos que pagar.

Ao lermos esta passagem, costumamos refletir sobre o dinheiro, mas eu gostaria de abordar aqui um elemento valioso que costumamos não associar a esse contexto. Este elemento não só parece estar em escassez nos últimos tempos, como também não somos capazes de comprar com nosso dinheiro: o tempo.

Quando converso com amigos e familiares, sempre surgem ideias de coisas que gostaríamos de fazer, mas que não fazemos porque “nos falta tempo”. Certa vez, refletindo sobre isso, escrevi que o tempo é algo muito democrático: seja um índio no meio da floresta, seja um paulistano preso no engarrafamento na volta do trabalho, o dia de todos tem as mesmas 24 horas. Como gastamos esse tempo é, de certa forma, uma escolha e um reflexo do ambiente no qual vivemos.

Não pense que o objetivo deste texto é criticar um ou outro estilo de vida. O ponto aqui é que, em meio aos estudos, ao trabalho e às responsabilidades com as quais nos comprometemos, até mesmo na igreja local, deixamos de lado ou negligenciamos não apenas momentos de oração e de leitura da palavra de Deus, mas também de caminhada com nossos irmãos.

Muitas vezes, em meio às nossas atividades – boa parte delas voltadas a este mundo -, não temos tempo sequer para tomar um café com aquele irmão com quem servimos há anos em nossa igreja local para compartilharmos anseios e caminharmos juntos.

Não temos tempo para procurar aquela pessoa que há tempos não tem frequentado os cultos. Não temos tempo para ouvir as necessidades daqueles que estão ao nosso redor ou para visitar alguém que está no hospital. Pior: até mesmo inconscientemente, temos a tendência de terceirizarmos isso para o pastor, quando na realidade esse também é nosso papel.

Pare para refletir: como igreja (corpo de Cristo), você tem sido parte de uma só mente e um só coração? Você tem dado importância às demais parte deste corpo? Quando estiver com lutas em sua caminhada, há alguém de sua igreja local com quem você possa contar? Você tem sido alguém com quem alguém de sua igreja local pode caminhar?

Creio que um dos sinais de uma igreja viva é uma igreja que caminha junto. Uma igreja viva se preocupa verdadeiramente com os irmãos e não só almeja o crescimento espiritual de seus pares, como também está disposta a fortalecê-los na caminhada quando os passos estiverem fracos. Uma igreja viva é uma igreja que está unida, como um só corpo, e que não se limita às paredes do templo durante os cultos de domingo. Uma igreja viva vai além, muito além.

Que o Senhor, com sua imensa graça, nos aperfeiçoe continuamente.

  • Renan Vinícius, 23 anos. É paulista de certidão e goiano de coração. É membro da Igreja Presbiteriana de Higienópolis, em São Paulo. Escreve em seu blog pessoal, Assim eu sou. Escreve em seu blog pessoal, Assim eu sou.

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