Por Renan Vinícius

Qual é o motivo que te faz acordar cedo todos os dias? O que te motiva a encarar horas no trânsito ou dividir um vagão de trem com uma multidão todas as manhãs e ao fim de um longo expediente numa rotina cansativa? Muito provavelmente, você faz isso por uma simples necessidade: (sobre)viver.

No livro de Eclesiastes, o rei Salomão diz que “só mesmo um louco chegaria ao ponto de cruzar os braços e passar fome até morrer” (Ecleasiastes 4:6 NTLH). Sua observação é pertinente: se você não trabalhar e não tiver alguém que o sustente, certamente passará por momentos difíceis nesta vida. No entanto, muitas vezes as coisas passam do limite e vivemos para ter – e não ser. Desejamos o carro do ano, o celular de última geração, o Instagram repleto de fotos invejáveis (mostrando os pés em frente ao mar em plena tarde de segunda-feira), entre outras coisas.

Para isso, nos sacrificamos, trabalhamos mais – mesmo que isso signifique deixar a família e os amigos de lado. Muitas vezes essas ações são justificadas com boas intenções, como “quero proporcionar mais conforto para minha família”. No entanto, quando conseguimos o que tanto queríamos, não nos contentamos: queremos ainda mais, correndo o risco de entrarmos num ciclo vicioso. Nesse sentido, Salomão nos adverte que “é melhor ter pouco numa das mãos, com paz de espírito, do que estar sempre com as duas mãos cheias de trabalho, tentando pegar o vento” (Ecleasiastes 4:6 NTLH).

Não há nada de errado em viajar ou trabalhar para comprar algo que você tanto deseja – como disse Benjamin Franklin, “o trabalho dignifica o homem”. Estaria mentindo ao negar que a sensação de comprar algum objeto desejado ou ter algum sonho realizado é gratificante, mas na insaciável vontade de crescermos e termos mais, cometemos erros. Muitas vezes buscamos a derrota do outro e nos esquecemos do que é verdadeiramente importante: vivermos uma vida que testemunhe o evangelho de Cristo.

Você já parou para pensar o que tem sido o centro de sua vida, de suas ações? Lembre-se sempre do que o nosso Senhor Jesus Cristo disse durante o Sermão da Montanha: “Por isso eu digo a vocês: não se preocupem com a comida e com a bebida que precisam para viver nem com a roupa que precisam para se vestir. Afinal, será que a vida não é mais importante do que a comida? E será que o corpo não é mais importante do que as roupas?” (Mateus 6:25 NTLH).

“E por que vocês se preocupam com roupas? Vejam como crescem as flores do campo: elas não trabalham, nem fazem roupas para si mesmas. Mas eu afirmo a vocês que nem mesmo Salomão, sendo tão rico, usava roupas tão bonitas como essas flores. É Deus quem veste a erva do campo, que hoje dá flor e amanhã desaparece, queimada no forno. Então é claro que ele vestirá também vocês, que têm uma fé tão pequena! Portanto, não fiquem preocupados, perguntando: ‘Onde é que vamos arranjar comida?’ ou ‘Onde é que vamos arranjar bebida?’ ou ‘Onde é que vamos arranjar roupas?’ Pois os pagãos é que estão sempre procurando essas coisas. O Pai de vocês, que está no céu, sabe que vocês precisam de tudo isso” (Mateus 6:28-32 NTLH).

Em nossa mania de autossuficiência, fazemos inúmeros planos, criamos inúmeros projetos e vivemos unicamente em busca de realizá-los. Infelizmente, na maior parte das vezes sequer pensamos se esses planos são os que Deus tem planejado para nossas vidas – e ficamos profundamente aborrecidos quando não conseguimos realizá-los. Devemos pedir ao Senhor que cumpra a vontade dele em nossas vidas, e que nos ensine a aceitá-la.

Precisamos deixar nosso ego de lado, nos entregar cada vez mais a Ele, confiar em seu poder e substituir os pensamentos de ansiedade por momentos de intimidade com o Pai. “Portanto, ponham em primeiro lugar na sua vida o Reino de Deus e aquilo que Deus quer, e ele lhes dará todas essas coisas. Por isso, não fiquem preocupados com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã trará as suas próprias preocupações. Para cada dia bastam as suas próprias dificuldades” (Mateus 6:33-34 NTLH).

  • Renan Vinícius tem 23 anos, é paulista de certidão e goiano de coração. Faz mestrado em computação, onde investiga a utilização de recursos computacionais no processo de reabilitação motora. É membro da Igreja Presbiteriana de Higienópolis, em São Paulo. Escreve em seu blog pessoal, Assim eu sou.

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *