Por Joyce Hencklein

Uma das maiores certezas que temos na vida é de que em algum momento passaremos por situações difíceis, de preocupações e sofrimentos. Esse período conturbado é chamado por nós cristãos de “vale” e/ou “deserto”. Vale porque é um lugar localizado em travessia em meio a montanhas, é estreito e pode se tornar sombrio principalmente à noite. E deserto nos remete a um lugar com falta de recursos, um ambiente de vulnerabilidade e que por vezes associamos à solidão.

É assim que nos sentimos quando passamos por momentos de tribulação, como pessoas sozinhas em lugares sombrios e sem recursos que possamos usar para seguir adiante. Mas a Bíblia nos revela algumas realidades sobre o vale e o deserto, assim podemos aprender que não vamos morrer no meio do caminho.

A primeira certeza que podemos ter é que Deus está presente no vale. Como assim? Bem, a presença de Deus no vale é real e está escrita no Salmo 23:4. “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum porque tu estás comigo, a tua vara e o teu cajado me consolam“. Esse salmo foi escrito por Davi, que diz que mesmo se estivesse em um vale, Deus com certeza estaria com ele. Davi nos mostra um Deus presente, companheiro e consolador, que anda ao nosso lado. É válido ressaltar que Deus não anda o vale por nós e sim conosco, ou seja, devemos caminhar, não parar, não retroceder, pois Deus nos dará animo e consolo.

A segunda certeza sobre vales e desertos é a provisão de Deus. Essa verdade é narrada na história de Hagar e Ismael, em Gênesis 21:8-21. Bom, Hagar é uma egípcia que teve um filho com Abraão a pedido de Sara, que até então era estéril. Ismael não era o filho que Deus tinha prometido a Abraão, mas nasceu e cresceu. Depois de um tempo, Sara engravidou e teve Isaque (o filho da promessa), e disse para Abraão mandar Hagar e Ismael embora.

Foi difícil para Abraão, mas Deus permitiu que isso acontecesse. E é aí que mãe e filho vão para o deserto, a água acaba e a mão vê o filho ao longe prestes a morrer, sem nenhuma esperança. Mas Deus age. “Deus porém ouviu a voz do menino; e o anjo de Deus chamou do céu Hagar e lhe disse: Que tens Hagar? Não temas, porque Deus ouviu a voz do menino daí onde está. Ergue-te levanta o rapaz, segura-o pela mão, porque eu o farei dele um grande povo. Abrindo-lhe Deus os olhos, viu ela um poço de água e indo a ele, encheu de água o odre e deu de beber ao rapaz” (Gn 21:17-19.)

A provisão de Deus fez com que Hagar visse o invisível. Ele abriu os olhos dela para que visse o poço, e assim beberam a água. Deus providenciou tudo, cuidou daquela família, teve misericórdia e ouviu Ismael. Dessa mesma forma podemos crer que Deus nos ouve e nos responde quando Ele quer e da maneira que quer. Mas podemos ficar tranquilos, afinal a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável e Ele não faria nada diferente disso a nenhum de seus filhos.

A terceira certeza que podemos ter sobre vales e desertos é que nesses períodos somos tentados a pecar, duvidando de Deus e de seu amor por nós. Isso faz com que queiramos resolver tudo do nosso jeito. No entanto, a Bíblia nos dá como exemplo uma pessoa que esteve no deserto e foi tentado, mas não pecou. O exemplo é de Jesus, e a história está escrita em Mateus 4:1-11. Podemos nos espelhar nesse modelo de vida para nos mantermos firmes em Deus.

A tentação de Jesus, narrada por Mateus, nos mostra Jesus enfrentando o deserto por 40 dias jejuando. Com certeza Ele estava com fome, com calor e cansado, mas Deus o levou até ali. Em meio à sua vulnerabilidade, Satanás aparece cheio de propostas e argumentações, todas respondidas por Cristo. No verso 3, o tentador fala para Jesus que se Ele era mesmo o filho de Deus, que transformasse as pedras em pães. É claro que Jesus é o filho de Deus e poderia transformar as pedras em pães, mas Ele respondeu: “Não só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus” (v.4).

Jesus ficou firme em sua postura, mostrando que estava na dependência total de Deus. A grande realidade é que em momentos difíceis somos pegos de surpresa por propostas e ideias que nos afastam de Deus. Entretanto, o que devemos fazer é buscar na palavra de Deus a resposta, que é suficiente para nos dar paz e esperança.

Na sequência, o inimigo propõe que Jesus se jogasse de um lugar bem alto, usando como argumento a própria palavra de Deus, demonstrando ser um conhecedor das escrituras sagradas. Mas Jesus respondeu: “Não tentarás o Senhor teu Deus” (v.7). Satanás persistiu dizendo que daria tudo a Cristo se Ele se prostrasse e o adorasse. Uma proposta tola, que óbvio foi rebatida por Jesus “Ao Senhor teu Deus adorará e só a Ele darás culto” (v.10).

Em momentos de tribulação devemos olhar para Cristo, esperar em Deus e buscar conhecimento de Sua palavra, porque em nosso estado de sensibilidade nos tornamos presas fáceis para o inimigo, que tenta nos confundir e plantar em nós ideias equivocadas. Portanto, quando estivermos andando em meio a vales e desertos devemos estar firmes, porque a batalha estará ganha, uma vez que Cristo já venceu por nós.

Diante dessas três certezas podemos de fato crer que não somos esquecidos, Deus não se atrasa e sabe de todas as coisas, por isso aguardemos Nele. Que Deus nos abençoe!

  • Joyce Hencklein, 23 anos. É formada em Gestão Empresarial, faz parte da Igreja Presbiteriana de Leme (SP), e é amante da leitura e escrita.

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