Caminhando
O tempo! Senhor cruel, devastador, incontrolável, tão rápido. Muitos, por terem esse olhar, não desfrutam das oportunidades. Por vezes, segundos são capazes de nos presentear com experiências que se eternizarão em nossa memória.
Peço um tempo curto, não quero gastar seu precioso tempo, para um breve relato de encontros com amigos queridos.
Visitas breves, tempo de abraços afetuosos, momentos significativos ao redor da mesa, compartilhar sorrisos, momentos de celebração, nascimento e crianças.
Crianças são livres, sinceras. Na verdade podem até te estranhar em um primeiro momento, mas ao se quebrar esse curto espaço entre o mundo adulto e o universo dos primeiros passos, das primeiras palavras, do comer sozinho ou quase isso, dos brinquedos espalhados, mergulhamos e nadamos nesse oceano de descobertas e nos reconectamos com o melhor do nosso eu.
Nos libertamos de nossas próprias prisões, damos um tempo, como dizem, e nos deixamos levar pelas mãos ainda tão pequenas que nos conduzem pelo caminho de outrora, embalados por antigas cantigas e pelas doces lembranças que o tempo levou.
Me vi criança, dancei, joguei, corri e como me diverti. Sorriso largo, coração e alma leves.
Caminhando e desfrutando da companhia de meu pequeno amigo James, pude ressignificar o meu próprio caminhar, ajustei minhas próprias impressões, percebi que aquela criança não foi esquecida, quem sabe adormecida, mas que boa notícia: continua viva e pulsando aqui dentro.
O tempo, como dizem, voa, tem asas cada vez maiores. Sim, ele mostra que os anos não voltam mais, que a luta por vezes é injusta, porém ele jamais será capaz de apagar cada breve momento vivido com intensidade e inteireza de coração.
A alegria, o amor, a amizade, a criança eternizada sempre terão espaço na jornada daqueles que olham com esperança para o caminho que continuará a ser construído a cada novo amanhecer.
- Jeverton “Magrão” Ledo é missionário e trabalha com juventude. Ele e a esposa estão na Bélgica, onde vão morar por um tempo.