Stace foi um garoto pobre da periferia de Sidney, capital da Austrália. Filho de pai alcoólatra, não teve muita opção na vida a não ser ingressar nas forças armadas e lutar na linha de frente da Primeira Grande Guerra. Sobrevivente, voltou para sua terra natal e mergulhou no alcoolismo, herdando os vícios do pai. Um dia ouviu que um grande pregador, daqueles que enchiam estádios, iria a Sidney e resolveu comparecer. A mensagem do dia foi “Ecos da Eternidade”, baseada em Isaías 57.15.

Stace não só entregou sua vida a Jesus, como resolveu fazer algo para que todos um dia tivessem a mesma experiência redentora que ele tivera. Mas fazer o quê se ele era um homem pouco letrado, desempregado e sem notáveis talentos?

Caminhando de volta para casa, a palavra “Eternidade” não lhe saía da mente. Lembrava constantemente da mensagem do pregador que dizia: “Eternidade, Eternidade, quisera eu gritar pelas ruas de Sidney ‘você irá encontrar com ela, onde irá passar a Eternidade?”, foi quando encontrou um pedaço de giz de gesso perdido na calçada e o recolheu. No mesmo instante, Stace teve uma ideia: Escrever a palavra “Eternidade” por todos os lugares de Sidney.

Ao despertar pela manhã, trabalhadores saiam de suas casas e se deparavam com a palavra “Eternidade” escrita a giz nas calçadas, postes, paredes de fábricas e construções. Todos se perguntavam quem era o autor desses escritos, mas imagino que muitas outras perguntas, muito mais importantes, passavam pela mente desses apressados e curiosos moradores. Mesmo sendo perseguido pela polícia local por escrever em lugares públicos sem permissão, Stace passou o resto de sua vida rescrevendo “Eternidade” pelas ruas de Sidney diariamente. Ele encontrou com a Eternidade aos 82 anos e ficou conhecido por toda Sidney como o “Sr. Eternidade”.

No ano 2000, o comitê organizador das comemorações alusivas a passagem do Milênio, assim como dos XXVII Jogos Olímpicos, resolveu fazer um tributo ao Sr. Eternidade e adotar a palavra como símbolo da cidade. “Eternity” foi escrito no show de fogos de Sidney durante os dois eventos e transmitido mundialmente.

Arthur Stace, jamais imaginaria que um dia, seu simples gesto, usando apenas o que tinha em mãos (um pedaço de giz), pudesse ressoar por todo o mundo. Imagine quantas pessoas foram “iluminadas” a partir do poder dessa palavra? Isso, só a Eternidade dirá.

• Ana Cláudia Luz, 37 anos, é missionária, jornalista e documentarista.