re·fe·rên·ci·a
Por Gabriel Antunes Ferreira
Do Latim referentia; trazer ou levar de novo; remeter.
Do que sou referência? De tudo aquilo que sou, serei referência. Serei referência de filho, quando pessoas vierem visitar minha mãe. Ao colocar os pés para fora da minha casa, poderão dizer: “Que filho sem educação aquele!” Ou me associarão a um bom filho e, quando chegarem em suas casas, chamarão a atenção dos seus: “O filho de fulana, não é igual você…”
Se for pai, aluno, professor, jogador de futebol, caberá uma avaliação: “que tipo eu sou?”.
I Jo 1:6 diz: “Se dissermos que estamos em comunhão com ele e andamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade”.
Quando afirmo ser homem de fé (grande ou grão de mostarda), quando me defino como um cristão, quando já fui um cristão (e agora sou “descolado”), torno-me passível de ser referência ao outro. Podemos ser o tipo de cristão que ninguém realmente deve ser ou ser referência de alguém que seja realmente cristão e traga Cristo aos outros. Se não praticamos a verdade, se buscamos nos parecer com qualquer um que não seja Cristo, que Cristo traga luz e mostre em nós o que é não ser um cristão.
Não importa se somos Judas ou João, Deus nos usará.
I Jo 2:5 diz: “Mas o que guarda a sua palavra, nesse, verdadeiramente, o amor de Deus está realizado”.
Bastasse dizer “amém”, bastasse dizer “que lindo”, bastasse compartilhar para sermos cristãos e estaríamos à luz do Senhor. Contudo, Deus pode ser fácil de agradar, mas muito difícil de satisfazer. Não seremos salvos pelo bem que fazemos ou por quanto somos uma “boa referência” de cristão, mas pela nossa capacidade de aceitar o amor do Pai. E é quando Deus nos anuncia que devemos lutar pela perfeição, que temos que verdadeiramente aceitar a condição de seguidor, que luta, se arrepende e, principalmente, não mancha a imagem de Jesus.
Quando o amor de Deus não se realiza em nós, temos a mesma utilidade que as conchas do mar vermelho têm para se fazer um delicioso manjar turco.
I Jo 2:17 diz: “Ora, o mundo passa com a sua concupiscência; mas o que faz a vontade de Deus permanece eternamente”.
Que tipo de cristão estou me formando? Quando olho para mim, e vejo a minha incapacidade de ao menos trazer à memória do outro que Cristo está vivo, é que percebo que sou uma ótima referência de como um cristão não deve ser. Não basta ser litúrgico, ser um bom filho, um bom empregado. Não basta duas ou três virtudes. Como disse, Deus não se satisfará com um miserável que acredita ser bom e caminha ora com Ele, ora sozinho. Ele se alegrará com um miserável que se assume assim e clama por misericórdia, que persegue a Cristo, que se arrepende dia após dia e que ama o seu irmão. Porque o amor de Deus cobre uma multidão de pecados, nos concede a vida eterna e nos obriga a ser diferentes.
Que a cada amanhecer o amor de Deus repouse sobre nós, a luz de Cristo não permita que andemos na mentira e o Espirito Santo nos lembre que Cristão que não ama o outro é concha do mar vermelho.
- Gabriel Antunes Ferreira tem 28 anos e é dentista em Montes Claros (MG). É editor da página De Cristo em Diante no Facebook.
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