“Tenho medo, sou homossexual”
Esta foto, como milhares de outras, está percorrendo as redes sociais e gerando sentimentos diversos no coração dos espectadores. A lágrima de uma criança pode dizer muita coisa. Imersas num mundo de muita informação, excessos de confusão, dinâmicas agitadas, rotinas aceleradas, nossas crianças se perdem muitas vezes sem referências, sem maturidade emocional, e sem um refúgio, um lugar de segurança.
Essa lágrima já tem nome, essa não é de pirraça, de uma paixão infantil, de um coração partido. Essa lágrima não é de saudades de casa, não é por ter ido mal na escola, essa lágrima não é de fome. Se uma criança sofre por uma condição sobre si, que ela não tem controle, penso que muito mais pode haver por trás dessa singela lágrima e feição de tristeza.
Lares disfuncionais, mãe autoritárias, pais passivos, pais ausentes, falta de um amor paternal, a falta de uma referência materna, violências domésticas, traumas, abusos visuais, abusos verbais, bullying’s, abusos sexuais, mentiras, extremos, prisões. Tudo isso e muito mais pode estar escondido nessa lágrima, que silenciosamente escorre pelo rosto, rosto juvenil, pela lisa, lágrima que arranha e expressa um grito de socorro, que na maioria das vezes nunca chega a ser ouvido.
A legenda que segue a foto diz: “Eu sou homossexual e estou com medo sobre o que será do meu futuro e de que as pessoas não vão gostar de mim”. Na tentativa de consolá-lo, eu o abraçaria. Tentaria dizer a ele algo que trouxesse esperança ao seu coração. Contudo tudo seria de certa forma em vão. Sejamos sinceros! O que esse garoto pode esperar da sociedade? O que o mundo tem para oferecer? Ele, desde tão pequeno, já está em busca do essencial, mas assim como nós, no mundo, nunca o encontrará.
Heterossexuais, homoafetivos, transexuais, travestis, mães, pais, profissionais, mendigos, viciados, seja que rótulo ou que título você já ganhou na sociedade. Todos nós estamos em busca de algo maior. Todos sabem que transcendem essa pele em que se habita. Todos lutam contra os temores, o vazio, as ansiedades dessa vida passageira.
A mensagem que precisamos ouvir, que eu tentaria dizer ao menino, é uma mensagem de amor. Mas me entenda, não estou me referindo a esse amor barato vendido em toda esquina. Não falo desse amor irresponsável e permissivo que mais mata do que cura. Não falo de um amor humano e vazio, emoções passageiras, um falso senso de bondade. Não se iluda com esses.
Acredito na fonte de todo amor. Num amor sacrificial, num amor completo, num amor redentor.
Fomos criados em amor, com a liberdade de sermos quem somos, e diante o desejo de ser como Deus, nos afastamos de Deus. Pecamos, ferimos a santidade do Ser Perfeito e Santo. Daquele que habita no alto.
Sofremos, fomos como homens, como raça, condenados. “Não há um bom se quer”. Aquele que soprou o fôlego da vida cessou de soprar. O galho que frutificava foi cortado da árvore e sabíamos e sabemos que o fim do galho é a sequidão, é a morte e lenha que queima ao fogo.
A esperança para nós, para nosso vazio, o essencial, o alívio, o caminho, a vida, o amor se personifica em Jesus. O próprio Deus tanto amou que se fez homem e sofreu, morreu e ressuscitou. Havia um preço a ser pago. A justiça precisava ser feita e foi. Jesus, o Cristo pagou o preço por nós, com sua vida e seu sangue. A morte foi vencida e encontramos o amor. Hoje Nele, em Cristo, há uma esperança de vida.
O garoto da foto, eu e você, jamais encontraremos o sentido pra vida, a verdadeira vida, a possibilidade de viver eternamente sem choro e nem dor, em outro caminho, em outro local.
Realmente, a sociedade será dura com você. Será dura com o triste garoto da foto. Somente em Cristo há esperança de vida. Ele, Jesus, é o Caminho, a Verdade e a Vida, e quem vai a Ele, de maneira alguma ele lança fora. Porque os que são Dele ouvem sua voz e o seguem. E Ele então troca os fardos, traz alívio e nos convida à vida eterna.
- Jônatan Ribeiro, 25 anos, membro da Terceira Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte (MG). Atua com evangelismo em zonas de prostituição de travestis em BH. Este texto foi publicado originalmente no blog do autor.
Eduardo Ribeiro Mundim
Sim, a sociedade será dura para ele, ao menos no Brasil. Afinal, se depender de muitos políticos e evangélicos ele jamais poderia adotar uma criança, viver uma relação estável com garantias legais de herança / pensão, servir nas forças armadas, ser eleito pela sua igreja (caso se convertesse) como presbítero ou diácono, ser missionário / evangelista / pastor.
Sim, Jesus não nos coloca fardos pesados, mas não necessariamente remove todos os nossos – não era este o “espinho da carne” do apóstolo Paulo?
Guillermo La Banca
Como nao amar e ao amar eles, sofrer por eles e com eles, Deus abençoe seu ministério de pacificar o interior e o exterior do ser humano. Desde Chile.
Leonardo Santos
Muito bom o texto escrito por Jônatan e, em especial, seu desejo de apaziguar os ânimos neste momento em que a sociedade parece querer institucionalizar uma guerra sem sentido entre a chamada “comunidade gay” e os “evangélicos”. Qualquer tentativa de nos livrarmos desse embuste e proclamar a paz e o amor é bem vinda. No entanto, percebo na habilidade de escrita do autor do texto uma tentativa de fugir da explanação de sua opinião formal sobre a questão da homossexualidade e sua relação com a religião, no caso, o cristianismo em si. Não que a devesse explaná-la, mas, seria interessante ao menos abordar essa discussão, como sugere-se no título do texto. Não acho interessante sermos enviesados diretamente por aquilo que a mídia publica, afinal uma foto de uma criança chorando traz uma carga emotiva muito forte, que destitui a força de qualquer discurso da razão de forma imediata.