Ult_jovem_13_03_15_cooperadoresUma tendência que observamos nos relatórios e giros missionários é a ênfase aos pontos negativos de determina área ou país que o missionário está atuando. Não raras vezes, vemos nas igrejas, redes sociais e blogs, fotos de crianças negras passando fome, casebres lotados de gente, pessoas doentes, cidades destruídas, calamidades naturais, etc. É como se a miséria validasse o trabalho missionário, nos transmitindo uma visão pessimista do mundo, e os missionários têm a solução para todos os problemas. Porém, algo está errado nessa tendência!

Eu gosto de ter uma visão positiva – a do copo meio cheio e não vazio – buscando sempre animar, e não colocando culpa e medo. O meu positivismo (não teológico!), não tem a ver com acreditar que o homem é bom em si mesmo (somos todos pecadores), mas, sim, no Deus imutável e poderoso. Quando prego sobre missões, não enfatizo a pobreza na África, tampouco o terrorismo do Islã, muito menos o narcotráfico latino-americano ou ainda a vida primitiva dos índios Papua. Então qual deveria ser a nossa ênfase? Que mensagem deve ser transmitida?

Eu corro junto com Patrick Johnstone, um missiólogo e pesquisador britânico, ao dizer que Deus esta fazendo a sua obra no mundo e Ele nos convida a participar dela. Há muito que regozijar-se. Tantos avivamentos e milagres de Deus ocorrendo nesse exato momento! Por que não falarmos dos mais de 15 mil missionários sul-coreanos no mundo? Por que não anunciarmos o avivamento chinês com crescimento acima de 7.400% (de 1 milhão para 75 milhões) evangélicos em apenas 50 anos? Porque não afirmamos que os maiores plantadores de igrejas na Europa são nigerianos? Ou ainda a perseverança e crescimento dos cristãos iranianos (em 1979 havia aproximadamente 500 cristãos, já em 2008 foi registrado mais de 1 milhão de servos de Cristo)?

Parece-me que a estratégia para levantar novos missionários é baseada na culpa – “estão morrendo sem Jesus porque você não prega” – ou no medo – “se você não pregar, Deus vai te cobrar essas vidas”. Algumas vozes podem me contrapor, dizendo: “mas se nós enfatizarmos somente as coisas boas, as pessoas não vão querer ser missionárias, porque pensarão que Deus não precisa delas”. Exatamente! Deus não precisa de nós e nunca precisará. Nós é que necessitamos dele. Se realmente acreditamos na “Missio Dei” e que Deus é o dono da História e da Igreja, devemos confiar que, ao enfatizar a obra que é dele, e não a nossa, o Senhor irá tocar nos corações que estão desejosos a participar da obra que Deus já esta fazendo nas nações, e não aqueles que querem ser o protagonista da missão.

Por isso, fiquei muito feliz ao ver no ano passado no 7° CBM (Congresso Brasileiro de Missões) o lançamento do DVD “Envolva-se”, coordenado pela missionária Mila, com apoio da AMTB e Martureo. Nesse material desenvolvido pela “Create International” (Austrália) fica clara a obra que Deus está fazendo em todas as etnias. É esta visão positiva que estamos precisando no Brasil. Olhar para as nações com uma visão de amor e de cooperadores, e não de pena e solucionadores dos problemas. Os europeus e americanos não são maiores que os latinos, e nós não somos melhores que os africanos. Somos um corpo, e cada um tem sua parte e contribuição dentro dele. Paulo já dizia isso:

“… de modo que nem o que planta nem o que rega são alguma coisa, mas unicamente Deus, que efetua o crescimento. O que planta e o que rega têm um só propósito, e cada um será recompensado de acordo com o seu próprio trabalho. Pois nós somos cooperadores de Deus; vocês são lavoura de Deus e edifício de Deus”. (1 Coríntios 3.7-9).

 

Felipe Fulanetto tem 23 anos, nascido em Campinas (SP), torcedor do Palmeiras, ama filmes, livros e viajar. Formado em técnico de Web Design, bacharel em Teologia pela UNICESUMAR, mestrando em Missiologia no CEM e especializando em Etnomusicologia pela “Summer Institute Linguistic” (SIL). Foi missionário no Peru e Paraguai e hoje é pastor pela Igreja do Nazareno, coordenador de pesquisas missionárias institucional da AMTB, pertence à equipe do projeto Vocacionados (vocacionados.org.br) e da organização do Congresso VOCARE.

  1. Josué de Oliveira Carvalho

    Muitas vezes cometemos o erro de nos sentir impulsionados a evangelizar àqueles que, aos nossos olhos, são os mais miseráveis. Talvez por isso (sem nenhum julgamento daquele que o faz!) tantos se disponham a ir aos presídios, abrigos, asilos e hospitais. Mas temos que entender que não há maior miséria que um coração longe de Cristo! E é isto que deve nos impulsionar a pregar o evangelho. Muito bom artigo! Abraços, Pr Felipe.

  2. Excelente colocação, cara. Creio, assim como já conversamos, que se encararmos a Missio Dei como coparticipadores da ação divina, e não como quem faz a obra, sem termos a preocupação de solucionar todos os problemas, agindo como canais do amor de Deus para com os perdidos.

  3. Para nós cristãos é um privilégio sermos cooperadores de Deus e a recompensa é a presença do Senhor nos corações daqueles que dão ouvidos às boas novas do Evangelho de Cristo. Parabéns pelo artigo. Abraços.

  4. A visão que o missionário foi chamado para sofrer, é uma visão míope que precisa de óculos espirituais. O Senhor da seara chama, capacita e envia para onde Ele já está trabalhando. O lugar certo para o missionário certo. Deus tá no controle. Parabéns Felipe pela visão acurada da obra Dele. Jesus o abençoe.

  5. Miquéias Tinoco dos Santos

    Tirando o fato e ser palmeirense, kkkkkk, brincadeira a parte o texto sintetiza uma a Obra e O Chamado que o próprio DEUS nos FAZ… Parabéns e que DEUS lhe abençoe sempre….

  6. Tania Mara Valiente Silva

    Em tanto tempo de evangelho me alegro de ver como Deus é um Deus de novidade,parabéns Pr. Felipe pela excelente matéria que faz-nos ter o desejo de continuar neste caminho cumprindo o “IDE”.

  7. Cristiano Cacheiro Mahia

    Muito oportuno o artigo, mesmo porque estamos acostumados a pregar o evangelho baseado na miséria, mas não podemos esquecer que existem países secularizados, que mesmo aparentando não ter nada em falta, lembramos do que Jesus disse ao jovem rico,”falta te uma coisa”, esta coisa se resume em CONHECER O SENHOR DA VIDA, E ENTREGAR SE A ELE.
    mensagem que todos, rico e pobres, de todos os continentes precisam ouvir.

  8. Querido Pastor, sua palavra muito me anima. Em nosso íntimo, infelizmente, há sempre a tentação de querermos sim resolver os problemas das pessoas, quando evangelizamos, e é preciso coragem para reconhecermos e confessarmos esse pecado sorrateiro. Obrigada, pelo alerta. Que Deus nos ajude a consentir em apenas sermos servos inúteis cooperando com a Sua Missão.

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