Sessão de Terapia
Por Jeverton “Magrão” Ledo
Hoje foi mais uma daquelas madrugadas onde me vi perdendo o sono e não conseguindo controlar o desejo de me levantar, sentar em frente ao computador para escrever algumas poucas linhas.
Além de ser um apaixonado pela vida, carrego comigo algumas outras paixões. As séries de TV sempre fizeram parte de meu universo. Me vejo como um cara eclético na melhor definição da palavra, mais sou exigente e crítico. Dramas, conflitos pessoais e tudo mais que envolve os dilemas da vida humana me interessam e me fascinam.
Há poucos dias começou a terceira temporada de uma série brasileira em canal fechado cujo título é “Sessão de Terapia”. Ela é baseada diretamente na serie israelita “BeTipul”, criada pelo psicanalista israelita Hagai Levi e também na versão americana intitulada “In Treatment”. O pano de fundo de “Sessão de Terapia” é um psicanalista divorciado, pai de dois filhos, vivendo seus próprios conflitos e dramas internos, inclusive familiares, atendendo e acompanhando as mais diversas histórias de vida de pacientes múltiplos.
Todo desenrolar acontece num único ambiente: o apartamento/consultório do psicanalista. A fotografia e a trilha sonora são impecáveis. Você aí deve se perguntar: “onde você quer chegar com tudo isso?”
Quero refletir e compartilhar alguns dos meus próprios questionamentos em relação a perguntas que me inquietam.
– Até quando vamos viver sem perceber quantas pessoas machucadas, mergulhadas em constante conflito, sujeitas a situações que as impede de se imaginarem vivendo uma outra história ou até mesmo sonhar?
– A vida para muitos se tornou desinteressante e até mesmo monótona. Onde foi que tudo se perdeu?
– Cruzamos com as pessoas o tempo todo, e, na maioria das vezes, as ignoramos. Será o medo de nos vermos como em um espelho?
A personagem do psiquiatra, seu universo, intervenções e tudo mais que o cerca me levam ao confronto pessoal. Não seria eu mais um desses tantos Felipes, Diegos, Biancas que precisam de um novo encontro com o eu interior?
Não somos nós também por vezes esse que dará ouvidos e emprestará seu próprio espaço para que os gritos que ecoam como pedidos de socorro encontrem refúgio?
Refúgio encorajador, inspirador e que conduz à reflexão sincera, a quebra de paradigmas, conceitos e pré-conceitos.
Acompanho jovens em agenda pessoal e percebo seus dilemas e conflitos vividos diariamente. Meninos e meninas com talentos diversos, irreverentes, cheios de energia, carentes e frágeis bem assim como todos nós somos. Interessante que, como uma moeda, esses jovens tem do outro lado um profundo desejo de entenderem-se e entender todo esse contexto complexo da vida.
Tenho que confessar que essa troca, essa via de mão dupla que acontece quando mesmo em meio aos meus próprios fantasmas me permito o encontro com o outro, tem me ensinado, me renovado e brotado em mim flores que renovam e trazem um novo frescor ao meu próprio jardim que por vezes se encontra seco. Não importa nesse momento qual seja sua posição: “paciente” ou “terapeuta”. Não se esconda, viva, deixe viver e frequente todos os dias o divã terapêutico do Bom Pastor.
• Jeverton “Magrão” Ledo é missionário e pastor de jovens.
Adriana Valgas
Concordo plenamente: ao assistir Sessão de Terapia nós transportamos ao imenso prazer de ser ouvido, ser cuidado, de nos descobrirmos. O Bom Pastor é aquele que está sempre pronto a nós ver sem máscaras.