Ilustração: Glair Arruda

Ilustração: Glair Arruda

Por Glair Arruda

A mãe da gente às vezes exagera! Pode ver: em tudo o que você faz, lá está ela por perto, o olharzinho atento para segurar o copo bem quando o suco vai entornar, para dar o resultado do 8 x 7 quando a tabuada falha, amarrar o cadarço da chuteira (com cinco nós para a gente não fazer gol com a chuteira em vez da bola). Lá está ela. Quer ajudar, quer proteger, cheia de amor e orgulho da gente. Até quando não está, ela está lá, funcionando como contadora de histórias e de matemáticas, arrumadora de bagunças, despertadora…

Um dia, minha mãe exagerou no despertador.

—    Amor — Lá vem ela me acordar, bem de pertinho, chacoalhando meu braço. Acontece que eu estava no meio de um sonho muito maluco, quando de repente ouvi a mãe-despertador, abri os olhos, vi a carona enorme grudada na minha cara — quase morri de susto!

—     Mãe, nunca mais faça isso! — eu gritei, o coração pulando na boca!

Porque mãe é assim, de tanto querer acertar, acaba errando.

Outro dia eu li uma história da Maria, a mãe de Jesus. Achei o máximo! Até ela foi uma mãe exagerada!

Foi assim: todo mundo estava numa boa festança de casamento. Na melhor parte da festa, a mãe de Jesus, como toda boa mãe, super ligada em tudo, prontinha para segurar copos que entornam e dar respostas de tabuadas, ouviu um dos garçons falando para o outro (claro que não está escrito exatamente assim na Bíblia, sou eu que estou inventando):

—    Ai, caramba, o vinho está acabando!

Muito apavorado, o outro deve ter respondido:

—    Ih, fizemos a conta errada — (a mãe deles devia ter saído bem na hora de fazer as continhas).

—    E agora? — o primeiro falou — vai pegar super mal para os noivos. Já pensou se os convidados forem todos embora no meio da festa?

—    Coitados… — a mãe de Jesus pensou e, como toda boa mãe exagerada, veio falar com o filhão querido.

—    Filhão, acabou o vinho.

Jesus, como todo bom filho, entendeu tudo. Entendeu que sua mãe sabia quem ele era: o Messias, o filho de Deus. Entendeu que ela sabia que uma festa de casamento era o momento perfeito para começar a espalhar o amor de Deus por aí. Entendeu que ela tinha muito amor no coração por ele, mas também pelos noivos, pelos empregados, pelos convidados, e por todas as outras pessoas que caminham sem esperança e sem Deus no mundo.

É, Jesus entendeu sua mãe. Muito gente, muito mãe. Que erra, de tanto querer acertar. Mas que acerta, até quando erra.

—    Calma aí, mãezoca. — ele disse — ainda não está na hora.

Então Maria preparou o caminho para o primeiro milagre de Jesus: avisou para os garçons fazerem tudo o que Jesus mandasse.  Jesus olhou ao redor, viu seis grandes potes de pedra e mandou:

—    Pessoal, encham esses potes com bastante água. E depois levem um pouco para o chefe da festa.

Quando o chefe provou a água, era o melhor vinho que ele já havia tomado em toda a sua vida!

Porque Jesus é assim. Conserta o que está errado, não deixa faltar festa, vinho nem alegria. E porque mãe é assim como Maria: acerta até quando erra, porque nunca é errado amar demais.

 

Glair Arruda é ilustradora de profissão e teóloga de formação. É autora do livro infanto-juvenil Teo e Teca: o bafo divino, e da coleção para o Ensino Religioso Crescer com Alegria e Fé.

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